Ela cuida dos clientes como se fossem da família. Sai para comprar roupa junto, escolhe o visual da pessoa para cada tipo de ambiente, e também as melhores cores e os acessórios mais adequados. Mas antes disso ela é só ouvidos: escuta as questões dos clientes, o que incomoda, o que é confortável e, principalmente, que mensagem eles pretendem passar. Mais do que uma consultora de imagem, Flávia Braga é um daqueles anjos que sorri com os olhos e que dá sugestões maravilhosas a quem lhe contrata. Nessa entrevista ao Bem Viver, ela fala da profissão e da importância da consultoria de imagem em um mundo cada vez mais imagético. 





Como você se interessou pela consultoria de imagem?

Comecei minha carreira na indústria: era botina e uniforme todos os dias. Depois desse caminho na indústria, passei a trabalhar numa empresa em que não se exigia e nem tinha uniforme. Na verdade, trabalhar nessa empresa aqui em Belo Horizonte era uma situação super nova pra mim. Nunca tinha passado por essa experiência de ter que trabalhar com as minhas próprias roupas. Então, travei na hora e tive que fazer uma compra usando o meu bom senso para fazer minhas escolhas. Com o passar do tempo, eu vi que esse meu bom senso me levou a um caminho de viver no automático. Ao sair para trabalhar, era calça, blusa e sapatilha, mesma coisa todos os dias. Isso fez com que eu já não tivesse mais graça ao me arrumar para o trabalho, o que começou a impactar também o meu desempenho, o meu ânimo e tudo mais. Em seguida, eu segui um sonho de infância que era ter uma loja de roupa e, por conta dessa experiência, abri uma loja de roupa especializada em moda de trabalho feminina. Essa loja foi online e, em paralelo à loja, me formei em consultoria de imagem. Aí, ficava dando dicas de consultoria nessa loja e, de uns quatro anos para cá, eu fiquei exclusivamente com a consultoria de imagem. Porque eu percebi que eu era melhor consultora que vendedora. E percebi que ajudo a pessoa não só no trabalho, mas em todas as frentes da vida dela. Porque não adianta você se vestir bem no trabalho e não estar nem aí para o lazer, por exemplo. Fica parecendo que um dos dois é fantasia. Então, hoje eu estou exclusivamente para a consultoria de imagem. 
 
 

O que faz uma consultora de imagem?

Eu, como consultora de imagem, tenho um lema: eu ajudo as pessoas a usarem a imagem como chave para abrir as portas do que desejam. O meu processo de aconselhamento é desenvolvido a partir de uma pesquisa que fala o seguinte: quando uma pessoa te conhece, o cérebro dela cria uma impressão de você, sendo que 93% dessa impressão é devido a sua linguagem não verbal. A partir disso, a gente prova que sua imagem fala por você. Por isso é que a primeira pergunta que eu faço na consultoria é “Qual mensagem você quer passar com a sua imagem?”. Essa resposta é o nosso processo todo. A partir daí, auxilio a  pessoa desde a identificação de estilo - que é a parte de autoconhecimento mesmo -, para entender o que realmente é importante para ela, que a deixa confortável de usar. Depois disso, é colocar a mão na massa para que ela monte looks que tragam a essência dela (analiso o guarda-roupa, observo o cabelo, faço compras com a pessoa), que tragam essa mensagem que ela quer passar para que seja entendida sem ter que se explicar muito. Às vezes, a consultoria de imagem é confundida com moda, e não é. A moda não necessariamente é uma solução. Às vezes, passo um processo inteiro de consultoria de imagem sem falar de moda com as pessoas. Minha preocupação é com que a pessoa se arrume e se olhe no espelho com segurança, para que ela consiga usar a comunicação não verbal de uma forma assertiva, seja no trabalho, seja na vida pessoal.
 
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Qual é a influência das cores no seu trabalho?

