Diferente de como são personagens de filmes e séries, a psicopatia é um distúrbio psicológico comum na sociedade, que se manifesta por meio de características de personalidade como egocentrismo, ausência de empatia e remorso e comportamento antissocial, que envolve dificuldade em inibir ações prejudiciais a outras pessoas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 pessoas apresenta a psicopatia. O psiquiatra e professor de medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Benevides, fala sobre as características do transtorno.




Como uma pessoa se torna um psicopata?


LB: A etiologia da psicopatia não é completamente compreendida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores biológicos, genéticos e ambientais. Alguns estudos sugerem que existem anormalidades cerebrais associadas à psicopatia. Além disso, experiências traumáticas durante a infância e outros fatores ambientais podem contribuir para o desenvolvimento deste transtorno.

Quais são os sinais que um psicopata demonstra?

LB: Os psicopatas muitas vezes são charmosos e manipuladores, mas também podem demonstrar falta de remorso, culpa, incapacidade de empatia, mentira patológica, impulsividade e irresponsabilidade. Além disso, eles podem ter uma percepção grandiosa de si mesmos e necessidade de estímulo constante. No entanto, diferente do que é difundido pelas peças de ficção, a maioria das pessoas que apresenta comportamento psicopático demonstra ter algum grau de comprometimento cognitivo.

Quais são os tipos de psicopatias? E quais as principais diferenças entre eles?

LB: Existem debates sobre como classificar a psicopatia, mas uma abordagem comum divide os psicopatas em dois tipos principais: não-grupalizados e grupalizados. Os não-grupalizados ou psicopatas verdadeiros parecem ter uma predisposição biológica ou genética para o comportamento psicopático e não conseguem estabelecer relação de confiança com comparsas.



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Qual é a diferença entre os psicopatas e os sociopatas?

LB: Enquanto os sociopatas conseguem estabelecer vínculos do tipo tribal e respeitar o grupo, os psicopatas afrontam as regras estabelecidas pela sociedade, mas respeitam a regras do crime. Os sociopatas tendem a ser mais impulsivos e voláteis, podendo formar laços emocionais, embora sejam muitas vezes frágeis. Já os psicopatas geralmente são vistos como mais calculistas, manipuladores e com uma falta de emoção mais acentuada.

A psicopatia é considerada uma doença ou um transtorno? E por quê?

LB:
A psicopatia é considerada um transtorno de personalidade, especificamente um subtipo do Transtorno da Personalidade Antissocial. Não é classificada como uma doença no sentido tradicional porque é uma condição crônica e estável ao longo do tempo. É considerada um atraso no desenvolvimento emocional, assim como o retardo mental é um atraso no desenvolvimento cognitivo.

Considerar um criminoso como psicopata pode influenciar na pena dele?

LB: Sim, em alguns sistemas jurídicos, se um criminoso é diagnosticado com o transtorno de personalidade antissocial, isso pode influenciar na avaliação da sua responsabilidade criminal ou na determinação da sentença, geralmente sob a justificativa de que ele apresenta um risco maior de reincidência.



Existe cura para a psicopatia?

LB: Até o momento, não há uma "cura" para a transtorno de personalidade antissocial. O tratamento é desafiador, pois muitas vezes eles não reconhecem que têm um problema ou não sentem necessidade de mudança. No entanto, em alguns casos, terapias e intervenções podem ajudar a gerenciar comportamentos, principalmente dos sociopatas.

Os psicopatas têm alguma tendência a cometer crimes?

LB: Nem todos as pessoas com transtorno de personalidade antissocial são criminosos, embora exista uma forte correlação com comportamento criminal. Devido à sua impulsividade, falta de remorso e outras características, eles têm maior probabilidade de envolvimento em atividades criminosas. No entanto, muitos criminosos não são psicopatas e muitos psicopatas não são criminosos.

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