Além de afetar os rins, a doença renal crônica também ataca a qualidade de vida do paciente. Considerada um grande problema de saúde pública, porque causa elevadas taxas de morbidade e mortalidade, a perda das funções dos rins também interfere no estilo de vida do paciente. "Esses pacientes dependem de tecnologia avançada para sobreviver, apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam inúmeras perdas e mudanças em vários campos da sua vida, não só com relação aos sintomas físicos, mas também em fatores sociais e psicológicos, experimentando muitas vezes a perda do emprego por conta da necessidade constante de diálise, alterações na imagem corporal, restrições dietéticas e hídricas", explica a médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Caroline Reigada.
O estresse oxidativo desempenha um papel fundamental na progressão da doença renal crônica, diretamente pela indução de lesão tubular e glomerular ou indiretamente pelo desenvolvimento de hipertensão, inflamação e/ou disfunção endotelial; portanto, estudo avaliou os efeitos da própolis no estresse oxidativo em pacientes renais.
Com a doença, a lista de sintomas que prejudica a qualidade de vida é extensa. "O paciente sente-se mais cansado e com menos energia, tem dificuldades para se concentrar, está quase sempre com o apetite reduzido, sente dificuldade para dormir, sente cãibras à noite, está geralmente com os pés e tornozelos inchados, apresenta inchaço ao redor dos olhos, especialmente pela manhã, fica com a pele seca e irritada, e urina com mais frequência, especialmente à noite", diz a médica. A morte prematura em pessoas com doença renal crônica é até dez vezes mais provável do que a progressão para doença renal terminal, principalmente porque a condição pode levar a doenças cardiovasculares.
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A médica explica que o própolis é considerado uma das fontes mais ricas de polifenóis vegetais, incluindo flavonoides, e pode neutralizar os efeitos do estresse oxidativo, o que poderia ajudar a diminuir os sintomas e ajudar a controlar doenças relacionadas, como diabetes tipo 2 e hipertensão. "No Brasil, desde 2019 temos dados de estudo da Universidade de São Paulo (USP) que o própolis reduz a proteinúria (presença de proteína na urina). Segundo outros estudos, a administração oral de própolis resultou no aumento dos níveis séricos de glutationa, um forte antioxidante endógeno, e diminuição dos níveis de substância reativa ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), um forte indicador de eventos cardiovasculares", diz a médica.
O estudo foi feito com 35 pacientes e, embora os marcadores de saúde renal não tenham demonstrado melhoras entre os grupos que foram suplementados com própolis e o placebo, os pacientes suplementados com própolis relataram melhora da qualidade de vida, sintomas e desempenho físico. "O resultado é animador, mas mais estudos são necessários, principalmente com um acompanhamento por um maior período, para demonstrar mudanças em marcadores da doença renal", aponta a especialista.
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