A Síndrome de Burnout é um desequilíbrio emocional diretamente relacionado ao acúmulo de estresse por conta do trabalho. Também conhecida por Síndrome do Esgotamento Profissional, ela causa sintomas físicos e psicológicos, tais como dores musculares, insônia, transtorno de ansiedade e até distúrbios alimentares ou do sono.
Esse problema de saúde está se tornando cada vez mais recorrente nos consultórios - o mundo mudou e a forma como os profissionais lidam com a carreira também. "A evolução tecnológica, o home office e os novos modelos de trabalho fizeram com que as pessoas trabalhassem cada vez mais. Basta parar para pensar e ver que hoje é natural responder um e-mail profissional depois do expediente", analisa Renata Tavolaro, Head de Psicologia da orienteme, plataforma de gestão de saúde corporativa.
Segundo a especialista, essas mudanças trouxeram consequências negativas, entre elas, o cansaço excessivo, o estresse e a ansiedade. Quando não tratadas com acompanhamento profissional, podem evoluir para a Síndrome de Burnout.
"Normalmente, os profissionais mais afetados são aqueles que possuem uma rotina intensa de trabalho e lidam diariamente com muita tensão e responsabilidade", diz ela. O distúrbio também é frequente em pessoas que têm mais de um trabalho ou que precisam lidar com áreas diferentes dentro de uma mesma companhia.
Para se ter uma ideia da dimensão desse problema, segundo dados levantados pela International Stress Management Association (ISMA), 30% dos brasileiros já sofreram com a síndrome.
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Renata reforça que algumas práticas comuns em ambientes de trabalho tóxicos são as principais responsáveis por desencadear a doença, que acontece por um acúmulo de estresse, como cobranças excessivas, prazos irrealistas, assédio moral, desvalorização do profissional, comunicação agressiva e desrespeitosa, falta de segurança psicológica, sobrecarga de trabalho e metas inalcançáveis.
Além disso, as novas dinâmicas de trabalho, como o home office, influenciaram na relação das pessoas com o emprego e contribuem para esses números. "Porém, isso não significa que o trabalho remoto é um vilão, muito pelo contrário. Mas, como em qualquer rotina, é preciso ter atenção à sobrecarga de trabalho e à produtividade tóxica", lembra Renata.
Para a Head da orienteme, é fundamental que os time de recursos humanos atuem para promover um ambiente de trabalho saudável, desenvolvendo ações com o intuito de melhorar as condições de trabalho, as relações interpessoais e a qualidade de vida da organização.
Entre as iniciativas, ela exemplifica a criação de um canal de acolhimento e queixas, o estímulo ao diálogo sobre o tema, o desenvolvimento de programas e benefícios de bem-estar e a promoção de práticas de trabalho saudáveis.
Diferenças entre burnout, ansiedade e estresse
Apesar de serem distúrbios semelhantes, o Burnout, a ansiedade e o estresse possuem diferenças bastante particulares. Enquanto o primeiro é causado necessariamente devido a fatores e situações relacionadas ao trabalho e se caracteriza pelo desgaste físico e mental em decorrência de circunstâncias inadequadas no emprego, o estresse e a ansiedade são reações naturais do corpo que podem se tornar transtornos quando seus sintomas se tornam recorrentes e intensos.
"Ambos podem ser causados por inúmeros fatores, não se restringindo a cenários profissionais", esclarece a especialista. No caso do estresse, ela informa que se trata de uma resposta orgânica frente a cenários ameaçadores. "É algo relacionado à subjetividade, porque o que uma pessoa entende como 'ameaça' depende das perspectivas e concepções próprias dela".
Já a ansiedade também é uma resposta orgânica, mas frente a situações inesperadas ou desconhecidas. "Ela se manifesta por meio de alguns sintomas físicos e mentais, como inquietação, coração acelerado, dificuldade de concentração, entre outros".
Por isso, apesar de estarem associados e possuírem sintomas parecidos, Renata reforça que são transtornos diferentes. E destaca que, em todos esses casos, é necessário buscar ajuda de um profissional qualificado.