A síndrome do impostor é um fenômeno bastante comum e que afeta muitas pessoas, independentemente da sua posição social, experiência profissional ou grau de especialização. Trata-se da tendência de sentir que não se é tão competente profissionalmente quanto a experiência, treinamento, prêmios ou opinião de outras pessoas sugerem. Essa sensação de fraude pode ser bastante debilitante e limitar o crescimento pessoal e profissional.




 
O tema está sendo cada vez mais discutido. E para somar ao assunto, um artigo publicado na Frontiers in Psychology destacou algumas características-chave de personalidade associadas à síndrome do impostor. E embora a definição seja geralmente aplicada de forma restrita à inteligência e realização, ela tem ligações com o perfeccionismo e o contexto social.
 
De acordo com a terapeuta e master em programação neurolinguística (PNL), Madalena Feliciano, embora a descrição seja tipicamente associada à ideia de inteligência e conquistas, sua relevância também se estende ao perfeccionismo e ao contexto social.

"A síndrome do impostor é caracterizada pela sensação de ser um impostor, constantemente temendo ser revelado como uma fraude e acreditando não pertencer ao lugar onde se encontra, como se tivesse chegado lá apenas por pura sorte. Essa experiência pode afetar qualquer indivíduo, independentemente de sua posição social, experiência profissional, nível de habilidade ou grau de especialização", destaca a terapeuta. 




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Características associadas à síndrome do impostor 

1.Baixa autoestima: indivíduos com síndrome do impostor tendem a ter uma visão negativa de si mesmos e a duvidar de suas habilidades e conquistas.
 
2. Alto grau de neuroticismo: pessoas com síndrome do impostor são mais propensas a experimentar altos níveis de ansiedade, preocupação e autocrítica.
 
3.Atribuição de sucessos à fatores externos e falhas a fatores internos: aqueles que sofrem da síndrome do impostor tendem a atribuir seus sucessos a fatores como sorte, acaso ou ajuda externa, enquanto atribuem suas falhas a falta de inteligência, capacidade ou talento pessoal.




 
4.Autodúvida exagerada: sentimentos de insegurança e dúvida são comuns entre as pessoas com síndrome do impostor, mesmo quando são bem-sucedidas em suas atividades.
 
5.Tendência à procrastinação: a síndrome do impostor pode levar ao adiamento de tarefas ou à evitação de desafios, pois o medo de falhar ou ser exposto como uma fraude é intenso.
 
6. Sensação de falsidade ou isolamento de si mesmo: as pessoas com síndrome do impostor podem sentir que estão enganando os outros ou que são diferentes dos demais, o que pode levar ao isolamento social ou profissional.
 
7.Divergência de auto-outro: indivíduos com síndrome do impostor geralmente acreditam que as expectativas dos outros em relação às suas habilidades são muito altas, enquanto subestimam suas próprias capacidades.




 
8.Necessidade de ser bem-sucedido e alcançar algo significativo: uma pressão interna para alcançar metas elevadas e se destacar constantemente pode contribuir para a síndrome do impostor.
 
9.Valorização excessiva da simpatia alheia:  a opinião e a aprovação dos outros têm um peso significativo para as pessoas com síndrome do impostor, o que pode levar a uma busca constante por validação externa. 

Barreiras para a autoconfiança 

Essas características retratam o perfil complexo de uma pessoa que sofre da síndrome do impostor. Embora possam ter uma visão realista de suas habilidades e limitações, a autodúvida e a insegurança podem prejudicar sua autoconfiança e impedir seu crescimento pessoal e profissional. Conhecer essas características é o primeiro passo para entender melhor a síndrome do impostor e buscar estratégias eficazes para lidar com ela.
 
“Por um lado, essas pessoas tendem a ter uma consciência aguçada de suas forças e limitações, talvez com uma autoconsciência maior do que a maioria. No entanto, essa autoconsciência pode ter um custo, especialmente quando promove a autodúvida e o afastamento de desafios e oportunidades de aprendizado", destaca Madalena Feliciano.




 

Técnicas que ajudam a lidar com a síndrome do impostor e reverter o problema

1. Reconheça e aceite seus sentimentos: o primeiro passo é reconhecer e aceitar que você está experimentando a síndrome do impostor. Entenda que esses sentimentos são comuns e que muitas pessoas enfrentam desafios semelhantes.

 
2. Desafie seus pensamentos negativos: identifique e questione os pensamentos negativos e autocríticos que alimentam a síndrome do impostor. Procure evidências que contradigam esses pensamentos e substitua-os por pensamentos mais realistas e positivos.
 
3. Fale sobre seus sentimentos: compartilhe suas preocupações e sentimentos com pessoas de confiança, como amigos, familiares ou mentores. O ato de verbalizar suas inseguranças pode ajudar a aliviar a pressão e trazer uma perspectiva externa.




 
4. Reconheça suas conquistas: faça uma lista das suas realizações passadas e relembre-se dos desafios que você superou com sucesso. Reconheça e valorize suas habilidades e conquistas. Lembre-se de que você merece estar onde está.
 
5. Não se compare excessivamente aos outros: evite a armadilha de se comparar constantemente com os outros. Lembre-se de que cada pessoa tem seu próprio caminho e suas próprias experiências. Concentre-se em seu próprio progresso e crescimento pessoal.
 
6. Aprenda com os erros e fracassos: encare os erros e fracassos como oportunidades de aprendizado. Em vez de se punir por não ser perfeito, reflita sobre o que você pode aprender com essas experiências e como pode crescer a partir delas.




 
7. Busque apoio profissional: se os sentimentos de síndrome do impostor persistirem e interferirem significativamente em sua vida profissional e emocional, considere buscar a ajuda de um profissional de saúde mental, como um terapeuta. Estes, são capazes de ajudar a explorar os padrões de pensamento negativos e desenvolver estratégias personalizadas para lidar com a síndrome do impostor.
 
“Além dessas técnicas, é importante ser inteligente ao definir suas metas. Metas muito baixas não representam desafios, enquanto metas muito altas raramente são alcançadas, o que permite atribuir falhas a fatores externos. Defina metas realistas e desafiadoras, que o levem a crescer e se desenvolver”, indica Madalena Feliciano.
 
Madalena Feliciano também lembra que superar a síndrome do impostor é um processo gradual e contínuo: "Seja gentil consigo mesmo e tenha paciência. Com o tempo e esforço, é possível desenvolver uma maior confiança em si mesmo e aproveitar plenamente suas habilidades e conquistas". 




Mulheres são mais afetadas 

Segundo uma pesquisa da empresa de recrutamento Hired, mulheres e minorias subrepresentadas têm mais probabilidade de se sentir inseguras em relação às suas habilidades do que seus colegas do sexo oposto. Por exemplo, a pesquisa descobriu que mulheres têm 19% mais chances de se autoavaliar com notas mais baixas do que homens em áreas como programação e engenharia.
 
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Esses dados destacam a importância de abordar a síndrome do impostor como um problema coletivo, não apenas individual. As empresas e organizações podem tomar medidas para criar uma cultura que valorize a diversidade e a inclusão, oferecer treinamentos e mentorias para ajudar a desenvolver habilidades e confiança, e fornecer feedback construtivo e justo para seus funcionários.
 
Madalena Feliciano lembra que,  além disso, é importante abordar a síndrome do impostor como um problema coletivo, trabalhando para criar uma cultura de diversidade e inclusão nas empresas e organizações. Com essas estratégias, é possível superar a síndrome do impostor e alcançar todo o seu potencial pessoal e profissional.

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