uma mão segura um hambúrguer e a outra uma maçã vermelha e outra verde

Entre os vegetais ricos em ferro, estão: feijões, semente de gergelim, castanha de caju, taioba, espinafre (foto)

G.C./Pixabay


Nos dias atuais, é bastante frequente ouvirmos relatos de mulheres enfrentando problemas como queda de cabelo, aparência indesejada da pele, fragilidade nas unhas, e outros desafios similares. E se eu lhe disser que essas questões podem ter raízes mais profundas do que simplesmente cuidados externos negligenciados? É o que afirma a nutricionista Patrícia Soares Alves Lara, especialista em oxidologia e bioquímica celular, com aperfeiçoamento em medicina biomolecular, regenerativa e anti-aging, sócia-fundadora da Clínica Soloh de Nutrição.

Em vídeo divulgado em suas redes sociais, a nutricionista relata que num só dia de atendimento, de sete pacientes mulheres atendidas, seis estavam com nível muito baixo de ferritina - proteína produzida pelo fígado usada nos exames laboratoriais para medir a reserva de ferro do organismo: "O problema do baixo nível de ferritina é que, sem essa reserva de ferro, seu músculo e seu cérebro não vão funcionar direito. Quantas mulheres estão achando que estão com depressão, por exemplo, quando, de fato, estão com anemia”.

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A nutricionista Patrícia Lara explica que a falta de ferro corresponde a uma doença mitocondrial, a mitocôndria fica sem energia para funcionar devido ao problema que a baixa ferritina gera na entrega de oxigênio às células: “Coceiras, perda de memória, falta de vontade, nisso incluímos também a baixa libido, a fraqueza muscular, as dores musculares, são sintomas associados à falta de ferro. As aftas podem estar associadas a isso, doenças de excesso de produção de ácido no estômago podem estar associados a isso”. A nutricionista alerta ainda que  a ferritina é um parâmetro de análise, porém, num processo infeccioso ela se mostra alta quando de fato ela não está. 

Anemia x hipotireoidismo

Nutricionista Patrícia Soares Alves Lara

Nutricionista Patrícia Soares Alves Lara, especialista em oxidologia e bioquímica celular, diz que muitas mulheres estão com baixo nível de ferritina é que, sem essa reserva de ferro, o músculo e cérebro não vão funcionar direito

Arquivo Pessoal
Patrícia diferenciou ainda o quadro de anemia do hipotireoidismo: “Quedas de cabelo, problemas de pele notáveis, unhas fragilizadas, podem ser indicativos de hipotireoidismo? Sim, é possível. No entanto, quando você experimenta uma deficiência cognitiva significativa, fraqueza e dores musculares persistentes, manchas inesperadas na pele, coceiras incomuns, dores musculares intensas, todos esses sinais podem apontar para a presença de anemia."
A nutricionista fez um outro alerta em relação à absorção do ferro. Segundo ela, certos problemas de absorção de ferro podem persistir mesmo quando incorporamos fontes alimentares de ferro à alimentação. “Há uma molécula no intestino denominada hepcidina, que surgiu recentemente em pesquisas, com menos de dez anos de estudo. Essa molécula tem sido associada a dificuldades na absorção de ferro em pessoas que têm síndrome dos ovários policísticos, estão passando por momentos de alto nível de cortisol no organismo, sofrem de hipercortisolismo ou enfrentam inflamações simples, como uma candidíase ou disbiose. Todas essas condições podem prejudicar a absorção de ferro através da hepcidina, e corrigir essa molécula é um desafio. Portanto, simplesmente aumentar a ingestão de ferro na dieta ou tomar suplementos de ferro por via oral pode não ser eficaz". 

Nesse sentido, Patrícia aponta a importância do auxílio profissional e explica que, em muitos casos, pode ser necessário recorrer à aplicação de ferro endovenoso. “É importante comunicar o seu médico sobre sua suplementação e dieta de controle de ferro, especialmente se seus níveis de ferro não estão melhorando. Sintomas persistentes merecem atenção, como o cansaço constante, a dificuldade em lembrar de coisas simples e as dores musculares contínuas. Inclusive, dores de cabeça são comuns em casos de anemia por deficiência de ferro".

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Portanto, é crucial ter uma conversa franca com seu médico: "Um bom nutricionista saberá realizar exames adequados para avaliar a situação, e enquanto você segue orientações alimentares e de suplementação, é fundamental continuar atento. Pode ser necessário recorrer a uma abordagem endovenosa do ferro, o que apenas um médico pode prescrever. Infelizmente, essa necessidade tem ocorrido com mais frequência do que o esperado. Portanto, esteja atento. A molécula hepcidina é bastante complexa e pode dificultar a absorção eficaz de ferro, tornando o tratamento endovenoso muitas vezes necessário. Essa é uma orientação importante a ser considerada”, destaca a nutricionista.