A campanha Setembro em Flor, de conscientização sobre câncer ginecológico, criada pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) ganhou um reforço importante em 2023: a atriz Marieta Severo se tornoua madrinha da iniciativa Setembro em Flor - campanha de conscientização sobre câncer ginecológico. A ação ocorre no dia 12 de setembro, em Brasilia (DF) e visa alertar sobre prevenção e acesso ao diagnóstico e tratamento de câncer de colo do útero, ovário, endométrio e outros tumores do aparelho reprodutor feminino.
Dentre as atividades da programação do Setembro em Flor deste ano, cujo tema será “Diversidade, inclusão e a busca por equidade na assistência à paciente com câncer ginecológico”, haverá o Fórum de Conscientização do Câncer Ginecológico e a busca por mudanças de políticas públicas.
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam para 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil até 2025. O câncer ginecológico é um dos mais incidentes nas mulheres, sendo que os três órgãos do sistema reprodutor feminino mais acometidos por tumores malignos são os de colo do útero, ovário e corpo do útero (endométrio), que somam 32,1 mil novos casos anuais, o que representa 13,2% de todos os casos de câncer diagnosticados nas brasileiras.
Campanha Setembro em Flor
A campanha que marca o mês de conscientização do câncer ginecológico foi criada em 2021 pela oncologista clínica Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, diretora do EVA e coordenadora de Advocacy. A ação surgiu de uma carência de conhecimento da população brasileira sobre os tipos de cânceres que acometem o aparelho reprodutor feminino: câncer de colo de útero, ovário, endométrio, vagina e vulva. Durante as atividades, que ocorrem anualmente em setembro, o foco é conscientizar a população feminina sobre os sintomas e formas de prevenção.
“A maior conquista da campanha foi a criação de um canal para falarmos de câncer ginecológico em todos os seus aspectos. Trouxemos conscientização, alerta sobre sinais e sintomas dos cânceres ginecológicos para diagnóstico precoce, novas formas de diagnóstico e tratamento, utilizando diversos canais de comunicação, como redes socais com divulgação de posts, além da realização de lives com médicos, profissionais e agentes de saúde e parceiros”, reflete Andréa Paiva Gadêlha Guimarães.
Vacina contra o HPV
O papilomavírus humano (HPV) é um vírus que pode causar câncer do colo de útero e verrugas genitais. Geram lesões benignas, pré-invasivas ou invasivas, como o câncer de colo do útero (responsável por 99,7% dos casos) e outros tipos de câncer de órgãos genitais. Outro dado aponta que 80% da população sexualmente ativa contrai a infecção pelo HPV pelo menos uma vez na vida.
A vacinação contra o HPV é um dos grandes aliados para o controle dessa doença. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza gratuitamente a vacinação desde 2014, sendo indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres até os 45 anos que vivem com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e vítimas de violência sexual. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também recomendam a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos, o mais precoce possível.
Mesmo que as vacinas sejam as mais estudadas do ponto de vista de eficácia e segurança, a adesão no Brasil é baixa, longe do ideal de 80% de imunização. Em 2020, 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da vacina. Entre os meninos de 11 a 14 anos, a taxa dos que completaram o ciclo vacinal foi de apenas 36,4%. Em razão da baixa adesão às campanhas de vacinação contra HPV e gargalos no acesso ao exame Papanicolau, o Brasil apresenta alta incidência e mortalidade por câncer de colo do útero: 6,5 mil morrem pela doença todos os anos. No mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 331 mil mulheres mortas em decorrência da doença.
Outros tumores ginecológicos
Os tumores ginecológicos se diferenciam quanto aos fatores de risco, conforme local de origem. Se por um lado o câncer de colo do útero, como já descrito, tem o HPV como fator causal, o câncer do corpo do útero (ou endométrio) vem apresentando crescimento de incidência nos últimos anos provavelmente por conta da obesidade. O câncer de corpo do útero é responsável por 7.840 novos casos e pela morte de mais de 1.800 mulheres/ano no país e não há um método eficaz para rastreamento.
O câncer de endométrio tem como principal fator de risco a obesidade, mas os principais sintomas são sangramento uterino anormal e desconforto pélvico, que podem alertar à mulher para necessidade de procurar por atendimento médico e assim, há mais chances de diagnóstico e tratamento precoces.
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O câncer de ovário, com 7.310 novos casos anuais no país, é o terceiro tumor ginecológico mais comum e é o que apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres femininos. “É chamado de tumor silencioso, por não apresentar sintomas específicos e pela ausência de métodos eficazes de rastreamento”, explica o presidente do EVA, Glauco Baiocchi Neto. Ainda segundo o especialista, alterações genéticas podem estar presentes em 25% das pacientes com câncer de ovário e a história familiar de câncer de mama e ovário devem sempre ser sinais de alerta.
“Os testes genéticos tornam-se importantes ferramentas não só para definição de tratamento, mas para aconselhamento genético aos familiares”, acrescenta.
“Os testes genéticos tornam-se importantes ferramentas não só para definição de tratamento, mas para aconselhamento genético aos familiares”, acrescenta.
Apesar dos avanços em prevenção e tratamento, a taxa de mortalidade no Brasil não tem diminuído satisfatoriamente devido a diagnósticos com doença avançada e atraso para início do tratamento, conforme estudo recente de membros do grupo EVA.
Sintomas de tumores ginecológicos
Embora muitos tumores se apresentem de forma assintomática, principalmente nos estágios iniciais, a maioria se desenvolve com os seguintes sintomas:
- Sangramento vaginal fora do ciclo menstrual
- Sangramento vaginal na menopausa
- Sangramento vaginal após a relação sexual
- Corrimento vaginal incomum
- Dor pélvica
- Dor abdominal
- Dor nas costas
- Dor durante a relação sexual
- Abdômen inchado
- Necessidade frequente de urinar