Hoje (29/8) é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. A data tem por objetivo conscientizar a população sobre os riscos à saúde relacionados ao consumo de tabaco. Abandonar o tabagismo é um desafio, e para deixar o vício, fumantes optam por estratégias diversas, entre elas o uso de dispositivos eletrônicos, conhecidos como “vapes” ou “pods”, introduzidos no mercado como uma estratégia para substituir o cigarro tradicional.





Segundo o coordenador do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC, William Nassib William Junior, no entanto, o uso dos cigarros eletrônicos não é seguro, especialmente para adultos jovens ou mulheres grávidas, uma vez que a presença de nicotina nesses dispositivos pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro em indivíduos com menos de 20 anos.

De acordo com o estudo Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão sistemática e meta-análise, conduzido pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e publicado em 2022, o uso de cigarros eletrônicos aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro tradicional. “Além de não ser um método seguro para quem quer parar de fumar, os cigarros eletrônicos também causam dependência, acarretando uma série de outros problemas de saúde”, explica o especialista.

PROIBIÇÃO 

Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a fabricação e a comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil, o que torna o produto ilegal no país. Sem a regulamentação, não há fiscalização sobre a composição, procedência ou até mesmo a segurança para o uso de cigarros eletrônicos.





De acordo com pesquisa recente apresentada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), mais de 2 milhões de brasileiros afirmaram ter usado o dispositivo com o objetivo de deixar o cigarro tradicional, e outros 6 milhões de pessoas fumantes disseram já ter experimentado o cigarro eletrônico em algum momento.

CÂNCER 

William Junior explica que a quantidade de substâncias tóxicas no cigarro eletrônico é menor do que no cigarro tradicional. No entanto, o efeito desses componentes a longo prazo não é conhecido. Como o cigarro eletrônico pode ser socialmente mais aceito, não se sabe se a frequência maior de uso do cigarro eletrônico pode acabar sendo danosa a longo prazo também. A curto prazo, além dos efeitos deletérios da nicotina, o cigarro eletrônico pode provocar inflamações severas nos pulmões.

“Ainda não foi estabelecida uma relação direta entre o uso de cigarros eletrônicos por jovens e o desenvolvimento de câncer. Entretanto, é importante destacar que diversas substâncias presentes nos cigarros eletrônicos são conhecidas por serem cancerígenas”, comenta o coordenador da SBOC. “Embora a quantidade dessas substâncias seja aparentemente menor em comparação com os cigarros tradicionais, isso não significa que os cigarros eletrônicos sejam seguros”, acrescenta.





Entre os principais problemas de saúde associados ao uso desses dispositivos estão a inflamação nos pulmões, o atraso no desenvolvimento cerebral (devido à presença de nicotina) e a dependência química causada pela nicotina.

O oncologista clínico recomenda que aqueles que desejam parar de fumar busquem orientação médica. “Atualmente, existem diversas opções, tanto não medicamentosas quanto medicamentosas, que podem ser muito úteis no auxílio para abandonar o hábito. Ter apoio profissional pode significar aumentar as chances de sucesso nesse processo.”

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