Imagine uma sensação de dor que se origina em um ponto específico do corpo, mas que, de maneira misteriosa, é percebida em outras regiões aparentemente desconexas e distantes.
Essas são as dores irradiadas. Quando ocorre uma lesão, inflamação ou irritação em uma determinada área do corpo, os nervos próximos a essa região podem enviar sinais de dor ao cérebro. No entanto, nem sempre esses sinais são interpretados de forma precisa pelo cérebro, resultando na percepção da dor em uma área diferente. Problemas emocionais ou condições médicas subjacentes também podem ser responsáveis por elas.
Um exemplo muito comum desse tipo de dor, segundo Daniel Oliveira, rtopedista especializado em coluna vertebral e diretor do NOT - Núcleo de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte, é a conhecida dor ciática, que ocorre devido à compressão ou irritação do nervo ciático na região lombar da coluna vertebral.
"Apesar de sua origem na coluna, a dor ciática pode se estender pela nádega, coxa e perna, seguindo o trajeto do nervo afetado."
Elas podem afetar diferentes partes do corpo, tais como dores nas costas que se estendem para os membros inferiores; no pescoço que se espalham para os ombros e braços e nas articulações que causam desconforto em áreas adjacentes.
Entre os principais sintomas, Daniel cita a sensação de formigamento, dormência ou queimação, fraqueza muscular nas regiões sujeitas; dificuldade para andar e restrição de movimentos.
Quando as dores irradiadas são persistentes é fundamental procurar ajuda médica para um diagnóstico preciso que, segundo o especialista, envolve a avaliação médica detalhada, incluindo histórico clínico, exame físico e, em alguns casos, exames complementares, como radiografias, ressonância magnética ou testes de condução nervosa. "Esses exames ajudam a identificar sua causa para, então, pensar nas intervenções mais efetivas", explica o ortopedista.
Os tratamentos são individualizados e dependem dos sintomas do paciente, podendo incluir medicamentos para aliviar a dor, tais como analgésicos, anti-inflamatórios não esteróides e, em casos de dor mais intensa, remédios mais potentes como opioides; fisioterapia; e a inflamação; a fisioterapia para fortalecer os músculos, melhorar a flexibilidade e aliviar a pressão sobre os nervos; técnicas de alongamento; injeções de corticoide administradas diretamente na área para reduzir a inflamação e aliviar a dor; além de terapias complementares como a acupuntura, por exemplo.
"Em casos graves em que a dor irradiada é causada por uma condição estrutural, como uma hérnia de disco comprimindo um nervo, pode ser necessária uma cirurgia para aliviar a pressão sobre o nervo afetado."
Nervo ciático
O administrador Marcos Alexandre Coimbra Knosel, de 46 anos, conta que seu problema com a dor irradiada começou em agosto de 2022.
"Lembro-me que, em uma quinta-feira, fui brincar com as crianças de vôlei e, na hora que eu dei um pulo para defender a bola, senti uma pequena fisgada."
No sábado, Marcos fez um pedal com os amigos e, ao terminar a atividade, começou a sentir mais um incômodo nas costas.
Achou que fosse passar e que aquilo estava acontecendo, talvez por conta de não ter feito alongamento, em nenhum dos dois dias das atividades.
Na manhã seguinte, quando abaixou para colocar a calça e se vestir, sentiu uma dor insuportável e não conseguia entender o que estava acontecendo.
"Era o meu nervo ciático que estava sendo pinçado. Fui ao hospital. Entrei e saí de cadeira de rodas e o médico relatou que o que tinha ocorrido. A dor era por conta de uma hérnia e que eu deveria fazer exames. Cheguei a tomar morfina, mas nada resolvia. Voltei para casa e marquei consulta com um ortopedista especializado em coluna vertebral. Ele pediu uma ressonância e nela, de fato, foi constatada a hérnia."
O especialista mostrou todas as opções de tratamento ao administrador, e como ele havia pedido algo mais conservador, foi indicado a denervação.
"Voltei para casa, comecei a fazer a fisioterapia, depois Pilates e, em seguida, musculação e foi quando eu fiquei 100%. Para não sentir dor, o que foi indicado foi a importância de realizar alongamento e musculação para fortalecer a região das costas."
Hoje, Marcos faz academia pelo menos duas vezes por semana, alongamento ao acordar e antes de dormir, e dá uma atenção especial à forma de levantar da cama e de agachar.
"São pequenos cuidados para evitar novos prejuízos."
Segundo Daniel Oliveira, cada caso é único, deve ser tratado de forma individualizada e é fundamental que o paciente entenda que não deve se acostumar com a dor.
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