Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG, com cerca de duas mil parturientes, em três maternidades especializadas na assistência ao parto em Belo Horizonte: Sofia Feldman, Júlia Kubitschek e Risoleta Tolentino Neves, revelou que a pandemia de COVID-19 contribuiu para a queda do aleitamento materno.




 
Os resultados do estudo, que vão de encontro ao tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno deste ano: “Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, mostram como a pandemia afetou negativamente as mulheres grávidas, diminuindo o acesso a serviços e apoio pré-natal, pós-natal e de amamentação no sistema de saúde.

A coordenadora da pesquisa, professora Fernanda Penido Matozinhos, do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG, relatou que houve influência do COVID-19  nas práticas de amamentação. Segundo ela, durante o período da pandemia, embora as recomendações tenham sido mantidas, observou-se um enfraquecimento de muitos dos serviços obstétricos, já que a maioria deles precisou se adaptar às condições desafiadoras impostas pelo Covid. “Isso pode ter interferido nos cuidados após o parto e no incentivo ao contato pele a pele e amamentação exclusiva ou apoio à amamentação”, destacou.

Indicadores 

Os resultados apontaram que em relação à comparação entre mulheres infectadas/suspeitas por SARS-CoV-2 e mulheres não infectadas/não-suspeitas, observou-se piores desfechos relacionados à amamentação e práticas obstétricas entre mulheres com infecção/suspeita de SARS-CoV-2, com maiores proporções de mulheres que amamentaram e tiveram parto vaginal na população não infectada em relação às infectadas/suspeitas (79,38% e 53,33%, respectivamente).





No que diz respeito à via de nascimento e amamentação, durante o estudo, foram observadas maiores proporções de mulheres sem indicação de cesariana no momento da admissão e que amamentaram seus filhos no período pré-pandêmico (93,33%) em relação ao período pandêmico (87,88%). “Esse cenário pode ser reflexo da redução do atendimento e acesso aos serviços de atenção primária ao pré-natal devido à pandemia. Os serviços de atendimento às gestantes foram reduzidos ou mesmo descontinuados, o que pode ter agravado as complicações na gravidez e no parto e, consequentemente, na amamentação”.

Ainda de acordo com o estudo, mulheres com via de nascimento cesariana apresentaram menor chance da realização do aleitamento materno após o nascimento. Em relação à paridade, mulheres multíparas apresentaram maiores chances de realizarem o aleitamento materno após o nascimento. Verificou-se, ainda, que a presença de intercorrências no recém-nascido, ao nascer, reduziu a chance de a mulher realizar o aleitamento materno após o nascimento.

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Importância do aleitamento materno

Fernanda Penido reforçou a importância dos profissionais de saúde incentivarem o aleitamento materno logo após o nascimento, aconselhando as mães em relação ao processo de amamentação. “O aleitamento é considerado um dos principais fatores para redução da mortalidade neonatal e infantil, além de ser a forma mais econômica e a melhor intervenção para redução da morbidade nos primeiros anos de vida da criança”, enfatizou.

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