Outubro chegou e com ele a campanha de conscientização e prevenção do câncer de mama. A iniciativa global tem o objetivo de compartilhar informações sobre a doença, incentivando assim, maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, a fim de contribuir para a redução da mortalidade.
O câncer de mama é uma preocupação de grande magnitude em todo o mundo. No Brasil não é diferente, a expectativa é de quase 74 mil novos casos no país. A crescente incidência desse tipo de câncer pode ser atribuída a uma série de fatores que vão desde mudanças nos padrões de vida até questões hormonais e de saúde pública.
O médico e professor de mastologia do Departamento de Ginecologia da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Waldeir Almeida, alerta para a incidência de novos casos é quase uma epidemia: “esse aumento provavelmente ocorreu em função de mudanças dos hábitos de vida. Hoje em dia, as mulheres têm menos filhos e tendem a amamentar menos. Além disso, o uso excessivo de hormônios e o aumento da obesidade estão associados ao aumento do risco de câncer de mama. A obesidade, por exemplo, está diretamente ligada a um aumento do risco, com pessoas com um índice de massa corporal (IMC) mais elevado apresentando uma probabilidade três vezes maior de desenvolver esse tipo de câncer”.
Outro ponto a ser considerado é a redução da atividade física. À medida que as pessoas se tornam menos ativas, a incidência do câncer de mama aumenta. Além disso, a longevidade da população, embora positiva, também traz desafios, pois à medida que as pessoas vivem mais, a probabilidade de desenvolver câncer de mama ao longo de suas vidas aumenta.
Embora em países desenvolvidos haja um aumento na incidência, há uma redução na mortalidade graças aos tratamentos mais eficazes disponíveis. Infelizmente, no Brasil, existem desafios significativos no rastreamento e tratamento do câncer de mama. O rastreamento não é organizado de maneira ideal, o que significa que muitas doenças não são diagnosticadas em estágios iniciais.
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O especialista ainda alerta sobre a falta de um programa de rastreamento organizado é evidente: “enquanto em alguns países o rastreamento é anual, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) propõe mamografias a cada dois anos, entre 50 e 69 anos. Isso pode ser problemático, considerando que no Brasil, o câncer de mama muitas vezes afeta mulheres mais jovens. Cerca de 51% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama não se enquadram na faixa etária sugerida pelo SUS, o que significa que não têm acesso adequado ao rastreamento. Nós temos alguma diferença em relação ao rastreamento que é feito pelo SUS e o rastreamento que é proposto pela Sociedade Brasileira de Mastologia, Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia, que é a mamografia sendo feita anualmente após os 40 anos. Outro desafio surgiu com a pandemia. A redução de quase 50% nas mamografias de rastreamento em algumas cidades durante esse período é preocupante, e as razões por trás dessa queda continuam incertas."
Para Waldeir, é essencial aumentar a conscientização sobre a importância do rastreamento e da detecção precoce do câncer de mama. Além de medidas para garantir que o acesso à mamografia seja amplamente disponível e eficaz em todo o país. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um rastreamento organizado exige a participação de 70% da população. No Brasil, a maioria dos estados está muito além desse número, com menos de 30% da população realizando mamografias de rastreamento.
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