Na última sexta-feira (13/10), a fotógrafa Roberta Correa, de 44 anos, morreu depois de dar entrada em uma clínica particular, em Cosmópolis (SP), para fazer o procedimento estético endolaser - técnica que usa laser para remover gordura localizada e diminuir a flacidez.
O presidente da Associação Brasileira de Médicos Com Expertise em Pós-Graduação (Abramepo) e professor titular da Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Costa Teixeira, aponta que o caso reforça a necessidade de criar uma legislação que defina quais profissionais têm a capacitação e habilitação necessárias para realizar procedimentos estéticos e outros atos médicos com segurança. A medida se faz necessária visto que o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo e apresenta um crescimento de 390% na busca por procedimentos estéticos.
Médicos, biomédicos, farmacêuticos e profissionais de estética são habilitados, por seus respectivos conselhos, a realizar o endolaser - considerada minimamente invasiva, mas que requer uma anestesia local.
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No entendimento do presidente da Abramepo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) peca por não reconhecer, até hoje, a medicina estética como especialidade médica
(foto: Arquivo Pessoal)SEDAÇÃO
Roberta teria sentido um mal-estar logo após a aplicação da anestesia, mas parentes dizem que o procedimento continuou até ela sofrer uma convulsão. Ela foi levada para a Santa Casa da cidade, onde teve a morte confirmada.
O professor informa que, segundo a orientação atual, não é necessário um anestesiologista para aplicar uma anestesia local. “Se houver necessidade de sedação a partir do nível dois, aí sim seria necessário um especialista. Até algum tempo atrás, toda a clínica de estética tinha que ter um médico responsável, mas essa exigência foi derrubada. Então, esteticistas, dentistas, biomédicos e enfermeiros estão habilitados por seus conselhos a aplicar anestesias locais”, afirma.
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Teixeira complementa dizendo que toda e qualquer anestesia pode provocar reações e complicações sérias que podem levar à morte. “O que pode fazer diferença no caso de uma reação, é uma resposta rápida de um profissional devidamente habilitado. Por isso é importante regulamentar esses atos em lei e fiscalizar o cumprimento da legislação.”
MEDICINA ESTÉTICA
No entendimento do presidente da Abramepo, o Conselho Federal de Medicina (CFM) peca por não reconhecer, até hoje, a medicina estética como especialidade médica. “Formalmente, a medicina continua renegando a estética. O posicionamento do CFM é o de que a estética está incluída na dermatologia e na cirurgia plástica, mas médicos não podem anunciar seus cursos de pós-graduação lato sensu em medicina estética, enquanto outras profissões têm suas pós-graduações reconhecidas como especialidade.”