Pessoa sentada em uma ponte, aparece somente as pernas

Informação é essencial para oferecer ajuda. Psicólogo alerta que falar sobre o suicídio e desmitificar o tema pode, inclusive, reduzir tendências suicidas

Yuri Catalano/Unsplash


O suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo sendo mais de 700 mil casos, de acordo com o levantamento mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) feito em 2019. E o mês de setembro foi escolhido para a campanha de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, conhecida como Setembro Amarelo. A data é lembrada no dia 10 e foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e endossada pela OMS. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a importância de falar abertamente do tema e apoiá-las por meio da informação. Para isso, é importante também desmitificar o assunto para que não atrapalhe o diagnóstico do paciente.

“Em primeiro lugar, é importante entender que suicídio não se trata de acabar com a própria vida, mas sim de querer se livrar um sofrimento insuportável. A pessoa está tão sobrecarregada por uma dor tão intensa que acaba vendo no suicídio sua única saída, esclarece o doutor e especialista em psicologia por evidência, Jan Luiz Leonardi.

Jan Luiz Leonardi destaca os quatro mitos mais comuns sobre o suicídio. Saiba quais são para, se necessário, conseguir assessorar quem precisa dea ajuda. 


Mito#1: Pessoas que ameaçam se matar o fazem apenas para chamar a atenção

Na realidade, a maior parte das pessoas que tentaram tirar a própria vida havia expressado, falado ou dado sinais sobre seus pensamentos suicidas anteriormente. É bastante comum que esses indivíduos tenham compartilhado seus sentimentos de desesperança e concepção suicida, em dias ou semanas que antecederam o ato. Logo, é preciso levar a sério qualquer menção de suicídio.


Mito#2: Falar sobre suicídio pode aumentar tendências suicidas

Pelo contrário, alguns resultados sugeriram que falar sobre suicídio poderia reduzir as tendências suicidas, provavelmente porque revelar tais inclinações para os outros possa aumentar a probabilidade de obter ajuda. Uma revisão das pesquisas sobre este tópico foi feita e não revelou nenhuma associação entre falar sobre suicídio e comportamento suicida.

Mito#3: As taxas de suicídio atingem o pico durante o inverno.

Cento e treze estudos de diferentes países sobre a relação entre suicídio e as estações do ano questionam essa crença. O que se descobriu é que as taxas mais altas de suicídio ocorreram na primavera, seguidas pelo verão. Ou seja, o suicídio pode ocorrer a qualquer momento do ano e, por isso, precisamos estar sempre vigilantes, afinal a prevenção do suicídio é uma responsabilidade de todos.

Mito#4: A depressão é quase sempre a causa do suicídio

Essa crença, amplamente aceita, pode levar as pessoas a evitar ou minimizar o risco de suicídio se a vítima não estiver deprimida. Porém, pesquisas acadêmicas mostraram que outros quadros estão relacionados ao comportamento suicida, como o uso de substâncias (17,6%), esquizofrenia (14,1%) e transtornos de personalidade (13,0%). Precisamos prestar atenção não apenas às pessoas que têm transtornos diagnosticáveis, pois não é necessário ter um deles para estar em risco de suicídio. 

Risco e prevenção

Jan Luiz Leonardi reforça a importância de entender que esses fatores de risco não atuam de forma isolada, frequentemente eles se interconectam e potencializam, seja por “experiências de vida traumáticas, abuso ou negligência, transtornos psiquiátricos, ausência de apoio social, violência doméstica, impulsividade, perfeccionismo, histórico de bullying e humilhação”. 

Segundo opsicólogo, a prevenção do suicídio envolve uma abordagem multifacetada que inclui intervenções da saúde pública, medidas de promoção de qualidade de vida, cuidados com a saúde mental, educação sobre o assunto, diminuição do estigma em torno do suicídio e melhoria do acesso ao tratamento.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e confidencial 24 horas por dia. Basta telefonar para o número 188. Além disso, é fundamental buscar ajuda de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, que podem oferecer tratamento eficaz. Também existem guias que fornecem informações valiosas sobre o tema, como "Suicídio: Informando para Prevenir".