A história do beach tennis teve início em 1987, em Ravena, uma província na Emília-Romanha, na costa Nordeste da Itália, como uma mistura entre tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. Com a profissionalização, em 1996, o esporte passou a delimitar regras e práticas, que vêm se modificando ao longo dos anos.
Regida pela Federação Internacional de Tênis (ITF), a modalidade alcançou todos os continentes, sendo praticada em países como Itália, Brasil, Chile, Venezuela, Argentina, França, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Japão, Portugal, República Tcheca, Bermudas, Países Baixos, Aruba, Austrália e Curaçao.
O esporte chegou ao Brasil pelas praias do Rio de Janeiro, em 2008. Desde então, foi crescendo rapidamente para outras cidades litorâneas brasileiras. Em pouco tempo, ganhou popularidade também nas regiões não praianas, como Belo Horizonte, Brasília e São Paulo.
Entre os locais onde há um maior número de praticantes estão os estados do Nordeste, Sul e Sudeste do país. Hoje, segundo a ITF, o Brasil é a segunda maior força do mundo nesse esporte, atrás apenas da Itália, o país criador da modalidade.
TÍTULOS
Atualmente, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) é a entidade que regula o esporte no país, por meio da Confederação Brasileira de Beach Tennis (CBBT), criada em 2009. Apesar de o esporte ser relativamente novo no Brasil, o país já conseguiu resultados significativos logo nos primeiros anos de prática, como o terceiro lugar no Campeonato Mundial em Ravenna (2008), o primeiro lugar na Copa das Nações em Aruba (2010), o campeonato mundial por equipes (2013, 2018, 2019 e 2021), o mundial feminino na Sérvia (2016 e 2019), o Sul-Americano (2014 e 2019), o Pan-Americano (2013, 2014, 2015, 2019, 2021 e 2022) e o ANOC Beach Games (2019).
Uma das pioneiras da modalidade no Brasil foi a tenista bicampeã pan-americana Joana Cortez. A carioca conquistou seu primeiro torneio em setembro de 2010, em Nova York, e passou a ser a primeira atleta “não italiana”, ao lado da também carioca Samantha Barijan, a alcançar a primeira colocação no ranking mundial. Em seguida, foi destaque o carioca Vinícius Font, que também chegou ao posto de número 1.
O primeiro torneio de beach tennis realizado no Brasil foi na cidade de Florianópolis (SC), em dezembro de 2010, com 36 tenistas inscritos. Na semana seguinte, o Rio de Janeiro foi sede do segundo campeonato em solo brasileiro. De lá para cá, o esporte se tornou uma febre no Brasil: a CBT estima que, hoje, existam cerca de 1,1 milhão de praticantes no país.
PAIXÃO
Responsável por trazer areia para terras mineiras, Luiz André Basile foi o primeiro a montar uma academia privada de beach tennis no Brasil, quando o esporte ainda era praticado só nas praias. Sua paixão pelo esporte começou em 2011, quando seguia carreira de jogador profissional de tênis. “Criei um projeto chamado ‘Na Quadra da Escola’, que capacitava os professores de escolas a ensinarem tênis. Uma professora do Rio de Janeiro viu meu projeto pelas redes sociais e quis ser embaixadora da iniciativa lá. Quando eu estava no Rio para essa reunião, ela me apresentou o beach tennis. Conversei com meu amigo e falei que a gente tinha que levar isso para BH”, conta o atleta.
A partir daí, Basile abriu a Belvedere Beach Tennis, no Bairro Belvedere, na Região Centro-sul de BH, onde ficou até 2015, quando transferiu a academia, que já contava com 50 alunos, para o Bairro Estoril. Em 2020, os beach tenistas foram surpreendidos com a pandemia, que resultou num crescimento exponencial do número de praticantes.
“Muita gente estava isolada em casa, com depressão, brigando com familiares e procurando desesperadamente uma solução. Com as academias de musculação fechadas, a estratégia foi buscar um esporte ao ar livre, com pouca gente e sem muito contato. O beach tennis surgiu como escape, quase como uma necessidade para aqueles que gostavam de se exercitar. No máximo, eram quatro pessoas separadas por uma rede.”
Luiz também associa o sucesso do beach tennis à facilidade de jogar. “É um esporte muito fácil de jogar, é muito democrático. A gente tem alunos de 7 a 80 anos. A criança joga, a mulher joga, o homem joga, a terceira idade joga,” explica. “Ao contrário de vários outros esportes, que você precisa de muita técnica para jogar, no beach tennis a bola vem para o seu lado e você joga para o outro lado com a raquete”, resume.
O jogador, que é primeiro do ranking brasileiro, revela que, além do lado físico, o esporte é apreciado pela possibilidade de fomentar o turismo. “A maioria dos torneios, hoje, são jogados em praias, então acaba se tornando uma desculpa para viajar. Se a pessoa perde, ela já aproveita para beber um drinque, curtir o mar, visitar a cidade. Tem uma junção do turismo com o esporte.”
Outro fator que alavancou a modalidade foi a socialização. Ir praticar beach tennis não se resume apenas aos jogos em quadra, mas envolve toda uma experiência em torno do esporte. “Você pode jogar com música, a galera toma uma cerveja e vai para a quadra, estar ao ar livre, em contato com a natureza, com o pé na areia, a troca de energia com o solo e o sol, trabalhando vitamina D. Isso faz com que a pessoa se sinta bem e feliz.”
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie
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