Cada vez mais, os millenials (geração y, nascidos entre 1985 a 1999) relatam casamento sem sexo. Uma pesquisa de 2021 com pessoas entre 18 e 45 anos nos Estados Unidos mostrou que, entre os casados, esse é o grupo mais propenso a ter problemas com desejo sexual. De acordo com os dados colhidos pelo Instituto Kinsey da Universidade de Indiana e pela empresa de produtos eróticos Lovehoney, 25,8% dos millennials casados relataram o problema, contra 10,5% dos casados mais novos da geração Z e 21,2% dos casados mais velhos da geração X.
"Entendo que pode ser difícil lidar com a baixa libido e o desejo diminuído pelo seu parceiro(a). No consultório, ouço todos os dias histórias de pacientes que estão passando por isso e sei que esses sentimentos podem ser devastadores para a autoestima e para o relacionamento como um todo”, relata o endocrinologista e metabologista Igor Barcelos, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
A pergunta é: o que ocorre quando isso começa a desaparecer? Na verdade, ele explica que a redução da libido pode ser causada por vários fatores: questões emocionais e psicológicas, alterações hormonais, baixa autoestima, efeitos colaterais de alguns medicamentos e outros.
Baixa libido não é normal
“É importante lembrar que a baixa libido não é normal. Entendo que pode ser difícil enfrentar essa situação sozinho e é por isso que os profissionais vão ajudar. Depois de uma avaliação, podemos determinar a causa da baixa libido e encontrar o tratamento mais adequado para cada paciente”, destaca Igor Barcelos.
O médico endocrinologista e metabologista enumera alguns passos que vão auxiliar na retomada da libido:
- Mantenha seus hormônios equilibrados
- Melhore sua autoestima, aumentando sua confiança em si mesmo
- Converse com seu parceiro(a) e fale abertamente sobre suas preferências e desejos
- Seja ativo e cuide do seu corpo, pratique exercícios e cuide da sua alimentação
“Já vi relacionamentos serem completamente restaurados graças a esses implantes. A verdade é que a vida sexual é uma parte essencial da vida como um todo e é importante encontrar prazer nessa área. É aí que entra a libido - o desejo e impulso sexual que dá cor e sabor aos relacionamentos”, destaca o médico.
Posicionamento da SBEM
"A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) alerta que tratamentos chamados de regulação ou modulação hormonal não são validados cientificamente e essa modalidade não é reconhecida pela SBEM ou por outras Sociedades Médicas internacionais da área. A entidade esclarece que doenças endocrinológicas podem evoluir com excesso ou falta de hormônios e aquelas que cursam com falta de hormônio devem ser tratadas, mas a utilização de hormônios em pessoas que não apresentam deficiências hormonais está contraindicada. A SBEM acrescenta ainda que não existem estudos que embasem a teoria de que a terapia hormonal em pessoas sem o diagnóstico de deficiência possa aumentar a libido e ressalta ainda que o termo “modulação hormonal” é proibido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 2012.
Ainda de acordo com a SBEM, a utilização de hormônios em situações não avaliadas cientificamente pode ser acompanhada por vários efeitos colaterais e médicos e outros profissionais da saúde que utilizem essas substâncias no tratamento de pacientes sem deficiências e que geram efeitos adversos e complicações, podem ser penalizados pelos conselhos profissionais pela má prática da medicina. Além disso, também podem ser responsabilizados na esfera cível e até penal.
Sobre os implantes hormonais, a SBEM destaca que não há no Brasil nenhum produto que seja aprovado pela Anvisa com testosterona para a terapia da reposição hormonal por esta via. Os implantes com substâncias como a gestrinona ou outros hormônios customizáveis, os chamados “implantes customizáveis”, não possuem avaliação científica adequada, não passaram por avaliação ou aprovação da Anvisa e não são recomendados pela SBEM ou qualquer outra sociedade científica. É importante frisar ainda que tanto a SBEM, quanto a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) já se posicionaram de forma contrária à esta modalidade terapêutica para finalidades de ganho de libido ou mesmo estéticas."