Uma mãe amamentando um recém nascido

Trabalhar ou não em pé a maior parte do tempo e levantar ou não objetos pesados no trabalho diminuíram a duração do aleitamento materno exclusivo

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A interrupção precoce da amamentação, pode ser prejudicial, aumentando os riscos de adoecimento e interferindo na absorção de nutrientes importantes, já existentes no leite materno, como ferro e zinco. Em pesquisa realizada pela Universidade Federal do Maranhão  (UFMA), foi analisado que mães com ocupações manuais semi-especializadas e com jornada de trabalho de oito ou mais horas diárias deixam com mais frequência de alimentar seus filhos exclusivamente com o leite materno – o que é chamado de aleitamento materno exclusivo – durante os quatro ou seis meses após o parto. 

O estudo publicado na "Revista Cadernos de Saúde", em 2022, mostra também, que mães com ocupações em funções de escritório, que trabalhavam acima de quatro dias por semana e entre cinco e sete horas, também praticaram menos o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês.Os dados foram coletados a partir de questionários e entrevistas com 5.166 mães de nascidos vivos em 2010, em São Luís (MA). Ao longo do ano, as mães responderam questionários após 24h do parto sobre as ocupações que exerciam ou não.

Depois, entre 2012 e 2013, elas foram entrevistadas sobre a duração do aleitamento materno exclusivo quando as crianças tinham de 24 a 36 meses. O estudo mostra que mães em ocupações manuais semi-especializadas (manicures, sapateiras, padeiras, auxiliares de laboratórios, feirantes, entre outros) e mães que trabalhavam oito ou mais horas diárias mais frequentemente interromperam o aleitamento materno exclusivo. 

Trabalhar ou não em pé a maior parte do tempo e levantar ou não objetos pesados no trabalho diminuíram a duração do aleitamento materno exclusivo. Sendo que, o tipos de ocupação e de jornada de trabalho interferiram de forma mais frequente na duração do aleitamento materno. 
De acordo com Marizélia Ribeiro, autora do estudo, o objetivo era entender quais fatores influenciam na menor duração do aleitamento exclusivo. “Não trabalhar é a categoria de menor risco para interrupção do aleitamento materno. Frequentemente os trabalhos só estudam se a mulher trabalha ou não. Queríamos ver mais: que condições de trabalho fazem a mãe abandonar mais”, diz.

Os dados são relevantes, pois a Constituição Brasileira de 1988 torna obrigatória a licença maternidade por quatro meses (podendo ser iniciada 28 dias antes do parto), o que pode estar relacionado com o fato de o aleitamento materno exclusivo ser abandonado com mais frequência em até seis meses de vida do que em quatro.

Além disso, o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida é recomendado pelo Ministério da Saúde. No entanto, os autores ponderam que muitas das ocupações analisadas aqui funcionam na informalidade, bem como consideram que os dados reforçam as dificuldades de mulheres exercerem concomitantemente as funções de trabalhadoras e mães.