Na última semana, uma revisão de estudos publicada no Cochrane Database of Systematic Reviews, uma das plataformas mais renomadas no meio científico, colocou em xeque a eficácia dos óculos anunciados capazes de filtrar a luz azul (luz emitida por equipamentos eletrônicos).
A revisão foi conduzida pela Universidade de Melbourne, na Austrália, em colaboração com com pesquisadores da Universidade Monash, também no país, e da Universidade de Londres, no Reino Unido, e analisou dados de todos os 17 ensaios clínicos randomizados encontrados sobre o assunto, de seis países diferentes, incluindo Austrália, República Checa, Japão, Noruega, Estados Unidos e Reino Unido.
A revisão foi conduzida pela Universidade de Melbourne, na Austrália, em colaboração com com pesquisadores da Universidade Monash, também no país, e da Universidade de Londres, no Reino Unido, e analisou dados de todos os 17 ensaios clínicos randomizados encontrados sobre o assunto, de seis países diferentes, incluindo Austrália, República Checa, Japão, Noruega, Estados Unidos e Reino Unido.
Os pesquisadores concluíram que não há evidências científicas conclusivas para se sustentar a recomendação do uso de lentes com filtro de luz azul para a população em geral no intuito de proteger os olhos contra a luz azul, diminuir a fadiga ocular ou melhorar a qualidade do sono durante a noite.
Conforme explica o oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira, professor de cirurgia oftalmológica na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG) e especialista em lentes de contato, catarata, cirurgia refrativa e ceratocone, os benefícios prometidos por esse tipo de óculos não fazem sentido cientificamente falando.
Luz das telas e luz natural
“A afirmação de que a luz azul seria nociva aos olhos ocorre porque ela é a mais próxima da luz ultravioleta, mas não há evidências sólidas de que a luz ultravioleta cause danos aos olhos. Além disso, a quantidade de luz azul proveniente de fontes artificiais, como telas de computador, é aproximadamente mil vezes menor do que a contida na luz natural do dia, e as lentes de filtro de luz azul retêm apenas cerca de 10 a 25% dessa luz”, explica Tiago César Pereira Ferreira.Segundo Tiago César, para que essas lentes fossem capazes de proporcionar esses benefícios, elas teriam que escurecer significativamente: “A revisão de estudos também não encontrou evidências convincentes de que essas lentes realmente reduzem a fadiga ocular e melhoram o sono, que são as principais promessas desses produtos”.
Em relação à proteção ocular, Tiago ressalta que ela é melhor obtida por outros meios: “A proteção ocular mais eficaz envolve o uso de óculos de sol com proteção contra raios UV quando ao ar livre, além de seguir práticas de higiene visual adequadas, como fazer pausas regulares durante o uso de dispositivos”.
Leia: Telas: causa danos irreversíveis no desenvolvimento de bebês e crianças.
“A estratégia principal é seguir a regra ‘20-20-20’, que envolve desviar o olhar da tela a cada 20 minutos, focando em algo a uma distância de 20 pés (cerca de 6 metros) por 20 segundos. Além disso, ajustar a posição da tela, mantê-la limpa e usar iluminação adequada são práticas importantes”, ensina o oftalmologista.
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A receita
O oftalmologista recomenda ainda limitar o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir e manter um ambiente escuro e tranquilo e, para controle da fadiga ocular, deixa uma outra dica.“A estratégia principal é seguir a regra ‘20-20-20’, que envolve desviar o olhar da tela a cada 20 minutos, focando em algo a uma distância de 20 pés (cerca de 6 metros) por 20 segundos. Além disso, ajustar a posição da tela, mantê-la limpa e usar iluminação adequada são práticas importantes”, ensina o oftalmologista.