Nos últimos dias de inverno, uma onda de calor tem atingido Belo Horizonte, fazendo com que os termômetros registrem temperaturas surpreendentemente altas para o período, deixando os moradores em alerta, já que, além do desconforto, o calor extremo traz consigo riscos significativos à saúde.
De acordo com a pneumologista da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, Michelle Andreata, algumas mudanças podem ocorrer no corpo e merecem atenção.
O calor excessivo, de acordo com a especialista, também pode colocar um estresse adicional no sistema cardiovascular. "Isso pode ser especialmente perigoso para pessoas com doenças cardíacas pré-existentes, podendo levar a um aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas e outros problemas no coração."
A médica observa que pessoas com condições respiratórias, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), podem experimentar sintomas agravados em climas quentes, já que o ar quente e seco pode irritar as vias respiratórias e desencadear crises de falta de ar.
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Para evitar esses problemas de saúde associados ao calor extremo, a especialista recomenda pausas frequentes em locais com sombra; permanecer em ambientes com ar-condicionado ou bem ventilados; evitar atividades físicas extenuantes durante o calor intenso e ambientes com fumaça, poeira ou impurezas do ar, pois podem piorar os sintomas respiratórios.
"Em casa, considere o uso de um umidificador para adicionar umidade ao ambiente. Isso pode ser especialmente útil em dias secos."
Em situações de poluição do ar, como fumaça de incêndios florestais, Michelle ressalta sobre a importância de usar uma máscara respiratória N95 ou equivalente por proteger e filtrar partículas nocivas e melhorar a qualidade do ar.
A médica enfatiza que é crucial que os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com condições médicas crônicas, tenham atenção especial e sigam essas recomendações de forma ainda mais rigorosas.
Hidratação e alimentação
O nutricionista Felipe França, especialista em bioquímica celular e sócio fundador da Clínica Soloh de Nutrição, reforça a importância da hidratação. "É muito importante que estejamos sempre hidratados. Já que não costumamos quantificar a quantidade de água que ingerimos, a dica é sempre estar com uma garrafinha ao lado porque, no momento em que sentimos sede, estamos num processo metabólico de desidratação".
Ele faz um alerta em relação a algumas bebidas, que causam a sensação de estar refrescando, porém, não hidratam. "Devemos lembrar também que sucos prontos, refrigerantes, mesmo os sem açúcar, e bebidas alcoólicas não auxiliam em nada a hidratação. Muito pelo contrário, eles auxiliam a desidratar, trazem um refrescamento momentâneo, mas desidratam posteriormente."
Outra dica do nutricionista é escolher alimentos que contém mais água, e incluir determinados nutrientes que ajudam o corpo a resfriar. "Se não consegue beber muita água, aumente a concentração de alimentos com alto teor de água como melancia, melão, pepino, alface. E não devemos nos esquecer de que devemos melhorar a vasodilatação e a ingestão de potássio para que nosso corpo consiga resfriar corretamente".
Segundo Felipe França, no calor, o corpo contrai, então ocorre a vasoconstrição. Nesse contexto, alimentos que apresentem, por exemplo, o óxido nítrico, como a beterraba, auxiliam no processo de vasodilatação, importante para o resfriamento.
"Outra dica interessante é substituir o arroz pela batata cozida, pois ela tem alto teor de potássio e ajuda no resfriamento do corpo. Aumente também a quantidade de frutas antioxidantes e ricas em magnésio, como por exemplo, o abacate, que pode ajudar o hipotálamo a fazer com que nossa máquina não superaqueça e auxiliar no resfriamento".
Cuidados com a pele
Alguns grupos são mais vulneráveis às consequências do calor, principalmente crianças nos primeiros meses de vida, idosos, sobretudo os acamados, ou pessoas com comorbidades mais sérias de saúde, conforme explica o médico dermatologista Lucas Miranda.
"Alguns dos cuidados básicos necessários nesse período intenso de calor são evitar se expor ao sol, principalmente, entre 10h e 16h. Quando for se expor, usar coberturas como chapéus, óculos de sol, roupas leves, roupas de algodão, que permitem a aeração do corpo, evitar se expor sem proteção física como por exemplo marquises e árvores. É importante procurar lugares mais frescos, hidratar-se bem, dar preferência para alimentos leves, como frutas, legumes, estimular o consumo de água ou mesmo sucos naturais, lembrando que a população de risco nos extremos da idade, crianças e idosos, muitas vezes não solicitam por água, então, ofereça água com frequência."
Lucas Miranda ressalta também a importância de reforçar o uso do protetor solar nesse período. "Uma medida que muitas vezes as pessoas se esquecem é o uso do protetor solar. Deve ser usado rotineiramente, todos os dias, iniciando pela manhã, com reaplicação a cada duas ou três horas. Nesse período de intenso calor, é um hábito que a gente precisa reforçar."
Além de reaplicar ao longo do dia, Lucas Miranda alerta para a importância de escolher um protetor com FPS 30, checar no rótulo se ele possui proteção UVA e UVB, e que também é preciso usar a quantidade correta, aplicando em todas as partes do corpo que ficarem descobertas de roupas. "No total, a recomendação é de usar uma colher de chá para rosto e no pescoço, uma colher de sopa na parte dianteira e outra na parte traseira do tronco, uma colher de sopa para ambos os braços e uma colher de sopa para ambas as pernas."
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