Dados divulgados nesta terça-feira (18/7) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indicam que, após um declínio na taxa de vacinação entre 2019 e 2020, Brasil tem diminuição no número de crianças que não receberam nenhuma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP). Segundo o estudo, os números caíram de 710 mil para 430 mil, entre 2021 e 2022. O imunizante é utilizado como importante indicador global de cobertura vacinal. 





Como resultado, a cobertura de DTP1 (administrada pelo programa nacional de imunizações como a vacina pentavalente) avançou 5 pontos, chegando a 84%. Para a vacina contra a pólio, o número avançou 6 pontos, entre 2021 e 2022, chegando a 77%.

Os índices positivos não se restringem apenas ao Brasil. Segundo o estudo, 4 milhões de crianças receberam imunização a mais em 2022 em comparação com o ano anterior. A medida se deve pelos agentes e órgãos sanitários que intensificaram os esforços para lidar com o retrocesso de vacinação causado pela pandemia do COVID-19

 
Ainda em 2022, 20,5 milhões de crianças deixaram de receber uma ou mais vacinas por meio dos serviços de imunização de rotina, em comparação com 24,4 milhões de crianças em 2021. Os números representam uma melhora, mas ainda são maiores que as 18,4 milhões de crianças que não foram imunizadas em 2019, antes das interrupções relacionadas à pandemia.





"Esses dados são encorajadores e um tributo àqueles que trabalharam tão arduamente para restaurar os serviços de imunização que salvam vidas após dois anos de declínio na cobertura de imunização", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Mas as médias globais e regionais não contam a história completa e escondem desigualdades graves e persistentes. Quando os países e regiões ficam para trás, as crianças pagam o preço".

Índices preocupantes 

Ainda que positivos os sinais para uma recuperação global relacionada à imunização, os avanços encontram-se em apenas alguns países, em especial aqueles que mantiveram uma cobertura vacinal estável. Dos 73 países que registraram declínios substanciais na cobertura durante a pandemia, 15 se recuperaram aos níveis pré-pandemia, 24 estão a caminho da recuperação e, o mais preocupante, 34 estagnaram ou continuaram em declínio. 

Sendo um atenção primária, os órgãos responsáveis pela pesquisa destacam a necessidade de manter a fiscalização e fortalecimento da cobertura vacinal.  "Por trás da tendência positiva, há um aviso grave", disse Catherine Russell, diretora executiva do Unicef. "Até que mais países corrijam as lacunas na cobertura de imunização de rotina, as crianças em todo o mundo permanecerão em risco de contrair e morrer de doenças que podemos prevenir. Vírus como o sarampo não reconhecem fronteiras. Os esforços devem ser fortalecidos com urgência para alcançar as crianças que perderam suas vacinas, ao mesmo tempo em que se restaura e melhora ainda mais os serviços de imunização em relação aos níveis pré-pandemia".




Agenda global de imunização

A fim de acelerar a recuperação, a OMS e o Unicef estão trabalhando com a Gavi, a Vaccine Alliance, a Fundação Bill & Melinda Gates e outros parceiros em uma campanha global de comunicação “The Big Catch-Up”, para a conscientização da vacinação naquelas crianças que não se imunizaram durante a pandemia. "A partir deste importante estudo, precisamos encontrar maneiras de ajudar todos os países a proteger sua população, caso contrário, corremos o risco de surgirem duas trajetórias, com países de renda média-baixa maiores ultrapassando o restante", comenta Seth Berkley, CEO da Gavi.

A medida requer apoio dos governos para acelerar e restaurar os serviços de imunização aos níveis pré-pandemia. Algumas das estratégias para a recuperação são:  
  • Reforçar o compromisso de aumentar o financiamento para imunização e trabalhar com os interessados para desbloquear recursos disponíveis, incluindo fundos COVID-19, para restaurar urgentemente serviços interrompidos e sobrecarregados e implementar esforços de recuperação.
  • Desenvolver novas políticas que permitam que os imunizadores alcancem as crianças que nasceram antes ou durante a pandemia e que estão ultrapassando a idade em que seriam vacinadas pelos serviços de imunização de rotina.
  • Fortalecer os serviços de imunização e atenção primária à saúde, incluindo sistemas de saúde comunitários, e enfrentar desafios sistêmicos de imunização para corrigir a estagnação de longo prazo na vacinação e alcançar as crianças mais vulneráveis.
  • Construir e sustentar a confiança e aceitação das vacinas por meio do engajamento com comunidades e profissionais de saúde.

compartilhe