Estudo publicado na revista científica Jama analisou 10.318 australianos com 70 anos ou mais sem nenhum comprometimento cognitivo no momento da inscrição para a pesquisa, que aconteceu entre março de 2010 e dezembro de 2014.



Foi possível perceber que certos tipos de lazer cognitivamente estimulantes, tais como assistir aulas de educação, usar um computador e escrever cartas ou diários estão associados a 11% menos riscos de demência na velhice, e atividades mentais ativas, como jogar jogos, cartas ou xadrez e fazer palavras cruzadas ou quebra-cabeças a 9% menos.

Os dados foram analisados de 1º de dezembro de 2022 a 31 de março de 2023, considerando os riscos de demência em dez anos desde o início do estudo e isolaram outras variáveis como educação, nível socioeconômico e outros aspectos de saúde.

Em menor grau, o envolvimento em atividades artísticas criativas como artesanato, marcenaria ou metalurgia e pintura ou desenho e em atividades mentais passivas como leitura de livros, jornais ou revistas, assistir televisão e ouvir música ou rádio também influencia na redução do risco de demência.



Em contraste, redes interpessoais, atividades sociais e passeios externos não foram associados ao risco de demência nesta amostra.

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Segundo os pesquisadores, em 2022, 55 milhões de pessoas apresentavam demência em todo o mundo e a estimativa é de que, a cada ano, cerca de 10 milhões de novos casos sejam identificados.

Cuidados com a saúde

Estimulação cognitiva torna o cérebro mais resiliente a danos associados à demência, segundo a geriatra Simone de Paula Pessoa Lima

(foto: Mariana Beltrame/Divulgação)
Segundo a médica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, como mostra a pesquisa, a estimulação cognitiva promove novas conexões neurais amplificando a reserva cognitiva do cérebro, tornando-o mais resiliente a danos associados à demência.

Quanto maior o número de conexões, menos prejuízo funcional acontece quando ocorrem algumas perdas neuronais.

Outros fatores são importantes e trazem benefícios significativos para a saúde cerebral, tais como a prática constante de atividades físicas, que melhora o fluxo sanguíneo para o cérebro, libera substâncias que dão sensação de bem-estar e felicidade, melhoram as interações sociais e ajudam no equilíbrio.



"Temos também a alimentação saudável e equilibrada, rica em frutas, vegetais, peixes e gorduras saudáveis. Através dela nós conseguimos as vitaminas necessárias para um bom funcionamento do corpo, fibras para o intestino, tornamos os níveis de glicose estáveis, reduzimos o risco de doenças cardiovasculares que estão frequentemente associadas a danos cerebrais e aumentam o risco de demência vascular."

Simone reitera a importância de fazer o controle de doenças crônicas, gerenciando efetivamente condições médicas como diabetes, hipertensão e colesterol alto, já que, mal controladas, podem aumentar o risco de danos cerebrais e contribuir para o desenvolvimento de demência.

"Além disso, vale investir em uma vida social ativa, em uma boa qualidade do sono, já que é assim que o cérebro realiza processos de reparação e limpeza que são fundamentais para o bom funcionamento cognitivo, e evitar o tabagismo e consumo excessivo de álcool, pois ambos estão relacionados a danos cerebrais favorecendo o risco de demência", aponta.

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