Anna Clara Leroy, Giulia Simmons, Klaucius Ricardo, Maria Clara Vale, Mateus Teófilo*
 
Ao longo da história, a humanidade inventou diversas formas para expressar o amor. Pela natureza, pelas inúmeras divindades e pelos entes queridos. O mundo muda, as sociedades continuam em um eterno ciclo de transformação, mas o que se modifica nas relações amorosas não perde a originalidade.





Mesmo após vários anos, a essência de como o amor é demonstrado por pais, mães, amigos e casais não muda. Ao contrário: ela é ramificada em cinco galhos, que interagem mutuamente e são parte da personalidade de cada pessoa no mundo.

Proposta pelo autor norte americano Gary Chapman, em 1992, a teoria das “cinco linguagens do amor” revela que, em todas as relações de afeto, as formas de expressão do sentimento têm um padrão, adaptado segundo contexto.

Tal padrão é composto, conforme está no título da teoria, por cinco linguagens: palavras de afirmação, qualidade de tempo, troca de presentes, formas de servir e toque físico. Como cada pessoa tem sua própria linguagem, reconhecer contribui para novas possibilidades. 





Palavras de afirmação


Essa linguagem é apresentada por aquelas pessoas que gostam e se sentem valorizadas ao ouvir que são amadas. Elas prezam e sentem o amor de alguém quando verbalizam o afeto por outrem. Numa relação, é normal que expressem seus sentimentos, mas valorizam mais o gesto de se sentirem amadas e verdadeiramente consideradas, ao escutar as palavras específicas que desejam. 
 
 

A estudante Ana Maria Souza recebe amor por meio das palavras de afirmação, que conseguem alcançar os lugares mais fundos de seu coração. “Quando não há afirmação, não consigo visualizar o amor, nem sentir que é totalmente verdade o sentimento da pessoa. Preciso deste jeito simples”, conta. 

De outro modo, também para machucá-la, é a palavra que pode causar grandes estragos, no caso de afirmações ruins ou humilhantes. “Já fui muito machucada por pessoas, que me disseram como eu não era boa em algo, quando criticaram o que fiz, ou feriram meu caráter. Guardo as palavras, justamente, por me sentir amada assim. Então, é sempre muito difícil lidar com afirmações negativas", afirma. 





No entanto, existem formas particulares de falar com essas pessoas, por meio de elogios verbais, palavras amáveis ou de encorajamento. A autoestima e o amor próprio de tais indivíduos podem ser abalados diante de críticas ou termos maldosos. Ou seja: uma palavra é capaz, literalmente, de mudar tudo, ao enaltecer ou deprimir alguém. 
 
 

Expressões como um simples “te amo”, ou “você me faz feliz”, “amo estar contigo”, dentre outras, mexem com a pessoa de forma muito mais profunda. Tudo fica ainda melhor se a declaração incluir as razões por trás do amor: “te amo porque você tem um coração tão bonito e generoso!”. 
 
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Dessa forma, palavras podem ser muito mais preciosas do que imaginamos, pois mostram o amor entre as pessoas e fazem com que  elas se sintam, de fato, amadas. Portanto, não desperdice palavras, e não seja vazio com o que diz. Seja verdadeiro! Afinal, você nunca sabe se a pessoa à sua frente recebe amor pelas palavras!


Qualidade de tempo


O filme "À prova de fogo" conta a vida de Caleb, bombeiro que está passando por dificuldades no casamento, até que decide conversar com o pai, que o apresenta o desafio do amor: fazer pequenas ações durante 40 dias.





A proposta é realizar o básico para que qualquer pessoa se sinta acolhida e amada. Todos precisam, afinal, de alguém que te escute, seja grato por sua existência, mas que, principalmente, esteja ao seu lado, fazendo as coisas do fundo do coração, sem esperar nada em troca.

Algumas vezes, não entendemos o comportamento das pessoas de nosso convívio, pois não pensamos que sejam diferentes, e não entendemos que interagem e gostam de receber amor de formas distintas.

Se sua forma de amor for aproveitar o tempo com aqueles que ama, aqui vai a dica central: o tempo é o principal protagonista. Pode até parecer algo simples, mas podemos ver, atualmente, que se trata de algo escasso, e para poucos. Além disso, o “tempo de qualidade” não se resume a viver momentos ao lado do outro, mas, também, dar atenção e programar de fazer algo junto.

Sabe quando você passa horas ao lado de uma pessoa, jogando, conversando ou assistindo a um filme, e nem percebe quantos horas se passaram? Então, você preza pelo tempo de qualidade, aproveita a companhia do outro e valoriza muito tudo isso. A dedicação é um dos pontos fundamentais, pois, ao se dedicar ao outro, você faz com que a pessoa se sinta especial e muito amada.





A estudante e programadora, Lara Ayrolla adora passar um bom tempo com o pai. Além de gostar de compartilhar tais momentos, ela afirma que se sente bem por saber que ele fica muito feliz durante tais encontros. “Meu pai adora as conversas que temos. Como sou muito especial para ele, sinto que impactam suas emoções de forma positiva”, comenta.

Existem várias formas de ter um tempo de qualidade com aqueles que você ama. Faça um piquenique, veja uma série juntos, faça uma viagem, coma fora. Além, é claro, de ter e aproveitar momentos surpresa. Pode ter certeza de que, dessa forma, essas práticas se tornarão aprendizados diários. 

Troca de presentes

ato de presentear é uma das maneiras mais comuns de se expressar o amor por alguém, seja romântico, seja fraternal. A terceira linguagem do amor, “receber presentes”, continua viva nas diferentes culturas pelo mundo, e caracteriza as relações de diversas pessoas, nas mais variadas formas.





