Descoberta recente lança luz sobre a estreita relação entre perda auditiva e saúde cognitiva em idosos. De acordo com um estudo publicado na revista médica The Lancet, pessoas idosas com fatores de risco para demência, como diabetes e hipertensão, experimentaram uma notável redução de aproximadamente 48% no ritmo de declínio cognitivo após três anos de uso de aparelhos auditivos.
Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: o primeiro grupo recebeu intervenção auditiva, incluindo o fornecimento de aparelhos auditivos, sessões regulares com fonoaudiólogo e orientações sobre o uso dos dispositivos, bem como estratégias de reabilitação auditiva. O segundo grupo de controle participou de encontros individuais com um educador em saúde, abordando tópicos relacionados à prevenção de doenças crônicas e realizou um curso interativo sobre envelhecimento saudável.
Segundo a médica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, os resultados da pesquisa se devem ao fato de que os aparelhos auditivos restauram o estímulo sensorial adequado ao cérebro, reduzindo o esforço mental necessário para compreender a fala e evitam o isolamento social, que está associado ao aumento do risco de depressão e ansiedade que, por sua vez, também podem contribuir para a deterioração cognitiva.
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"A perda auditiva pode fazer com que os idosos enfrentem dificuldades em se comunicar e participar de atividades sociais. Assim, eles podem perder o interesse em participar de atividades que antes eram prazerosas e do convívio social com outras pessoas."
Segundo a geriatra, esses indivíduos precisam fazer um esforço extra para entender a fala e processar informações auditivas. "Esse esforço adicional também pode sobrecarregar o cérebro e afetar negativamente suas funções cognitivas, aumentando o risco de declínio."
A perda auditiva e a demência compartilham alguns mecanismos neurológicos subjacentes, como inflamação crônica, estresse oxidativo e danos nos vasos sanguíneos. Por isso, tratar a perda auditiva em estágios iniciais pode ajudar a reduzir essa carga cognitiva e manter uma estimulação sensorial adequada para o cérebro, o que, potencialmente, retarda ou minimiza o risco de desenvolvimento de demência.
"É fundamental que os idosos passem por avaliações regulares e recebam tratamento adequado, caso seja identificada a perda auditiva." Além disso, a adoção de medidas preventivas também é importante, tais como evitar a exposição a ruídos de alta intensidade, reduzir o uso excessivo de fones de ouvido, adotar hábitos de vida saudáveis, não fumar e monitorar a pressão arterial e a glicemia.
"Esse processo de envelhecimento auditivo é variável e muito individual, por isso a necessidade em realizar exames ao primeiro sinal de sintomas, como dificuldade de compreensão, audição sem compreensão, sensação de ouvidos entupidos, zumbidos, tontura, entre outros. A detecção precoce e o tratamento adequado podem fazer toda a diferença, à medida que os anos passam."
Um estudo de acompanhamento está em andamento para analisar os efeitos a longo prazo da intervenção auditiva sobre a cognição e outros desfechos, o que promete fornecer mais insights sobre a relação entre perda auditiva e demência.
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