Ao longo dos anos, a cirurgia plástica passou por uma transformação significativa. Novas técnicas, o advento das tecnologias e a mudança de padrões estéticos na sociedade fizeram ruir a abordagem focada em um "ideal de beleza" para valorizar, enfim, a individualidade. "As tendências em cirurgia plástica também vão ao encontro de uma aparência mais natural para valorização da beleza de cada um", explica o cirurgião plástico, membro da Brazilian Association of Plastic Surgeons (BAPS), Daniel Vasconcellos.



De forma geral, a cirurgia plástica contemporânea abraçou a diversidade. "O corpo é uma forma de expressão pessoal e as técnicas cirúrgicas levam em conta a singularidade de cada paciente. Em vez de promover uma aparência padronizada, os cirurgiões agora se concentram em realçar as características individuais. Essa abordagem ajuda os pacientes a se sentirem aceitos e confiantes em sua aparência original", ressalta.

Isso auxilia também no empoderamento. "Antes, no consultório médico era muito comum que o paciente chegasse com uma foto de uma celebridade como referencial. Ele queria aquele nariz, aquele olhar, aqueles lábios. Mas, adequar o procedimento a um resultado de uma celebridade, sem levar em consideração os traços do paciente, gerava resultados extremamente artificiais. Hoje, as pessoas têm mais consciência e passam a entender melhor essa questão", acrescenta Daniel Vasconcellos.

Segundo a BAPS, os procedimentos devem ser adaptados para atender às necessidades e desejos específicos de cada paciente. "Essa capacidade de personalização contribui para o fortalecimento da autoestima. Esses procedimentos serão realizados de acordo com a harmonia do rosto e é função do cirurgião orientar o paciente sobre os procedimentos mais adequados para cada caso".



Uma das principais expressões dessa evolução é a técnica Deep Plane Facelift, uma novidade no Brasil nos últimos anos. Ela é o símbolo da evolução das técnicas de lifting facial na busca por resultados que preservem a expressão e as características únicas do paciente. "Anteriormente, os procedimentos de lifting facial poderiam resultar em uma aparência esticada e artificial. No entanto, as técnicas modernas se concentram em abordagens mais profundas, com reposicionamento até mesmo da camada muscular. Além disso, os cirurgiões também se concentram na restauração dos volumes faciais, em vez de simplesmente esticar a pele. A técnica Deep Plane Facelift associada ao Fat Grafting permite potencializar o resultado, reestruturando a face, reposicionando volume, e promovendo regeneração celular. Tudo isso de forma estratégica, criando um aspecto mais jovem e sobretudo mais natural", destaca.

As proporções estéticas e a harmonia do rosto também mudaram as cirurgias de rinoplastia. A ideia de um "Barbie Nose", o famoso "nariz de rinoplastia", geralmente fino e com a ponta arrebitada, ficou obsoleta. Em vez de criar narizes perfeitos que parecem fora do lugar no rosto do paciente, a arte dos cirurgiões plásticos é valorizar a beleza facial por meio de seu ponto central, fugindo da artificialidade e desproporcionalidade. "As técnicas modernas de rinoplastia enfatizam uma abordagem mais conservadora e personalizada. Os cirurgiões se esforçam para preservar a estrutura e as características nasais únicas do paciente, enquanto buscam ajustes sutis para alcançar o equilíbrio e a harmonia facial desejada. Isso inclui fatores como a simetria e estrutura facial, além das proporções ideais para cada paciente", afirma.

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Nesse sentido, a cirurgia plástica reforça o seu papel de cuidado do paciente, possibilitando também melhoria da qualidade de vida. "A cirurgia plástica não se limita apenas à estética, mas também pode ter um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. Alguns procedimentos são realizados para corrigir deformidades congênitas, reparar lesões traumáticas ou melhorar a funcionalidade de certas partes do corpo. Essas intervenções ajudaram os indivíduos a se sentirem mais confortáveis em sua própria pele, promovendo uma maior confiança e bem-estar emocional", diz. "Para muitas pessoas, a insatisfação com a aparência pode causar traumas emocionais, afetando a autoconfiança e a vida social do paciente. A cirurgia plástica oferece uma solução para esses indivíduos, permitindo que eles abordem as preocupações estéticas e se sintam acolhidos", diz o cirurgião plástico.

O assunto diversidade também faz cada vez mais parte do mundo das cirurgias estéticas faciais de afirmação de gênero, que alinham características físicas à identidade de gênero, ajudando pacientes transgêneros a ficarem "em paz" com a própria imagem. Por exemplo, homens transgêneros que desejam conquistar uma mandíbula mais forte e um contorno facial mais destacado podem optar pela mentoplastia. "Nesses casos, o tratamento pode ser feito através de próteses de queixo e mandíbula ou com preenchimentos de hidroxiapatita de cálcio ou ácido hialurônico, que são absorvíveis. No campo das cirurgias faciais, a rinoplastia também se destaca, principalmente entre mulheres trans que desejam afinar o nariz e torná-lo mais delicado. "Definitivamente, a cirurgia plástica transformou-se num convite para que cada indivíduo abrace e realce sua própria beleza", ressalta.

Mas a BAPS reforça: antes de fazer uma cirurgia, é importante dar um passo para trás e entender as várias motivações e influências que levam a considerar a cirurgia plástica. "Ao pensar mais nisso, os pacientes são mais propensos a escolher procedimentos com os quais ficarão felizes, tanto no curto prazo quanto nos próximos anos. É ótimo que os ideais de beleza estão se tornando mais diversos e os indivíduos têm mais informações e escolhas do que nunca sobre como desejam expressar sua aparência física para o mundo. Mas é fundamental que qualquer procedimento estético cirúrgico seja realizado por um cirurgião plástico especializado", aponta Daniel Vasconcellos.

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