Difícil de identificar em si mesmo, difícil também de alertar as pessoas que têm o problema, a halitose é uma disfunção que geralmente demora para ser diagnosticada e tratada. No primeiro caso, isso se deve ao que se chama "fadiga olfatória ou adaptação olfativa", ou seja, o cérebro diminui sua percepção aos estímulos olfatórios contínuos. Por isso, o próprio indivíduo não costuma sentir o cheiro que exala. Já no segundo caso, há uma questão de polidez que impede a maioria das pessoas de alertarem sobre problema. Afinal, é no mínimo constrangedor dizer a um amigo, parente ou colega de trabalho que tem mau hálito.
O que muitos não sabem, contudo, é que é possível medir a composição do hálito. O exame, chamado Oral Chroma, é considerado o medidor de hálito mais moderno do mundo. "Trata-se de um exame considerado padrão ouro, que permite mensurar a intensidade do mau hálito e diagnosticar a causa, facilitando o tratamento e acompanhamento. Atualmente, o Oral Chroma é uma das formas mais eficientes de identificar a halitose", destaca a otorrinolaringologista do Hospital Paulista e especializada em halitose, Ligia Maeda.
A especialista explica que o exame faz a leitura dos principais gases causadores do mau hálito. "Por meio de um cromatógrafo, ele faz a análise dos compostos sulfurados voláteis presentes no ar que exalamos. Isso é feito através da coleta de ar da boca do paciente com uma seringa. Em seguida, essa amostra é inserida no cromatógrafo, que, após oito minutos, gera um gráfico com a quantidade de cada composto sulfurado volátil, juntamente com o laudo diagnóstico."
A partir desse resultado, segundo a médica, é possível direcionar o tratamento com muito mais precisão, transmitindo maior segurança ao paciente. Ou seja, mesmo antes de perceber ou ser alertado por alguém, é possível identificar a halitose e tratá-la de forma adequada. O custo médio para realização desse tipo de exame é de R$ 600.
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População atingida
Dados da Associação Brasileira de Halitose (ABHA) apontam que essa disfunção atinge cerca de 30% da população nacional. Ou seja, aproximadamente 50 milhões de brasileiros sofrem com esse problema que também interfere em questões de autoestima e, até mesmo, nas relações interpessoais. Dessa forma, a conscientização também é fator importantíssimo quando se trata do tema. Por isso é que, anualmente, em 22 de setembro, a ABHA promove o Dia Nacional de Combate à Halitose. "O objetivo é justamente chamar a atenção do público sobre o problema e mostrar que tanto o diagnóstico como o tratamento da halitose são bem simples", resume Ligia.
Causas
De acordo com a especialista, causas sistêmicas como refluxo, doenças pulmonares e do fígado, ou outras alterações do organismo, podem estar entre os agentes da halitose. No entanto, a principal origem do mau hálito é bucal. "As pessoas tendem a associar halitose a problemas estomacais ou a questões mais graves. Em algumas situações, isso pode ocorrer. No entanto, em 90% dos casos, o mau odor é proveniente da boca, e pode ser tratado após um exame que é feito de forma rápida e precisa", esclarece.
Entre os perfis mais propensos à halitose, Ligia cita pacientes com baixa salivação, maus hábitos alimentares ou com má higiene bucal. Com relação ao tratamento, a médica explica que pode variar conforme o diagnóstico da origem do problema. "A halitose não tem um protocolo específico de tratamento. É necessário que, primeiro, sejam diagnosticadas as causas, para basearmos o tratamento de acordo com as alterações apresentadas. Daí a importância do exame", enfatiza.
Prevenção
Quanto à prevenção, a melhor forma de evitar o problema, segundo a especialista, é por meio de uma higiene oral adequada, incluindo, principalmente, a limpeza da língua, uso de fio dental e visitas regulares ao dentista. "Além dos hábitos de higiene, indicamos manter uma alimentação saudável e balanceada, bem como uma hidratação correta ao longo do dia. Evitar hábitos como consumo de álcool e cigarro também é importante na prevenção", finaliza.