Criar um pet junto com os filhos pode parecer uma tarefa difícil para muitos pais, aumento dos cuidados e das responsabilidades são pontos que os tutores levam em conta antes dessa decisão. Mas os benefícios dessa introdução são inúmeros e ajudam, inclusive, no desenvolvimento da criança.
Senso de responsabilidade, estímulo na atividade física e fortalecimento da imunidade são algumas vantagens da convivência integrada . A educadora comportamentalista canina Kathi Drisner conta que essa é uma experiência enriquecedora para ambos, mas também requer um grande planejamento e organização. "Ter um animal de estimação é um compromisso a longo prazo, então esteja preparado para dedicar tempo e amor ao seu pet durante toda a vida dele", ressalta a profissional de 36 anos.
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Mesmo que à primeira vista possa parecer um investimento grande, essa relação entre crianças e pets é apoiada por vários estudos científicos, segundo Kathi. "Cuidar de um animal de estimação pode ajudar as crianças a desenvolverem empatia e compaixão, pois elas aprendem a reconhecer as necessidades e os sentimentos do animal", explica.
Com uma boa convivência, a criança cria um laço afetivo que ajuda no lado emocional , reduzindo seu estresse e promovendo o seu bem-estar. Além disso, ajuda os pequenos a se integrarem nas tarefas diárias da casa, tornando o dia a dia mais agradável e prazeroso. Aprendizagem dos cuidados com alimentação e limpeza dos pets são alguns exemplos de benefícios que a criação conjunta pode trazer para a garotada. "A criança precisa aprender a reconhecer e a responder às necessidades do animal de estimação, seja fornecendo água fresca, levando-o para fazer suas necessidades, seja oferecendo carinho e atenção", detalha a psicóloga Alessandra Araújo.
Ela conta que até na área educacional o pet ajuda. O bichinho traz, por exemplo, ensinamentos sobre biologia, mostrando na prática o comportamento animal. A relação também mostra que o animal precisa ser respeitado, ajudando no desenvolvimento social da criança, que leva essa convivência como exemplo para as outras interações, seja com amigos, seja com familiares. "Elas (crianças) devem entender que o animal não é um brinquedo e tem suas próprias necessidades e limitações", pontua a psicóloga.
O envolvimento desse convívio também ajuda na questão física, tanto da criança quanto do pet. "Ter um cão, por exemplo, incentiva a atividade, já que a criança pode passear com ele e brincar ao ar livre. Isso promove um estilo de vida mais saudável", explica a Alessandra. Ela também lembra que a exposição precoce da garotada ao animal de estimação pode fortalecer o sistema imunológico. Feita com cuidados e levando em conta fatores genéticos e individuais, essa interação gera crianças menos propensas a desenvolver alergias e doenças respiratórias.
Porém, toda essa relação deve ser supervisionada e feita com cuidados à higiene e à saúde, tanto do pet quanto da criança. Vacinação, acompanhamento veterinário e consultas ao pediatra devem estar em dia. "Isso pode proporcionar um ambiente saudável e carinhoso para o pet e promover o desenvolvimento da criança", conclui Alessandra.
Vivendo com pets
A artesã Elis Martins é uma das tutoras que integra a criação dos seus filhos com as dos seus dois cachorros. A tutora de Balu e Raya, cães de porte grande, conta que a relação dos filhos com os bichinhos veio de forma natural e que o convívio é bastante amoroso.
O filho mais velho da artesã, Salvador Leandro, 5 anos, vive com Balu desde um aninho de idade e, desde o primeiro encontro, há uma ligação muito forte. "Sempre teve uma convivência, uma adaptação muito tranquila com a gente", fala orgulhosa.
Esse contato, feito com todo cuidado, é de muita reciprocidade e carinho. A filha mais nova de Elis, Cristina, 2 anos, também já se integrou nessa relação e hoje brinca feliz com os bichinhos. "É muito bom ver a alegria dos dois por terem animais, por poderem abraçar e brincar com os cachorros", explica Elis.
A questão da afetividade é muito destacada pela tutora, que diz observar que esse lado foi aflorado nas crianças por essa relação. Além disso, a questão da responsabilidade é apontada pela mãe, que relata uma preocupação dos filhos pelos pets, com alimentação, segurança e bem-estar do bichinho no geral.
E para Balu e Raya essa relação não podia ser melhor. Sempre cercados de carinho, aproveitam a disposição dos pequenos para brincarem e se entreterem. As crianças também se beneficiam dessa animação usual dos pets para se movimentarem, o que ajuda a saúde física deles, que nunca estão parados. "Salvador e Cristina se desenvolveram bastante em relação à saúde. Hoje, a gente vê que tem muita criança em frente à televisão e, com os cachorros, querendo ou não, eles têm que brincar, têm que correr", destaca Elis.
A adaptação desde muitos novos dos filhos de Elis com os cachorros ajudou em uma melhora no convívio geral da família. Salvador e Cristina já entendem os limites dos animais e aproveitam as inúmeras possibilidades de interações, desenvolvendo habilidades sociais e afetivas.