O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, em todo o mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para 2023, foram estimados 73.610 casos novos no país, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres. E a idade média dos pacientes com esse tipo de doença é acima dos 60 anos. Contudo, o Brasil vem registrando um aumento importante no número de casos de câncer de mama entre mulheres jovens.
Nesses casos, em mulheres jovens que ainda não tiveram sua prole definida, a preservação da fertilidade é um desafio terapêutico adicional. "A possibilidade de uma gravidez futura é uma dúvida que aflige as jovens afetadas pelo câncer de mama", destaca a especialista em reprodução assistida Cláudia Navarro.
Leia: Congelamento de espermatozoides é indicado em casos de câncer
Segundo ela, a resposta está na medicina, que trabalha pelas pessoas, por suas esperanças, sonhos e desejos. Além de as chances de cura serem cada vez mais altas no caso do câncer de mama, na medicina a mulher encontra também respostas para o sonho de se tornar mãe após um tratamento bem-sucedido contra o tumor maligno: o congelamento de óvulos e fertilização.
"O congelamento de óvulos (criopreservação) é uma alternativa que deve ser ofertada à mulher antes do tratamento contra o câncer. Isso porque as terapias que envolvem o combate ao tumor maligno, principalmente a quimioterapia, podem impactar na fertilidade, de forma que uma concepção natural seja dificultada posteriormente", alerta a médica.
Para fazer o congelamento, os óvulos são coletados após uma indução da ovulação. Isso é feito com medicamentos seguros, que não irão piorar a doença. E, na maioria das vezes, o atraso no início da quimioterapia, tempo necessário para o congelamento, não irá trazer prejuízos ao tratamento.
A mulher que opta pelo congelamento não precisa ser casada ou ter um parceiro. "A decisão de uma gravidez fica a cargo dela, após o tratamento contra o câncer, podendo contar com um doador anônimo, por exemplo", diz Cláudia.
O gameta feminino ficará, assim, armazenado para quando a mulher estiver em plenas condições de saúde para engravidar, quando então, seus óvulos, previamente congelados, irão passar pelo processo de fertilização in vitro (FIV) - ou seja, em laboratório, gerando embriões que serão transferidos para o útero.
Vale lembrar que nenhum tratamento, até o momento, é capaz de apresentar uma garantia total para uma gravidez futura, mas os resultados têm sido cada vez mais satisfatórios. Essas são algumas das respostas da medicina para o sonho da maternidade após a turbulência do câncer de mama.
"Quando a medicina apresenta esse tipo de alternativa, de cuidado, de zelo com a mulher que ainda deseja gerar um filho, vem também uma visão, uma esperança pelo fim do tratamento bem-sucedido, com uma nova vida de saúde, ao lado da família e de quem estará no ventre, para chegar", diz Cláudia Navarro.
*Para comentar, faça seu login ou assine