SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A namorada de Joesthetics, fisiculturista morto por aneurisma na sexta-feira (30), escreveu em seu Instagram que Jo Lindner ignorou dores dias antes de morrer. Ele tinha 30 anos e era portador da doença muscular de rippling.
A influenciadora fitness Nicha afirmou que Joesthetics reclamou de dores no pescoço ainda na quarta-feira (28). Ao passar a mão na região, ela constatou uma espécie de calombo.
O fisiculturista também notou o problema, mas minimizou -segundo ela- o sintoma porque já havia tido problemas no local nos últimos anos.
No dia seguinte, ele enviou uma mensagem para a namorada dizendo que "não estava bem" e que as dores no local continuavam.
Já na sexta-feira, os dois se encontraram e Joesthetics deu um colar para ela pouco antes de morrer. Eles planejavam uma ida à academia.
Eu estava com ele no quarto. Ele colocou um colar que fez para mim no meu pescoço. Estávamos deitados e abraçados esperando a hora de encontrar Noel na academia às 16h. Há três dias, ele disse que estava com dor no pescoço. Nós realmente não percebemos até que fosse tarde demais. Ele estava em meus braços Nicha no Instagram.
Doença rara e anabolizantes
Joesthetics fez um vídeo recente em que revelou ser portador da doença muscular de rippling, complicação rara que deixa músculos altamente sensíveis e irritáveis diante de alguns movimentos e pressões.
Em seu último post, feito na quinta (29), ele disse que estava retomando o tratamento para repor testosterona -o alemão ficou quase um ano sem anabolizantes e afastado dos treinos.
O fisiculturista também afirmou que havia voltado a utilizar testosterona pois, quando largou a substância, seu nível hormonal ficou abaixo do normal.
Segundo Felipe Mendes, neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, o aneurisma cerebral é geralmente uma doença silenciosa, manifestando sintomas quando ele se rompe.
“Quando isso acontece, o paciente tem sintomas agudos como uma dor de cabeça muito forte, descrita como a pior dor de cabeça que já teve na vida, além de náuseas, vômitos, crises convulsivas e também rigidez de nuca, que é a sensação do pescoço travado, como se não conseguisse fletir ou dobrar a cabeça. Outros sintomas que podem ocorrer em casos mais graves são a perda de consciência com evolução para um estado de coma e também a possibilidade de déficits motores, como, por exemplo, a paralisia de um lado do corpo.”
O médico conta que, quando o aneurisma cerebral se rompe, há um extravasamento de sangue dentro do sistema nervoso. Esse sangue causa irritação, uma espécie de uma meningite química e, por isso, gera como um dos sintomas a rigidez de nuca e a percepção e sensação de que o pescoço fica duro e travado ao tentar fletir.
Leia mais: Projeto inverno: é possível emagrecer durante as baixas temperaturas?
“Provavelmente pode ser isso que o fisioculturista apresentou e queixou. Agora, o surgimento de caroços na região do pescoço não é muito comum de acontecer. Foi descrito que ele também estava investigando ou havia tido o diagnóstico de uma doença muscular, mas como não há detalhes adicionais não é possível trazer comentários de forma mais aprofundada sobre isso.”
O aneurisma, de acordo com Felipe, apresenta risco desde o primeiro momento em que ele se rompe. Por isso, ele explica que, na dúvida ou na possibilidade de que algum familiar ou conhecido esteja apresentando sintomas que possam sugerir ser compatíveis com o quadro de aneurisma, é fundamental que seja encaminhado para o serviço de emergência o mais rápido possível.
“Quando o aneurisma se rompe, é uma emergência médica. É necessário que o paciente seja encaminhado para uma avaliação especializada o mais rápido possível. Infelizmente, uma pequena parcela de pessoas pode desenvolver um quadro tão devastador, não havendo tempo hábil para chegar ao hospital para procurar ajuda.
Em compensação, aqueles que, mesmo em estado grave, conseguem ir até o pronto atendimento, possuem o benefício de serem avaliados de forma mais precoce, iniciando as medidas que diminuem o risco de que o aneurisma evolua para um quadro mais grave, principalmente, o ressangramento.”
O profissional relata que, quando o aneurisma sangra pela segunda vez, geralmente costuma ser mais fatal do que a primeira manifestação. Por isso o tratamento precoce bem instituído com a identificação do aneurisma e o tratamento definitivo, seja por cirurgia, através da clipagem ou por técnica endovascular, reduz a chance de complicações mais graves.
“Além disso, os próprios cuidados que são necessários em ambiente de terapia intensiva ajudam a reduzir a possibilidade de sequelas.”
Diante disso, Felipe reitera que, quando qualquer indivíduo identificar algum quadro anormal que não costumava sentir antes como dor de cabeça muito forte ou dor muito diferente do padrão que geralmente sente, acompanhado dos sintomas já citados acima, ele precisa ser levado o mais rápido possível para uma avaliação em um serviço de pronto-socorro com uma equipe especializada em atendimentos neurológicos para que seja feita a confirmação da ruptura de um aneurisma cerebral.