Limitar o tempo de televisão das crianças pode ser uma das formas de ajudar a proteger a saúde delas no futuro. Essa é a conclusão de um estudo da Universidade de Otago (Nova Zelândia), que acrescentou peso à evidência de que assistir muita televisão quando criança pode levar a problemas de saúde na idade adulta. "Estamos falando da síndrome metabólica, um conjunto de condições, incluindo pressão alta, açúcar elevado no sangue, excesso de gordura corporal e níveis anormais de colesterol. O estudo mostrou que crianças que assistiram mais de duas horas de TV por dia tendem a ter essas condições, que levam a um risco aumentado de doenças cardíacas, diabetes e derrame", destaca a endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio De Janeiro (SCMRJ), Deborah Beranger.
O tempo de visualização da televisão foi perguntado aos 5, 7, 9, 11, 13 e 15 anos. Em média, eles assistiram pouco mais de duas horas por dia da semana. "Aqueles que assistiram mais tiveram um risco maior de síndrome metabólica na idade adulta. Mais tempo assistindo televisão na infância também foi associado a um maior risco de sobrepeso e obesidade e menor aptidão física", diz a médica.
De forma geral, os meninos assistiam um pouco mais à televisão do que as meninas e a síndrome metabólica era mais comum nos homens do que nas mulheres (34% e 20%, respectivamente). A ligação entre o tempo de televisão na infância e a síndrome metabólica adulta foi observada em ambos os sexos, e pode até ser mais forte em mulheres.
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Houve pouca evidência de que assistir menos televisão quando adulto reduzia a associação entre assistir televisão na infância e a saúde do adulto. Como qualquer estudo observacional, os pesquisadores não puderam provar que a associação entre assistir à televisão em uma idade jovem causa diretamente a síndrome metabólica do adulto, existem vários mecanismos plausíveis pelos quais tempos mais longos de exibição de televisão podem levar a problemas de saúde a longo prazo. "Ver televisão tem baixo gasto de energia e pode deslocar a atividade física e reduzir a qualidade do sono. Na infância, aprendemos muitos dos nossos hábitos e, no futuro, temos dificuldades para mudar. Assistir televisão não é o problema em si, mas sim o sedentarismo. Criança que não se acostuma a gastar energia e comer bem tem maior probabilidade de, no futuro, ter maus hábitos de vida", diz a endocrinologista.
A endocrinologista ainda afirma que o tempo de tela também favorece maior ingestão de alimentos, com as crianças consumindo mais bebidas açucaradas e produtos dietéticos ricos em gordura com menos frutas e vegetais. "Embora a televisão possa ser desligada na vida adulta, esses hábitos podem persistir", diz a médica.
Os resultados são importantes porque os tempos de tela aumentaram nos últimos anos com as novas tecnologias. "As crianças hoje têm muito mais acesso ao entretenimento baseado em tela e passam muito mais tempo sendo sedentárias. É provável que isso tenha efeitos ainda mais prejudiciais para a saúde dos adultos. Essas descobertas dão suporte à recomendação da Organização Mundial da Saúde de que crianças e adolescentes devem limitar seu tempo de tela recreativo", aponta Deborah Beranger.
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