Quem nunca precisou se afastar do celular ou de outra distração para conseguir finalizar uma tarefa? Ou precisou pedir para que a pessoa com quem está conversando repita o que acabou de falar? A crescente incapacidade de focar em uma atividade por muito tempo é uma das reclamações mais recorrentes do mundo contemporâneo. Esta é a síntese do livro “Foco roubado: os ladrões de atenção da vida moderna”. O escritor Johann Hari decidiu dedicar-se durante três anos para compreender a crise de foco que atinge a população. Durante essa jornada, o jornalista britânico percebeu que a dificuldade de ter atenção não era uma questão individual. 





No livro, o autor ressalta a importância do foco em um mundo repleto de estímulos incessantes. Diferentemente do que prega o senso comum, que associa a questão a dinâmicas pessoais, o que descobrimos a partir da tese de Hari é que este é um problema crônico, que há anos vem impactando a sociedade, atingindo agora seu ápice.



A excessiva exposição a informações superficiais, a constante busca por gratificação instantânea e a cultura da multitarefa se entrelaçam de forma intensa e contribuem para a perda de foco na vida diária. Compreender os gatilhos pessoais permite não apenas identificar as fontes que nos distraem como também buscar estratégias para combatê-las. 
 
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As metáforas são exploradas na obra para ilustrar como a mente está sendo sobrecarregada por informações e distrações constantes. A tecnologia é uma das principais razões para essa condição. Seja com turistas na casa de Elvis Presley, em Memphis, seja na frente do quadro Monalisa, no Museu do Louvre, as pessoas preferem ficar focadas em celulares ou tablets do que apreciar aquilo que está bem na frente delas. Com essa análise, Hari desafia o leitor a refletir sobre a forma como a tecnologia parece sabotar a capacidade de reagir diante de uma avalanche de informações e oferece estratégias práticas para sair dessa pressão e, assim, melhorar a atenção.

Forças coletivas 

“Foco roubado” traz à tona a realidade da sociedade contemporânea, especialmente agravada durante a pandemia da COVID-19, intensificada por fatores que prejudicam a atenção. O autor ressalta que não basta reconhecer as limitações pessoais, uma vez que boa parte da falta de foco é resultado de forças coletivas externas aos indivíduos. Nesse contexto, ao mesmo tempo em que esclarece o alcance de ações individuais, ele indica que ações coletivas são fundamentais para enfrentar as forças que sabotam a capacidade de concentração.

Ao final do livro, Johann Hari ressalta seis grandes mudanças que adotou para aprimorar sua atenção. Essas mudanças incluem o uso do pré-compromisso para evitar a mudança constante de tarefas, a prática de deixar a mente divagar e a importância de cuidar do sono e do descanso. Ele enfatiza o impacto negativo das telas e das redes sociais na capacidade de foco, além de abordar o estresse e a hipervigilância como fatores que contribuem para a dispersão mental.





Com uma mensagem poderosa e inspiradora, Johann Hari convoca os leitores a se unirem em busca de uma sociedade que valorize e proteja a atenção. A obra é uma chamada à ação para que cada indivíduo recupere o controle sobre a própria mente e contribua para ações coletivas que lutem para resgatar a importância do foco em um mundo cada vez mais disperso.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie 

Foco roubado: os ladrões de atenção da vida moderna
• Autor:  Johann Hari
• Tradutor: Luis Reyes Gil
•  Editora: Vestígio 
•  Número de páginas: 352
•  Preço: R$ 74,90 (físico) e R$ 52,90 (e-book)
• Onde encontrar: Site da editora 

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