Um estudo mostra que o tempo de sedentarismo acumulado da infância à idade adulta está associado ao aumento do peso do coração, condição ligada a problemas de saúde mais tarde na vida, como ataques cardíacos e derrames. A pesquisa, apresentada hoje (23/08), na reunião da Sociedade Europeia de Cardiologia, também revela que essa complicação acomete mesmo as pessoas com peso e pressão arterial considerados normais.
"Todas essas horas de tela em jovens se somam a um coração mais pesado, o que sabemos, mediante estudos em adultos, aumenta a probabilidade de ataque cardíaco e derrame", enfatiza, em nota, Andrew Agbaje, pesquisador da Universidade da Finlândia Oriental e autor do ensaio.
O estudo incluiu 766 crianças, sendo 55% meninas. Aos 11 anos, os participantes ficavam sedentários durante, em média, 362 minutos por dia, subindo para 474 minutos diários aos 15 anos e para 531 minutos quando se tornavam jovens adultos, com 24 anos. Segundo os autores, isso significa que o tempo sedentário aumentou em média 169 minutos, cerca de 2,8 horas por dia entre a infância e a vida adulta.
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Conforme o artigo, aos 11 anos, as crianças usaram um smartwatch com rastreador de atividades durante sete dias, o que foi repetido nas outras etapas do estudo. O peso do ventrículo esquerdo do coração foi avaliado por ecocardiograma, um tipo de ultrassom, aos 17 e aos 24 anos. Em seguida, os pesquisadores analisaram a associação entre tempo sedentário vivido entre 11 e 24 anos e as medidas cardíacas.
Responsabilidade dos pais
Depois de considerar outros fatores de risco, como tabagismo e gordura corporal, os cientistas concluíram que o aumento de 169 minutos de sedentarismo na rotina gerou o equivalente a um aumento de 3g na massa ventricular do lado esquerdo do coração. Outra pesquisa, feita com adultos, revelou que um aumento semelhante ocorrido durante um período de sete anos foi associado a um risco duas vezes maior de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e morte.
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"Nosso estudo indica que o acúmulo de tempo inativo está relacionado a danos cardíacos independentemente do peso corporal e da pressão arterial. Os pais devem incentivar as crianças e os adolescentes a se movimentarem mais, levando-os para passear e limitando o tempo gasto nas redes sociais e nos videogames", ressalta, em nota, o autor do ensaio.