médico olha pinta no pescoço de uma mulher com uma lupa

Embora seja o menos incidente dentre os tumores de pele, o melanoma representa alto índice de mortalidade

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Embora seja o menos incidente dentre os tumores de pele – 8.980 novos casos até o fim deste ano, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) –, o melanoma representa alto índice de mortalidade. Isso porque é um câncer que costuma ser diagnosticado em fases mais avançadas e pode sofrer metástase.

“O melanoma se desenvolve nos melanócitos, células que produzem a melanina, responsável pela pigmentação da pele, e seu crescimento pode atingir os vasos linfáticos e sanguíneos. É um tumor que pode surgir no rosto, pescoço, tronco e pernas, nos olhos e em regiões que não foram expostas ao sol, como o couro cabeludo, a planta dos pés e a palma das mãos, membranas mucosas, e ainda no sistema nervoso central. Contudo, quando diagnosticado no estágio inicial, as chances de cura podem ser superiores a 90%”, esclarece Octavio de Castro Menezes Candido, oncologista do Grupo Oncoclínicas.

Um novo aliado da ciência pode mudar drasticamente o curso da doença e suas particularidades em cada paciente. Desenvolvido com base na mesma tecnologia utilizada para a fabricação das vacinas da Pfizer e Moderna contra a COVID-19, o imunizante de RNA mensageiro (mRNA) mostrou resultados promissores no tratamento do melanoma avançado, quando associado ao Pembrolizumabe (Keytruda), um medicamento amplamente empregado nesse cenário e com bons resultados de eficácia.
“A vacina encontra-se na fase 2 de testes e apresentou uma redução de 44% no risco de recidiva ou morte em pacientes com melanoma de estágios III ou IV. Os melanomas têm alta capacidade imunogênica, ou seja, suas células carregam uma carga mutacional capaz de produzir em sua superfície proteínas estranhas ao sistema imunológico, que facilitam seu reconhecimento pelas células de defesa. O RNA mensageiro nas vacinas se utiliza dessa característica para potencializar a ação imunológica do organismo contra esses tumores. O que é melhor, de maneira quase personalizada, uma vez que cada indivíduo tem um tumor único, que muitas vezes carrega mutações próprias”, elucida Octavio de Castro Menezes Candido.
Isso significa que o novo produto permite a construção de um imunizante “individual” com até 34 antígenos detectados nas superfícies das células de melanomas. “Ao ser administrada, a vacina replica esses antígenos no corpo e aguça as células de defesa a encontrá-los e destruí-los, levando a uma batalha permanente entre o sistema imunológico e o tumor. Ainda este ano espera-se que seja realizada a última fase de testes da vacina antes de ser liberada para uso no mercado. É possível que em breve tenhamos acesso a ela em ambiente de estudos clínicos, ampliando o alcance dessas inovações para uma parcela importante dos pacientes no Brasil”, destaca o médico.

Exposição solar com queimadura 

O principal agente causal da neoplasia é a exposição solar com queimadura, além de fatores genéticos, portanto a prevenção é sempre o melhor caminho, como enfatiza Octavio Candido: "Evite a exposição prolongada aos raios ultravioletas do sol em horários impróprios. Use filtro solar com fator de proteção UVA e UVB, utilize barreiras físicas, como roupas e chapéus, e mantenha consultas regulares com um dermatologista". 

O oncologista alerta que é importante ficar atento aos sinais: "Uma pinta escura que sofreu aumento de tamanho, alteração da cor ou sangra exige uma orientação médica. O diagnóstico definitivo é feito por meio da biópsia e quando necessário, é indicada a pesquisa do linfonodo sentinela, primeiro gânglio linfático que recebe a doença". 

Segundo o oncologista, o tratamento do melanoma é individualizado, feito por uma equipe multidisciplinar e pode envolver procedimento cirúrgico, imunoterapia ou terapias-alvo, quando o melanoma é localizado: "A radioterapia e a quimioterapia são empregadas em um número cada vez menor de casos". 

A regra das pintas 

Para ajudar a identificar sinais sugestivos de câncer de pele, existe uma regra utilizada internacionalmente, o ABCDE:
  • Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra;
  • Bordas: irregulares, indefinidas;
  • Cor variável: presença de tons e cores diferentes em uma mesma lesão (vermelha, preta, castanha, azulada, cinza);
  • Diâmetro: maior que seis milímetros;
  • Evolução: mudança de tamanho, formato, espessura, cor ou tamanho.