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O famoso cafezinho está presente em muitos lares do Brasil. Na hora de acordar ou pela tarde, uma xícara da bebida é comumente vista nas mesas dos brasileiros. Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) de 2021 mostra que o Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo, deixando claro que essa preferência não é mito. Ultimamente, a bebida foi incorporada, inclusive, no pré-treino para potencializar os exercícios.
 
Seja para melhorar o humor, seja para dar energia para enfrentar a rotina, o café é uma complexa bebida, com centenas de substâncias e muitos benefícios, além de ser fácil de preparar, podendo ser coado, expresso ou até solúvel. A ação da bebida afeta muitas áreas do corpo humano e não se resume apenas à estimulante, como alguns pensam. O café tem, sim, essa característica excitatória, mas não é a única propriedade da bebida. Pelo contrário, a cafeína — que gera esse caráter energético — só representa 2% de sua composição.
 
O nutricionista e personal trainer Bruno Guimarães, 32 anos, explica que os componentes do café podem variar de acordo com o tipo e a torrefação, ou seja, na forma como é preparado, mas esclarece que, em geral, ele tem a mesma composição.  "O café é composto por vários nutrientes, como cafeína, ácido clorogênico,açúcares, óleos voláteis, minerais e compostos fenólicos", detalha. Bruno ressalta que cada composto tem uma qualidade diferente — a cafeína ajuda na questão estimulante e o ácido clorogênico, no aroma e sabor, por exemplo. Mesmo com todos os benefícios, o café ainda precisa ser dosado de forma correta, para que não cause efeitos indesejáveis. A nutricionista Mariana Melendez recomenda não ultrapassar 400mg de cafeína por dia, o que dá, em média, até cinco xícaras de chá de café coado. A profissional, de 43 anos, ainda orienta, para aqueles que possuem algumas condições, como distúrbios de sono ou sensibilidade gastrointestinal, uma atenção a mais na quantidade consumida.
 
"Não tem contraindicação, não precisam cortar, mas, pelo menos, ficar atento ou restringir o consumo", aponta Mariana. A nutricionista também pontua a importância de ter um atendimento individualizado, pois, assim, consegue encaixar a bebida de forma saudável na dieta de cada paciente, respeitando qualquer transtorno ou doença que ele possa ter.
 
Bruno esclarece o porquê dessa ressalva para alguns grupos: "A contraindicação não é específica para o café em si, mas, sim, para a cafeína, que é uma substância estimulante". Segundo ele, gestantes, pessoas com ansiedade e labirintite devem evitar o consumo de alimentos que contenham cafeína.
 
O horário de consumo também deve ser levado em conta, uma vez que, por ter essa característica excitatória, o café pode piorar o sono ou os quadros de insônia. Além disso, por ter propriedades laxativas, pode causar incômodos intestinais. Assim, é necessário uma investigação dos hábitos do paciente para que a ingestão seja feita em um horário ideal para ele conseguir descansar e também realizar seus compromissos. "A gente tenta ouvir muito o paciente, ver a individualidade e a rotina dele, para que a gente coloque o café no melhor horário que para ele", ressalta a nutricionista.


Perda de peso


Por todas essas propriedades, hoje em dia, a bebida está se popularizando também como um pré-treino para aqueles que fazem atividades físicas e buscam um estimulante natural para as atividades. Como uma grande fonte de energia, o café ajuda na melhora da performance durante o treino, seja em esportes, seja na musculação. E, segundo Mariana, se alinhado a uma dieta adequada e a uma rotina de exercícios ideal, o líquido pode ajudar de forma indireta na perda de peso.
 
Porém, a profissional aponta os cuidados para incluir o café na rotina de uma pessoa que deseja perder peso: a bebida pode, sim, ser uma aliada para esse objetivo, mas não pode ser utilizada para substituir os alimentos ou para tentar diminuir a fome. Segundo Mariana, ainda não existe consenso nos estudos e que são necessárias outras pesquisas para comprovar que a bebida diminui o apetite ou aumenta a saciedade. Além disso, a nutricionista deixa claro que café não é alimento:
"Fisiologicamente e nutricionalmente a gente não recomenda trocar uma refeição por café".
 
Por essas particularidades, muitos nutricionistas, como Bruno Guimarães, encaixam o café de forma muito individualizada nas dietas dos seus cliente, sempre analisando sua rotina, alimentação e quantidade de treino. "Com essas informações, traço um plano que determina o momento adequado para o consumo de café ao longo do dia, sempre respeitando a quantidade limite de cafeína que pode ser ingerida por dia", explica o profissional de 32 anos.