Certamente, você já deve ter deixado alguma atividade para realizar em um momento específico do dia por entender que, nesse período, seria capaz de executá-la de maneira mais eficiente. Apesar de parecer apenas uma simples preferência pessoal, essas escolhas podem estar ligadas a questões biológicas.
E isso se deve ao fato de que cada pessoa possui um cronotipo diferente, que determina os momentos de maior energia e fadiga com base em um ciclo circadiano de 24 horas. Assim, enquanto o primeiro perfil tem facilidade em dormir e acordar cedo, o segundo já enfrenta resistência e prefere dormir e acordar tarde, optando por uma rotina totalmente diferente.
Normalmente, a regulação do ciclo de sono ocorre pela quantidade de luz à qual se está exposto ao longo do dia, através de um hormônio chamado melatonina. E é durante a noite, quando a luminosidade está reduzida, que o organismo costuma produzir e liberar mais desse neurotransmissor, induzindo o sono.
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"Esse é o processo considerado normal para a maioria das pessoas. No entanto, seja por fatores genéticos, má higiene do sono, condições relacionadas à saúde mental ou mesmo envelhecimento, algumas delas podem apresentar uma alteração no seu padrão fisiológico, trocando gradualmente o dia pela noite e se adaptando a esse novo formato", explica o neurologista do AME Itu, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Maurício Lobato.
De modo geral, a exigência de rotinas e obrigações, muitas vezes, interfere nesse ciclo biológico do indivíduo, levando uma pessoa noturna, por exemplo, a acordar cedo demais, ou uma pessoa matutina a dormir muito tarde. Esse embate entre rotinas e cronotipos pode repercutir negativamente na saúde quando frequente, tornando o dia a dia mais difícil.
A qualidade inadequada do sono acaba por afetar na concentração, memória, aprendizagem, raciocínio lógico, criatividade, humor e aparência. "Em alguns casos, o sono inapropriado e sem qualidade pode também levar a condições médicas como depressão, ansiedade, doenças cognitivas e maior risco de doenças vasculares, como o AVC (acidente vascular cerebral)", reforça o neurologista.
Por isso, para atingir qualidade de sono e desempenhar bem as tarefas do cotidiano, é importante, antes de tudo, entender em qual dos perfis cada um se encaixa, para, assim, buscar ao máximo explorar e respeitar os próprios limites.
"Se você consegue manter-se acordado à noite sem ficar fatigado e, depois disso, ainda ter um sono reparador no período diurno, significa que você é uma pessoa propensa a hábitos mais noturnos. Caso contrário, pode-se dizer que você está mais inclinado a ser uma pessoa diurna", destaca Maurício.
É importante salientar que essas características não são 100% definidas e podem passar por modificações em diferentes fases da vida. Dessa forma, torna-se de extrema importância observar todos os sinais que o corpo dá, para, então, poder tirar o melhor proveito do tempo e, claro, evitar possíveis transtornos de saúde.
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