As cores, por exemplo, transmitem sensações. A arquitetura usa muito disso. Na consultoria, a gente também usa para o que a pessoa veste. Se ela vai usar preto e não branco, se ela vai usar laranja e não rosa. A análise de cores é algo que já pegou. A etapa de cores é o que faz a pessoa entendê-las; o que fica bem para ela e quais cores a valorizam. Vejamos um exemplo: o laranja transmite muita energia, dinamismo e modernidade. Às vezes, a pessoa vai fazer uma dinâmica que precisa da movimentação, precisa da proatividade dos interlocutores. O laranja, portanto, é uma boa cor para ser usada.




A consultora de imagem e a cartela de cores

(foto: Fabrício Lourenço/Divulgação)

Qual é a diferença entre consultor de imagem, personal stylist e visagista? 

Uma comparação que eu acho válida é entre o consultor de imagem e o personal stylist,  porque é o que as pessoas mais confundem. A diferença básica é que o personal tem um trabalho voltado para uma determinada ocasião, para ajudar a pessoa a estar adequada naquela ocasião, valorizando a roupa. Ele acaba usando muito da moda para trazer essas referências para que a pessoa consiga transmitir o que ela deseja naquela ocasião. Já o consultor de imagem olha mais para a pessoa. O meu foco maior é a pessoa para que ela passe não só numa ocasião, mas que ela consiga transmitir o que ela deseja na  vida dela, inclusive para ela no espelho. Para que as características da personalidade dela sejam coerentes com o que ela usa e vice-versa. Já o visagista é o profissional que olha muito para o rosto da pessoa. Ele tem uma leitura do que o nosso rosto transmite para que ele indique o que fica melhor no cabelo, sobrancelha, procedimentos que podem ser feitos para que isso tudo faça parte do objetivo da pessoa na transmissão de imagem. O visagismo é uma etapa da minha consultoria de imagem. Dentro do meu processo de consultoria de imagem, a pessoa passa por um visagista para que ela entenda o cabelo que ela pode ter e seja coerente com tudo o que ela vai passar a usar.

As pessoas têm se preocupado mais em se apresentar bem para uma entrevista de emprego, para um evento oficial ou até mesmo para eventos de lazer. A que se deve isso?

Devo a duas questões. A informação está chegando cada vez mais rápido. As pessoas estão percebendo cada vez mais que elas falam “de boca fechada” e que nossos interlocutores fazem uma leitura da gente antes mesmo de a gente contar nossas histórias. A partir disso, elas conseguem perceber que não é só se apresentar bem para o outro. Eu mostro que, ao se olhar no espelho, a pessoa deve entender e estar confortável para que na hora de uma entrevista de emprego, por exemplo, o que ela está usando não seja uma preocupação para ela. Quando alguém está seguro com o que está usando, o comportamento dela vai demonstrar segurança e o contrário também acontece. O segundo fato é a pandemia. Com ela, as pessoas passaram a olhar mais para si mesmas e o resgate da autoestima passou a ser uma necessidade maior. Entender o que combina com ela, parar de gastar dinheiro com o que está parado no guarda-roupa. Arrumar-se se transforma numa ferramenta que faz com que a pessoa se sinta bem ao se olhar no espelho. 

A consultoria de imagem é um serviço considerado caro? Quais são os “pacotes”?

Já ouvi algumas vezes que a minha consultoria “foi o melhor investimento que eu fiz” naquele momento para ela, e que percebeu o valor para os objetivos dela. Isso para mim é impagável. Existe uma cultura de que somente as celebridades ou pessoas que aparecem na TV fazem consultoria de imagem, que é uma coisa afastada da maioria das pessoas. Mas as pessoas estão sentindo que está mais perto. Algumas olham no Google e ficam surpresas de que estou em Belo Horizonte e não em São Paulo, e ainda atendo presencialmente. A minha preocupação é que a pessoa comece, porque a consultoria é um processo a quatro mãos. A pessoa tem que querer para que consiga evoluir. Tenho uma conversa prévia até mesmo para perceber se a pessoa está pronta para o processo completo. Há pessoas que fazem uma das oito etapas e está tudo certo. Para me encontrar, é fácil. No Instagram: @flaviabragaconsultoria ou (31) 99635-2884.

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