A nutrição é um dos segmentos mais importantes no tratamento oncológico. Tratando-se de uma doença capaz de apresentar diferentes condições nos pacientes - estes podendo ficar desnutridos ou ganhar peso - o acompanhamento nutricional é necessário para se contrapor aos efeitos apresentados ao longo do tratamento. O uso de suplementos alimentares torna-se uma opção para suprir necessidades nutricionais no tratamento do câncer. 





Devido às múltiplas necessidades dos pacientes oncológicos, ainda não existe um suplemento alimentar capaz de se adequar a todos os pacientes, conforme explica o nutricionista Alexander Marcellus, proprietário da página @ale.marcellus no Instagram. Lá, ele orienta pacientes oncológicos sobre a remissão do câncer por meio da alimentação. "Essa é uma lacuna significativa no mercado de suplementos atual, que não consegue atender às necessidades desse público", enfatiza o especialista.



Alexander também aponta que vários suplementos utilizam soja e leite, alimentos que não são bem tolerados por muitos desses pacientes. "Para piorar, as empresas adicionam diversos aditivos alimentares desnecessários para o tratamento oncológico." Além disso, ele observa que o aumento da ingestão de proteína faz com que esses pacientes consumam uma quantidade excessiva de líquidos. "Isso é problemático, pois muitas vezes os pacientes têm dificuldade em fazer isso devido à azia e aos enjoos causados pelo tratamento oncológico."

DIETA ESPECIAL

Os cuidados mencionados pelo nutricionista já são parte da rotina do construtor José Gonçalves da Silva Mendes, de 86 anos, que descobriu o câncer de próstata há pouco mais de cinco anos e passou a utilizar suplementos alimentares há seis meses, em conjunto com uma alimentação saudável. Sua base alimentar é composta por uma variedade de folhas, legumes e frutas. "Faço o consumo regular de alface escura, arroz negro ou integral e pelo menos 10 tipos de vegetais na salada: couve-flor, brócolis, couve, repolho roxo, acelga, salsinha, cenoura, beterraba, alho-poró e tomate cozido (sem pele e sem sementes), além de goiaba e melancia - os três últimos ricos em licopeno (um antioxidante)."





José Gonçalves também adicionou grãos à sua alimentação, como linhaça, chia e quinoa, além de ameixas e mamão, que auxiliam no bom funcionamento do intestino. Alexander destaca que esse cuidado é fundamental, uma vez que grande parte do sistema imunológico depende do intestino saudável, mas ele ressalta a importância de se ter atenção com os suplementos que podem afetar o órgão. "Se esses suplementos contiverem aditivos, em vez de colher os benefícios completos do produto, podem ocorrer prejuízos para o funcionamento intestinal e, indiretamente, para a imunidade - algo crucial para pacientes com câncer, seja durante a quimioterapia, imunoterapia, radioterapia ou cirurgia."

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Após começar a usar suplementos devido a um baixo nível de proteína no organismo, José afirma que sua energia aumentou, pois ele já fazia exercícios. Pelo menos quatro vezes por semana, o construtor realiza séries de musculação, caminhadas e exercícios de fisioterapia.

PREVENÇÃO 

O nutricionista Alexander Marcellus aponta que vários suplementos utilizam soja e leite, alimentos que não são bem tolerados por muitos desses pacientes

(foto: Arquivo pessoal)
Este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que o adoçante aspartame é potencialmente cancerígeno. Outros estudos também demonstraram resultados desfavoráveis para edulcorantes, como xilitol e sucralose, que são considerados como alternativas mais saudáveis. Segundo Alexander, para seus pacientes, a recomendação é buscar suplementos sem adoçantes e, se possível, optar por suplementos com a menor quantidade de aditivos alimentares. "Devemos lembrar que nossas células não precisam dessas substâncias para sobreviver. Isso é um reflexo do problema da indústria, que visa prolongar a vida útil de seus produtos e agradar o paladar dos consumidores."





Já com base em sua experiência, José Gonçalves sugere que os homens realizem o exame de toque retal e o teste de sangue para avaliar o nível de PSA (antígeno prostático específico) como parte do diagnóstico precoce do câncer de próstata, a fim de evitar a progressão da doença. 

Ele recomenda que esses exames sejam feitos entre os 45 e 50 anos. Foi aos 81 anos que o construtor realizou esses exames e descobriu a doença. Além disso, ele aconselha àqueles que desejam iniciar o uso de suplementos a verificar os ingredientes dos produtos recomendados, além de buscar um tratamento interdisciplinar com oncologistas, urologistas e nutricionistas oncológicos.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.

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