O oncologista precisa ser apto para detectar se aquele sentimento do paciente é apenas uma angústia, um medo - que seria natural pela situação - de quando é uma patologia psiquiátrica

O oncologista precisa ser apto para detectar se aquele sentimento do paciente é apenas uma angústia, um medo - que seria natural pela situação - de quando é uma patologia psiquiátrica

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Cuidar da saúde mental se tornou primordial em qualquer idade ou fase da vida. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país da América Latina com o maior índice de pessoas com ansiedade: cerca de 19 milhões de brasileiros sofrem com a condição. Porém, de acordo com uma pesquisa da SulAmérica, de mil pessoas entrevistadas, apenas 10% fazem terapia no país.

Esse número se acentuou na pandemia. O estudo One Year of Covid, realizado em 30 países, mostrou que 53% dos brasileiros acreditam que sua saúde mental foi afetada durante a pandemia. A mesma pesquisa mostra que o Brasil está classificado como o quinto país onde a população mais tem sentido consequências no bem estar emocional.

Nesses 53%, também estão incluídas pessoas com câncer que, ao receber o diagnóstico da doença, tendem a sentir medo, incertezas e experimentam um abalo emocional. Contudo, é importante detectar quando esse medo não se transforma em um transtorno psicológico, já que cerca de 30% a 50% dos pacientes oncológicos possuem alguma comorbidade psiquiátrica, segundo o The Oncologist.

Pensando nisso, o oncologista do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), Bruno Conte, aponta cinco maneiras de se cuidar mentalmente após um diagnóstico de câncer e também durante o tratamento:

Ajuda psicológica

Acima de qualquer coisa, é necessário ter ajuda psicológica e psiquiátrica profissional. O oncologista precisa ser apto para detectar se aquele sentimento do paciente é apenas uma angústia, um medo - que seria natural pela situação - de quando é uma patologia psiquiátrica e começa a afetar os relacionamentos e o dia a dia.

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Os transtornos psicológicos podem ser extremamente prejudiciais para o desenrolar do tratamento oncológico. Por isso, é de extrema importância a detecção precoce da condição e o tratamento imediato, para conseguir evitar danos maiores no futuro.

Qualidade do sono

Tecnicamente, pacientes com câncer devem dormir a mesma quantidade de horas do que pessoas sem a doença (cerca de oito horas por dia). Mas em alguns momentos, quando a pessoa está em fase de tratamento intenso, talvez deva considerar um repouso maior. O mais importante é fazer a higiene do sono: estabelecer uma rotina noturna, desligar os eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir e criar um ambiente confortável.

No caso de insôniaapnéia do sono, transtorno do sono e outros problemas relacionados, é muito importante encaminhar a um especialista para realizar um diagnóstico e tratá-lo de forma individualizada, assim como tentar evitar ao máximo fármacos indutores do sono e optar por uma terapia cognitiva comportamental. Um sono de qualidade influencia no bom funcionamento imunológico, que é tudo que um paciente com câncer precisa.

Realize atividades físicas

É importante tomar cuidado. Por exemplo: uma pessoa que não tem câncer, caso faça uma atividade física de forma errada, corre o risco de se machucar. Isso também acontece com pacientes oncológicos. O paciente pode estar em processo de cura e também pode estar na fase metastática da doença. É preciso avaliar individualmente para sugerir o melhor tipo de atividade física.

Se o paciente se sentir disposto, as atividades físicas são mais do que bem vindas. Geralmente, caminhadas de leve intensidade são muito benéficas para esses tipos de pacientes. Atividades físicas, por conta da liberação de hormônios e endorfinas, promovem uma melhora no aspecto emocional, na autoestima e traz o sentimento de positividade e esperança. Ou seja, a atividade vai depender da condição física do paciente.

Boa alimentação

Uma boa alimentação é um fator chave para o cuidado com a saúde mental, principalmente em relação a pacientes oncológicos. Não há um tipo de dieta específica nesse caso, mas sim dietas individualizadas e que devem ser acompanhadas por profissionais de nutrição, para que dentro das condições daquele indivíduo, se consiga fornecer uma alimentação mais saudável.

Em termos de tratamento do câncer, é preciso individualizar a dieta, dependendo da fase e do tipo do tratamento que o paciente fará. Como uma alimentação no sentido de prevenção ao câncer, a dieta mais implicada e mais adequada para isso é a chamada dieta do mediterrâneo. Ela consiste em comida fresca e natural, como por exemplo frutas, legumes, verduras, peixes, azeite, oleaginosas, grãos e cereais.

Bom relacionamento interpessoal

Os relacionamentos interpessoais podem, tanto ajudar, como prejudicar um paciente. Um ciclo social positivo com certeza ajudará o paciente a enfrentar a doença e facilitará, em grande parte, a jornada e o entendimento do câncer, principalmente nos primeiros momentos, os de maior dificuldade. Pessoas mais frágeis e negativas dificultarão o processo.

Muitas vezes, quando o familiar do paciente está agoniado e com medo, isso pode deixá-lo mais inseguro, com sentimentos negativos e influenciar no resultado do tratamento. Relacionamentos conflituosos trarão uma repercussão hormonal negativa de estresse, que pode promover uma diminuição da imunidade. Por isso, é importante o apoio da família e do círculo social para se sentir acolhido e fortalecido. O aumento da autoestima e da confiança promove o bem-estar.