Você já recebeu duas doses da vacina contra COVID e uma ou duas doses de reforço (dependendo da sua idade), então, seu esquema vacinal está completo e não precisa mais se preocupar com isso. Se está pensando isso, vale repensar e ir agora mesmo tomar a bivalente. Além disso, segundo especialistas, não é preciso esperar por versões atualizadas do imunizante.
"Ter vacinas disponíveis na mais nova versão do vírus [Sars-Cov-2] é algo praticamente impossível", diz Renato Kfouri, presidente do departamento de imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): "Não vamos esperar a última versão de uma nova vacina porque assim que chegar aqui vai ter outra variante circulando."
A opinião é compartilhada por Raquel Stucchi, infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): "Teremos as vacinas atualizadas para as novas variantes para o ano que vem, provavelmente, não será para este ano", diz Stucchi. "Então, com o objetivo de diminuir o risco de termos uma nova onda de internações com pacientes graves, é importante que as pessoas atualizem a sua vacinação já."
Atualmente, o reforço com a bivalente está disponível para todo o público acima de 18 anos de idade. Quem ainda não tomou uma nova dose pode buscá-la em Unidades Básicas de Saúde.
As bivalentes são versões atualizadas dos imunizantes contra COVID contendo a cepa original de Wuhan combinada com a ômicron, atualmente a predominante em todo o mundo.
Leia: COVID-19: estudo da Uerj mostra segurança de vacina em jovens.
O estado de São Paulo disponibiliza um site no qual é possível encontrar postos de vacinação próximos.
A Prefeitura de São Paulo mantém o site De Olho na Fila, em que é possível verificar os postos em funcionamento na cidade e as vacinas disponíveis em cada um deles.
Reportagem de junho da Folha de S.Paulo mostrou que, até aquele mês, só 13% do público elegível no Brasil havia tomado a dose bivalente, com uma cobertura especialmente baixa entre os mais jovens.
As cepas encontradas no Brasil
Segundo Kfouri, as cepas encontradas em circulação pelo país atualmente são subvariantes da ômicron. Isso leva a uma boa ação do imunizante bivalente da Pfizer disponível no Brasil, desenvolvido já com subvariantes da ômicron (mais especificamente a linhagem BA.4/5) em mente.Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou o primeiro caso no Brasil de detecção da linhagem EG.5, que descende da XBB.1.9.2, que por sua vez é derivada da XBB.1.5 da ômicron. A EG.5 foi reportada pela primeira vez em 17 de fevereiro e é considerada uma subvariante de interesse.
Kfouri ressalta que ainda não é possível ter uma previsibilidade na COVID semelhante ao que se vê na gripe, na qual é possível antever com um grau razoável de segurança qual será a cepa dominante no hemisfério Sul no próximo ano.
Leia: COVID e gripe: vacina combinada tem alta resposta imune, diz estudo.
Dessa forma, a vacina para o ano seguinte começa a ser preparada no ano anterior: "Isso faz com que a gente tenha tempo o suficiente para produzir vacinas com pareamento maior do que está na vacina e do que está circulando", diz o especialista.
O presidente do departamento de imunologia da SBP defende, ainda, a ideia de ampliação da aplicação da bivalente para maiores de 12 anos. "O ministério necessita diminuir urgentemente a idade", afirma.
Entre os dias 20 e 26 de agosto, houve 143 mortes por COVID e 13.161 novos casos da doença no país. Os números representam um aumento de 23% e 61% respectivamente em relação à semana epidemiológica anterior, de 13 a 19 de agosto. Os dados são do Ministério da Saúde.
*Para comentar, faça seu login ou assine