Conforme pesquisa recente com nova análise de dados referente a um grande ensaio clínico feito com pessoas saudáveis com mais de 70 anos, taxas altas de sangramento cerebral podem estar relacionadas ao uso de aspirina em doses baixas. Ao mesmo tempo, os pesquisadores não notaram nenhum tipo de proteção significativa contra derrame.
A pesquisa contou com a participação de mais de 19 mil indivíduos com mais de 70 anos, que não apresentavam sintomas de qualquer doença cardiovascular. Aqueles que tinham histórico de derrame ou ataque cardíaco foram excluídos do estudo.
A ideia era analisar riscos e benefícios do uso da aspirina à medida que a população envelhece, já que o remédio é para evitar a ocorrência de certas doenças cardiovasculares.
No estudo, 9.525 pessoas receberam doses externas de 100 miligramas de aspirina e outras 9.589 foram escolhidas para ingerir pílulas de placebo correspondentes. Elas foram acompanhadas por cerca de cinco anos.
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Notou-se que houve uma redução da incidência de acidente vascular cerebral isquêmico, ou seja, de um coágulo em um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro, embora essa redução não tenha sido significativa.
Foi observado, porém, um aumento de 38% no sangramento intracraniano entre as pessoas que consumiam aspirina diariamente em comparação com aquelas que tomavam placebo.
Uso de aspirina
Segundo a médica geriatra da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, a aspirina é uma medicação inicialmente analgésica e antitérmica usada no mundo todo. O uso prolongado, em baixas doses, tem efeito antiagregante plaquetário, podendo prevenir alguns casos de acidente vascular cerebral (AVC), infarto e trombose.
Mas, após os estudos mostrarem maior risco do que benefícios no uso de AAS para prevenção de eventos cardiovasculares em pacientes acima de 75 anos, houve mudanças no protocolo de indicação dessa medicação.
É necessário avaliar os pacientes, estratificar o risco cardiovascular que ele apresenta, ponderar a idade e a chance de sangramento para maior segurança na indicação.
"Todos os pacientes que fazem uso prolongado de aspirina podem apresentar aumento do sangramento no estômago ou intestino, risco aumentado de sangramento no cérebro, além do aumento do risco de equimoses na pele e sangramentos menores na gengiva e nariz. Para os idosos esses riscos são aumentados e superam o benefício da prevenção", reforça Simone.
Como não é indicada para todos, é fundamental, segundo Simone, consultar um profissional de saúde e realizar uma avaliação completa (histórico familiar, condições de saúde existentes, histórico de problemas gastrointestinais, alergias a medicamentos e outros fatores relevantes) para definição correta da indicação da medicação.
"Caso o paciente já faça uso de aspirina há mais tempo para prevenção de doenças cardiovasculares, é importante que mantenha as consultas médicas para monitorar sua saúde e verificar se a medicação ainda é adequada".
Em alguns casos, conforme explica a geriatra, existem alternativas à aspirina que podem ser mais seguras para determinados pacientes.
Vale ressaltar que a queda é um evento catastrófico para idosos e infelizmente eles são mais propensos a ela. Com o envelhecimento há perda progressiva da massa muscular, diminuição da mobilidade por menor atividade física, gerando instabilidade postural. Piora muito a qualidade de vida, pois acarreta dependência.
Além da fratura que pode ocorrer devido a uma queda, há, conforme Simone, maior probabilidade de acontecerem pequenos traumatismos que podem causar hematomas ou sangramentos, especialmente naqueles que fazem uso de aspirina. Quando na queda acontece um trauma na cabeça (bater a cabeça) o hematoma tem consequências piores podendo levar o paciente até ao falecimento.
Além disso, a especialista fala sobre estar atento a sinais de sangramentos do sistema digestivo como, por exemplo, fezes escuras com odor intenso, vômito com sangue e sangramento nas gengivas. "Ao notar qualquer um desses sintomas, vale procurar atendimento médico imediato", recomenda.
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