Thiago Felipe de Souza, de 31 anos, treina desde os 16. Inicialmente, focava apenas na musculação para ganhar massa muscular. Atualmente, além de ser professor de educação física, é coach, praticante de crossfit, atleta de corrida de rua e de obstáculos. Ele sabe bem como usar os suplementos alimentares de forma apropriada, os quais fazem parte de sua rotina, dada a variedade de atividades que pratica.





O atleta explica que, há 15 anos, não utilizava suplementos devido à falta de conhecimento e um certo preconceito sobre esses produtos. "Após aprofundar minha pesquisa em suplementação, comecei a usar ‘whey protein’, creatina e polivitamínico. Quando iniciei o curso de educação física, busquei acompanhamento de um nutricionista e pude otimizar meus resultados", relembra.



Para maximizar os efeitos dos treinos, é crucial combinar uma alimentação balanceada com suplementos, se necessário. A nutricionista esportiva Alessandra Paula Nunes ressalta que “uma alimentação equilibrada é a base, obtida principalmente pelo consumo de alimentos naturais ou minimamente processados”.

(foto: Arquivo pessoal)
 Em muitos casos, o uso de suplementos não é essencial. No entanto, a especialista explica que em esportes com elevado gasto calórico e rotina de treinos intensa, a suplementação deve ser considerada para suprir carências nutricionais de forma consciente e segura, por meio de avaliação clínica.





Thiago sempre consulta sua nutricionista para equilibrar a ingestão de suplementos com uma dieta saudável e variada. Seu objetivo principal é alcançar alta performance. Dada sua rotina intensa de treinamento, que exige força, velocidade e potência muscular, a suplementação desempenha um papel fundamental na recuperação muscular, disposição para treinar, força e resistência. "Alguns suplementos são essenciais para mim, mas minha nutricionista ajusta a dieta e a suplementação conforme minha rotina e alimentação, o que faz uma grande diferença no meu desempenho", afirma Thiago.

EFEITOS COLATERAIS 

Excesso é prejudicial e, no caso de suplementos alimentares, os riscos são maiores devido às altas concentrações de nutrientes ou substâncias ativas. Alessandra relata que, em sua prática clínica, observa desde efeitos simples, como inchaço, problemas intestinais (como constipação ou diarreia), aumento da acne, dores de cabeça, insônia e reações alérgicas até problemas graves, como disfunção hepática e renal.

O empreendedor William Novaes sentiu desconforto intestinal ao usar suplementos sem orientação: procurou ajuda profissional e identificou sensibilidade à lactose e cafeína

(foto: Arquivo pessoal)
O empreendedor William da Silva Novaes, de 34 anos, passou por uma situação semelhante. Ele introduziu suplementos alimentares em sua dieta para emagrecer e melhorar o desempenho, sem orientação inicial. No entanto, ao enfrentar desconforto intestinal após algumas semanas, procurou ajuda profissional. Identificou uma sensibilidade à lactose e cafeína como causas do desconforto. Hoje, pratica musculação, crossfit e corrida de rua, seguindo orientações nutricionais, incluindo ‘whey protein’ isolado, fibras, saladas e frutas.



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No caso de Thiago Felipe, sua jornada destacou a importância da nutrição e suplementação adequadas para atingir suas metas. "Durante muitos anos, tentei fazer tudo sozinho por meio de pesquisa, mas percebi que, com o acompanhamento profissional, podemos alcançar nossos objetivos de maneira mais eficaz, gastando menos com suplementos e mantendo uma alimentação adequada."

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.  

SAIBA MAIS

Propaganda enganosa 
No mês passado (7/8), a Anvisa proibiu a fabricação, a comercialização, a distribuição, a propaganda e o uso suplementos alimentares das marcas Visipro, Sulinex e Ocularis. De acordo com a agência, os itens eram divulgados irregularmente em sites, com indicação para tratamento de problemas de visão como catarata, glaucoma e degeneração macular. No comunicado, a Anvisa alerta quanto às propagandas de produtos “com promessas milagrosas”, veiculadas na internet e em outros meios de comunicação, que prometem prevenir, tratar e curar doenças e agravos à saúde, além de melhorar problemas estéticos. A  legislação sanitária proíbe expressamente que produtos façam alegações de tratamento, cura, prevenção de doenças e agravos à saúde. Dessa forma, qualquer propaganda de suplementos alimentares que contenha esse tipo de alegação é irregular. 

(foto: Arquivo pessoal)
Três perguntas para...




Marcus Faria Lasmar, coordenador de Nefrologia do Mater Dei Contorno

Quais são os potenciais riscos para a saúde com o uso indevido dos suplementos alimentares? 
Todos aqueles pacientes que estão envolvidos em atividades físicas e fazem uso de suplemento alimentar, principalmente à base de proteína e vitamina D, devem fazer exames regularmente, principalmente de rim e fígado. Essa preocupação é ainda maior em pessoas com doenças pré-existentes nos rins e/ou histórico familiar de doença renal. A função das proteínas de alto valor biológico (leite, ovos, carne vermelha, peixes, leguminosas etc.) são as mesmas das proteínas sintéticas (whey protein, creatina etc). Portanto, não há plena necessidade de consumi-las se você já tem uma dosagem de proteína natural adequada na sua dieta. 

Quando ocorre um excesso no consumo de suplementos, quais sintomas predominam? E no caso dos rins?
Em situações mais severas o consumo excessivo de suplementos pode levar silenciosamente a um aumento da creatinina que é um dos marcadores da função renal ou sintomas como: espuma na urina, inchaço nas pernas, cólica renal, fraqueza muscular, perda de apetite, diarreia, náuseas e vômitos. Entre as principais consequências do excesso de proteínas, destacam-se o aumento do risco de doenças cardiovasculares, pedra nos rins e aumento de peso.

Há suplementos à base de ervas e extratos vegetais, usados como antioxidantes e diuréticos, entre outros. Esses produtos também acarretam riscos significativos à saúde?
Em uma pesquisa realizada com frequentadores de academias em Belo Horizonte observou-se o uso de suplementos naturais e à base de plantas entre os tipos de suplementos mais utilizados, sendo consumido por 20% da população do estudo. Essa porcentagem corresponde ao quarto suplemento mais utilizado e foi consumido de forma regular (cinco vezes por semana ou mais), prevalecendo entre mulheres e pessoas acima de 45 anos. O principal objetivo do uso desses suplementos é a prevenção contra doenças. Os riscos mais conhecidos para a nefrotoxicidade (problemas renais) são: diabetes mellitus, hipertensão arterial, doença cardíaca e histórico familiar de insuficiência renal. Além desses fatores, há riscos de intoxicação por plantas por contaminação, interação medicamentosa ou ervas erroneamente identificadas ou alteradas. Algumas ervas chinesas, contendo ácido aristolóquico (composto natural tóxico), são conhecidamente lesivas aos rins e podem deixar sequelas. 

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