Dar presentes significa valorizar uma pessoa por meio de algum objeto ou gesto que personifique os sentimentos construídos ao longo do tempo. Presentes não precisam ser comprados. Podem ser feitos com diferentes itens, para tomar forma única, ao modo do que as  crianças fazem ao criar, na escola, presentes para o Dia das Mães.

As pessoas que se identificam com tal linguagem se sentem mais apreciadas quando seu amor é reconhecido por meio do ganho de presentes. Independentemente do preço ou do tamanho, elas entendem que, naquele ato ou objeto, está a resposta pelo amor oferecido.
Por vezes, a presença física de alguém importa bastante em um momento de felicidade ou tristeza. É o melhor presente para outras pessoas, por demonstrar que, em comparação com um item material abstrato, ele afeta a realidade.





Ter uma linguagem específica não impede alguém de ter outra, especialmente quando ela é bem valorizada. É o caso da estudante de marketing Jessica Dutra, que, apesar de se identificar com o tempo de qualidade, não abre mão de presentear as pessoas que ama. “Adoro comprar presentes. Até quando não posso, entrego ou dou alguma coisa, presenteando com coisas caras ou cujo valor estão na memória”. 


Formas de servir


Atos de serviço é uma das formas de amor que se destaca entre as cinco linguagens. O ato de servir o parceiro ou um amigo pode ser uma tática infalível para quem deseja manter os ânimos dos relacionamentos ou reconquistar alguém. 

“Quando sirvo as pessoas, sinto que a minha vida faz muito mais sentido”, conta a dona de casa Mirian Vargas. Aos 38 anos, reconhece que os atos de serviço definem sua personalidade e é a forma como se conecta com as pessoas. “Sempre que vou à igreja, por exemplo, quando tenho disponibilidade durante o dia, faço algum doce, um café, salgado, tudo para promover a comunhão das pessoas no final do culto. É a minha forma de amar, servir e promover esse ambiente de convívio, essa demonstração de amor me preenche por completo” afirma.





As pessoas que têm essa linguagem como primária são indivíduos extremamente solícitos e prestativos. Trata-se daquele convidado ideal que você recebe para um jantar em casa e não vai embora sem lavar a louça ou deixar tudo brilhando. Esse tipo de pessoa entende que, ao cumprir esse dever, libera amor, pois ela considera que sua forma de amar é servir. 

O grande problema é que as pessoas que gostam de servir não apreciam, necessariamente, ser servidas, ou, às vezes, esperam o gesto recíproco. Se uma esposa sempre espera que o marido jogue as meias no cesto de roupa suja, mas ele nunca o faz, ela pode criar, dentro de si, um sentimento de resistência ao cônjuge. Afinal, ao servi-la, ele estaria demonstrando amor, mais do que ao lhe presentear com um buquê de rosas. 

Nesse caso, a linguagem de amor do marido para com ela pode ser por meio de presentes ou palavras de afirmação. Quando esses desencontros amorosos acontecem, o ideal é que haja diálogo entre o casal, para que fique claro a forma como ambos entendem o amor. Muitos relacionamentos acabam, justamente, por essa falta de comunicação indispensável dentro de casa. 





Vale ressaltar que atos de serviço, mais do que lembrados (como no caso de receber um presente), carregam  o mérito de a pessoa entregar algo, doar-se, fazer uma tarefa ou atividade que beneficie ou tire o peso das costas de alguém. Há os indivíduos que amam servir e há quem goste de ser servido. De modo geral, ao cumprir tarefas e auxiliar o outro, essas pessoas sempre se sentirão amadas e especiais. 

É primordial, no início de qualquer relacionamento, que se conheça bem a pessoa. Se você dá presentes já no primeiro encontro, achando que fez tudo certo, mas a linguagem de amor do parceiro diz respeito aos “atos de serviço”, seu esforço de conquista terá sido totalmente em vão. Melhor seria  abrir a porta do carro, proteger a pessoa do frio com o casaco, ou fazer um jantar especial. A conquista, possivelmente, seria instantânea e triunfal.

O toque físico


O filósofo alemão Arthur Schopenhauer, em sua última obra, "Parerga e Paralipomena”, de 1851,  apresenta a parábola do ouriço. Nela, um grupo de ouriços se depara com uma nevasca e, para não morrerem de frio, decidem se aproximar fisicamente. Porém, quanto mais se aproximavam, mais se machucavam. Continuaram assim, até que encontraram uma distância segura, para, ao mesmo tempo, não sentir frio e suportar os espinhos uns dos outros. 





O intuito da parábola é explicar que, assim como os ouriços precisavam naquele momento, o ser humano também carece de relações e contato para sobreviver - de forma saudável, é claro.

Logo no princípio de nossas vidas, o abraço que recebemos de nossas mães, ao nascer, já demonstra amor por meio do toque físico. A quarta linguagem do amor é uma forma de manifestar carinho e proteção, e pode estar no abraço, no aperto  de mãos, no tapinha nas costas, no beijo, no cafuné, no carinho e em outros tantos gestos de proximidade corporal. 

Para Raphael Lulli, o toque funciona como uma forma de falar que você tem um carinho pela pessoa, mas sem usar as palavras. “Ele é bem mais confortável do que dizer algo, mesmo quando o relacionamento ainda não é muito íntimo. Palavras têm poder, ainda mais quando vêm do coração. Os toques, porém, guardam a magia do conforto e da confiança. Para mim, isso é amor.”

Para as pessoas cuja linguagem de amor principal é o toque físico, um abraço vale mais do que mil palavras de conforto. É uma forma de conexão com as pessoas que você gosta, seja um familiar, seja um parceiro, e faz com a pessoa de “toque físico” se sinta feliz e confiante, além de amada.
 
* Matéria produzida por alunos do Centro Universitário UNA, sob supervisão do professor Maurício Guilherme. 

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