Montar quebra-cabeças digitais, no computador ou no celular, por exemplo, pode estimular a memória de idosos, sugere um estudo feito por cientistas da Universidade de York, no Reino Unido, publicado no periódico científico Helyon .



Os autores da pesquisa queriam verificar o efeito de diferentes tipos de jogos digitais na memória e na concentração, tanto em adultos jovens como em idosos. Como a memória de trabalho - a capacidade de reter informações enquanto desempenhamos alguma tarefa - diminui com a idade, eles buscavam saber se esse tipo de estímulo teria algum benefício.
 
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Para isso, foram avaliados 543 voluntários divididos em dois grupos: um com idades entre 18 e 30 anos e outro na faixa etária de 60 a 81 anos. Todos eles relataram se costumavam se dedicar a esse tipo de passatempo, se haviam praticado na semana anterior e quais eram suas preferências. Os jogos foram categorizados em três tipos: estratégia (que envolvem planejamento e coordenação de ações para alcançar objetivos), ação (em que a meta é superar inimigos ou obstáculos) e quebra-cabeças. Alguns apresentavam características híbridas. Em seguida, os participantes foram submetidos a testes de memória visual, que envolviam lembrar a posição de figuras em um quadro, combinado com elementos que provocavam distração.

Thais Ioshimoto, geriatra: 'Sempre que se aprende algo novo, quando saímos da zona de conforto, isso desafia nosso cérebro, o que gera novas conexões e melhora as capacidades cognitivas'

(foto: Arquivo pessoal)


No geral, como era esperado, os mais velhos tiveram um desempenho pior nos testes de memória. No entanto, aqueles que tinham o hábito de montar quebra-cabeças se saíram melhor, alcançando resultados que, em alguns casos, foram semelhantes aos dos adultos jovens. Por outro lado, entre os participantes mais jovens, aqueles que gostavam de jogos de estratégia obtiveram melhores resultados. Os autores concluíram que esses dados sugerem benefícios dos quebra-cabeças digitais na memória e concentração dos idosos, assim como na capacidade de evitar distrações.





“Sempre que se aprende algo novo, quando saímos da zona de conforto, isso desafia nosso cérebro, o que gera novas conexões e melhora as capacidades cognitivas”, diz a geriatra Thais Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Nesse caso, além do desafio do jogo, existe o desafio de aprender a lidar com a tecnologia.” Mas, como frisa a especialista, é preciso ter um certo nível de dificuldade. “Se fizer sempre a mesma coisa, não surte o mesmo efeito.”

Isso também vale para as palavras-cruzadas. Recentemente, um estudo da Universidade Columbia, em Nova Iorque com 107 idosos mostrou que a prática constante dessa atividade digital pode trazer benefícios para quem tem um declínio cognitivo leve. “Mas não adianta se a pessoa já decorou tudo, precisa ter um desafio também”, lembra a especialista.

Para conseguir tirar proveito dessas atividades, os idosos podem precisar de ajuda no começo. “Muitos não têm tanta familiaridade com a tecnologia e isso pode acabar gerando frustração”, lembra Ioshimoto. 

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