No primeiro trimestre de 2023, o consumo de fast food no Brasil registrou um crescimento alarmante, com mais de 13,7 milhões de brasileiros optando por esse tipo de alimentação, segundo uma pesquisa realizada pela Kantar. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 3,8 milhões de consumidores. Avalia-se que a tendência esteja diretamente relacionada à retomada do trabalho presencial e ao aumento das ocasiões de consumo compartilhado, conforme revelado pelo estudo Consumer Insights 2023.





De acordo com a pesquisa, 54% das compras de fast food foram feitas no balcão, 28% através de serviços de entrega e 11% por meio de retiradas em drive-thrus. Os produtos mais consumidos foram hambúrgueres e pizzas, que apresentaram crescimento de 13% e 15%, respectivamente, no médio prazo. Essa mudança de comportamento é impulsionada principalmente pelos consumidores jovens, com um aumento de 3% na faixa etária até 29 anos, e também pelas classes A e B, que registraram um aumento de 5% no consumo.
 
 
 
De acordo com a nutricionista esportiva Renata Brasil, que atua na Soloh Clínica de Nutrição, em Belo Horizonte, "o padrão alimentar dos brasileiros vem se modificando há alguns anos, com uma redução considerável no consumo de frutas, verduras, legumes e até mesmo do tradicional arroz com feijão, que estão dando lugar aos alimentos ultraprocessados e fast food, principalmente entre jovens e crianças".

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Renata Brasil ressalta que esse aumento no consumo de fast food pode se tornar um problema futuro para as políticas públicas de saúde, assim como já ocorre nos Estados Unidos. "Esses maus hábitos vão se acumular, gerando uma população, na terceira idade, com maiores problemas de saúde, devido ao sobrepeso decorrente da má alimentação", alerta a nutricionista. Ela destaca a importância de políticas de incentivo para reduzir o consumo de fast food e alimentos ultraprocessados, combatendo a tendência de optar pelo que é mais rápido e prático, mas nem sempre saudável.




 

Renata Brasil, nutricionista esportiva: 'O padrão alimentar dos brasileiros vem se modificando há alguns anos, com uma redução considerável no consumo de frutas, verduras, legumes e até mesmo do tradicional arroz com feijão'

(foto: Arquivo pessoal)

Preço e falta de tempo


Entre os motivos para essa preferência, a nutricionista ressalta preço e praticidade. "Entendo que a pandemia teve, e ainda tem, forte contribuição para esse aumento, mas também não podemos ignorar que as pessoas estão cada vez menos dispostas a preparar a sua própria alimentação, seja por falta de tempo, devido à intensidade da rotina, ou até mesmo por pouca disposição, e acabam optando pelo mais rápido e prático, e na maioria das vezes, não são as melhores opções. A gente sabe que o fast-food é mais barato, além disso, infelizmente, o preço dos alimentos está muito alto, o preço das carnes está muito alto, está tudo muito caro, então, o fast-food acaba sendo uma opção mais barata, mais rápida e prática, mas é preciso combater isso", diz. 
 
Renata Brasil também menciona a necessidade de retomar o hábito de preparar refeições caseiras, o que era mais comum há alguns anos. "Acredito muito na necessidade de políticas que apoiem e incentivem a população a retomar o hábito de preparar aquela comida caseira, que é mais leve e saudável", destaca.

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