Emaranhado de fibras no cérebro com Alzheimer: caminho de intervenção

Emaranhado de fibras no cérebro com Alzheimer: caminho de intervenção

(Wikemedia Commons/Divulgação)

Pesquisadores da Penn Medicine, nos Estados Unidos, descobriram uma proteína que pode melhorar a função cognitiva e motora em pacientes de Alzheimer. Trata-se de um gene associado à tau, substância que, em pessoas com a doença, é produzida de forma deficiente, causando a morte dos neurônios. O estudo, publicado na revista Science, se baseia em modelos animais de enfermidades neurodegenerativas.

Uma das causas da doença de Alzheimer são emaranhados de fibras da tau deficiente, que destroem as células cerebrais e levam a sintomas como perda de memória. Esse problema, que ocorre quando a proteína se agrega, também está por trás de outros 20 tipos de demência e distúrbios do movimento, conhecidos como tauopatias. No entanto, ainda não está claro como e por que as proteínas tau se agregam e formam os aglomerados fibrilares em pacientes com essas doenças. Essa grande lacuna no conhecimento tornou o desenvolvimento de terapias eficazes um desafio para os pesquisadores.


Leia também: Exercícios físicos resistidos ajudam na prevenção e atraso do Alzheimer 

"A maioria dos organismos tem sistemas de controle de qualidade de proteínas que removem proteínas defeituosas e evitam o dobramento incorreto e o acúmulo de emaranhados — como os que vemos com proteínas tau no cérebro de pessoas com taupatias — mas, até agora, não sabíamos como isso funciona em humanos ou por que funciona mal em alguns indivíduos e não em outros", disse o autor sênior, Xiaolu Yang, professor de biologia do câncer na Penn. "Pela primeira vez, identificamos o gene que supervisiona a função tau e temos um alvo promissor para o desenvolvimento de tratamentos para prevenir e retardar a progressão da doença de Alzheimer e outros distúrbios relacionados."

Leia também: Alzheimer: brasileiros criam ferramenta que ajuda no tratatamento

Yang e a equipe descobriram, anteriormente, que genes chamados TRIM desempenham um papel importante no controle de qualidade da proteína em células animais. Depois de examinarem mais de 70 TRIMs humanos, eles constataram que a estrutura é fundamental para evitar a supressão da agregação de tau. Usando tecidos cerebrais pós-morte de 23 pessoas com Alzheimer e 14 controles, os pesquisadores validaram essas descobertas e descobriram que os níveis de TRIM11 são substancialmente reduzidos no cérebro de indivíduos com a doença neurodegenerativa.

Leia também:
Alzheimer precoce: os sintomas de versão da doença que pode aparecer a partir dos 30 anos

Terapia genética

Para determinar a utilidade potencial do gene como agente terapêutico, os cientistas usaram o vetor viral adenoassociado (AAV), uma ferramenta comumente aplicada na terapia genética, para levar a proteína ao cérebro de vários modelos de camundongos. Os pesquisadores descobriram que os animais com patologias tau exibiram uma diminuição acentuada no desenvolvimento e acúmulo dos emaranhados e melhoraram muito as habilidades cognitivas e motoras.

"Essas descobertas não apenas nos dizem que o TRIM11 pode desempenhar um papel importante na proteção contra o Alzheimer e doenças semelhantes, mas também vemos que podemos desenvolver terapias futuras que reponham o TRIM11 em indivíduos com níveis mais baixos", disse Yang. "Estamos ansiosos para trabalhar com nossos colegas para explorar a possibilidade de desenvolver terapias genéticas que detenham a progressão de doenças neurodegenerativas".