Descobrir que não existem espermatozoides ao ejacular pode causar medo e uma frustração muito grande na vida dos homens. Essa condição é chamada de azoospermia, sendo considerado o fator mais grave de infertilidade masculina.
Dados da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva apontam que 1% dos homens em geral podem ser diagnosticados com a condição, e nos casos específicos de infertilidade, a porcentagem pode chegar a 10 a 15%.
“É um grande desafio da infertilidade masculina, quando falamos de azoospermia precisamos diferenciar os dois tipos: a azoospermia obstrutiva e a não-obstrutiva”, explica Matheus Roque, mestre em medicina reprodutiva e diretor da Mater Lab, em São Paulo.
Os dois tipos de azoospermia
Segundo Roque, um exemplo do tipo obstrutivo é quando um homem faz uma vasectomia, dessa forma, ele produz espermatozóides normalmente, mas algum fator interrompe o trajeto ou o caminho que o espermatozoide teria que fazer da região do testículo para que ele possa sair no ejaculado.
Já na azoospermia não obstrutiva, o problema não está no trajeto e sim na produção dos espermatozoides.
"Normalmente algum fator leva aquele testículo a não produzir espermatozoides. Mas o fato desse homem não ter espermatozóides no ejaculado, não significa que ele não possa produzir absolutamente nada. Existem às vezes regiões isoladas do testículo onde eles podem ser encontrados quando partimos para a realização de uma biópsia testicular”, afirma Roque.
Dessa forma, nos casos não obstrutivos, é necessário uma avaliação no paciente para tentar identificar algum fator que possa estar relacionado ao quadro, o que em algumas situações pode significar a identificação de varicocele, alterações hormonais e outros fatores.
É possível reverter?
“Precisamos preparar esse homem e tentar reverter o quadro. Dificilmente voltamos a ter espermatozoide no ejaculado, mas na maioria dos casos podemos partir para uma biópsia testicular à procura de espermatozoides na região do testículo, onde normalmente em 50 a 60% das vezes podemos encontrar espermatozoides. Deste modo, esses espermatozoides que forem achados podem ser utilizados em um tratamento de fertilização in vitro”, ressalta o médico.
Para identificar se um homem tem ou não a doença, é recomendada a realização de um espermograma. Esse tipo de exame faz uma análise microscópica e macroscópica de uma amostra de esperma. Por não ter sintomas aparentes, muitas vezes a doença só é descoberta depois do casais terem dificuldade para engravidar e procurar ajuda.