Os procedimentos estéticos já fazem parte da vida das mulheres brasileiras. As cirurgias plásticas, assim como o implante de silicone nas mamas, são populares há mais de uma década, e a tendência agora é o foco nos detalhes. A demanda pela extensão dos cílios tem crescido no Brasil, no entanto, a falta de qualificação profissional pode provocar danos oculares irreversíveis.



Rafaela Almeida Borges Silva, por exemplo, não chegou a passar por uma situação grave, mas admite que ficou preocupada quando resolveu estender os cílios pela primeira e única vez. A auxiliar oftalmológica conta que, ainda durante a aplicação, chegou a sentir uma leve ardência nos olhos, que ficaram avermelhados.

Juliana Guimarães, oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, explica que a coloração vermelha nos olhos é uma reação comum, devido à maneira como os cílios são colocados. Entretanto, alerta que, se o sintoma não regredir após algumas horas, é preciso ter atenção. E foi exatamente o que aconteceu com Rafaela. Após cerca de quatro horas da aplicação, ela percebeu que as pálpebras começaram a inchar e ficar ainda mais vermelhas, causando um grande incômodo. No dia seguinte, ela decidiu procurar ajuda especializada de um oftalmologista.
 

Rafaela conta que chegou a sentir uma leve ardência nos olhos, que ficaram avermelhados

(foto: Arquivo pessoal)
 
 
A técnica para extensão de cílios amplia e proporciona volume com novos fios artificiais, adicionados aos originais, nas pálpebras superior e inferior, promovendo autoestima e popularidade, principalmente por realçar a beleza.



Para se ter uma ideia, a máscara de cílios ou rímel surgiu em 1834, em Londres. O produto, à base de carvão, tingia os fios para dar mais expressividade ao olhar. Atualmente, algumas mulheres querem cílios volumosos e curvados; outras, apenas buscam um pouco mais de volume, mas nada muito pesado.
 

Juliana Guimarães, oftalmologista

(foto: Arquivo pessoal)

 
Juliana Guimarães ressalta os possíveis efeitos oculares, afinal, os cílios não são um enfeite, pois têm a função de proteger a visão de insetos, poeira e outros microorganismos externos, que podem acabar ferindo os olhos. Os principais problemas desencadeados pelo alongamento de cílios envolvem alergias e riscos oculares mais graves, como úlceras na córnea e a ceratite. A médica explica que, se esses sintomas não forem tratados adequadamente e com agilidade, podem evoluir e provocarem danos irreversíveis, inclusive levando à cegueira.

Naturais 

Rafaela afirmou que o medo a levou a consultar rapidamente um oftalmologista. O tratamento consistiu no uso de antibiótico, via colírio, durante sete dias. Ainda assim, ela lembra que, devido a uma coceira constante nos olhos, decidiu retirar toda a extensão, visando alívio e acabou removendo também os cílios naturais que, até hoje, ainda não voltaram ao normal.




 
 
 
O risco é comum para quem paga pela técnica. Muitas mulheres têm de passar pela remoção forçada dos cílios e, outras, podem ver os fios naturais caindo. A situação é uma reação ao procedimento, considerado agressivo, devido aos produtos químicos usados no procedimento que podem irritar os olhos.

Segundo a médica, o contato de produtos como maquiagem, cremes e loções com os olhos causa ressecamento ocular, pois obstrui as glândulas de lubrificação, podendo gerar vermelhidão, dor, sensação de areia, inflamações, conjuntivite e a queda dos cílios naturais. Rafaela ainda lembra que não teve qualquer indicação profissional e não sabe se voltará a aumentar os cílios. “O interesse existe, mas a insegurança é muito maior”, observa.

Juliana destaca que, se um dos produtos utilizados para o alongamento contiver substâncias de colírios para tratamento do glaucoma, os efeitos colaterais, como a hiperpigmentação da pele na pálpebra inferior, olheiras ou mudança na pigmentação da íris podem ser desencadeados. 



A recomendação para quem identificar qualquer irritação, após a extensão, é consultar um oftalmologista, rapidamente, pois é a única opção para identificar os danos e iniciar o tratamento, prevenindo complicações. A automedicação nunca é recomendada para prevenir a intensificação da situação. 

O procedimento é contraindicado para:

  • Grávidas 
  • Pessoas com glaucoma
  • Pacientes oncológicos
  • Jovens com menos de 16 anos 
  • Pessoas com qualquer tipo de infecção ocular (conjuntivite e terçol)
  • Pacientes que se submeteram a procedimentos cirúrgicos recentes

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