Minas Gerais registrou um aumento de mais 200 mil novos casos de obesidade nos últimos anos. Em 2022, eram consideradas obesas no estado 728.598 pessoas, com prevalência em 30,05% da população mineira, o que equivale a três a cada 10 adultos. No ano anterior, em 2021, eram 599.024 — alta de 21% — e, em 2020, 520.536. Os dados são do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde.
“O acúmulo de gordura acima de níveis considerados saudáveis é fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, consideradas a principal causa de morte no mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre elas hipertensão, diabetes, enfermidades articulares e alterações hormonais. Isso sem falar que o índice de câncer em pacientes obesos é maior em relação aos que não enfrentam o excesso de peso. Os cânceres de mama, pâncreas e fígado estão diretamente relacionados ao problema”, explica.
Ainda de acordo com o especialista, uma pessoa é considerada ou não obesa através do cálculo de seu Índice de Massa Corpórea (IMC). Embora seja uma ferramenta muito comum e parâmetro usado pela OMS, o método não é a forma mais precisa de se chegar ao diagnóstico, já que não leva em consideração a composição corporal. Por isso, no caso de atletas (que têm maior quantidade de massa muscular), é aconselhado usar outras técnicas, como a bioimpedância, para uma avaliação mais eficaz.
“Para quem deseja fazer o cálculo [do IMC], basta dividir o peso em kg pela altura elevada ao quadrado (multiplicada por ela mesma). A obesidade grau I é diagnosticada quando o IMC fica entre 30 e 34,9kg/m². De 35 a 39,9 o quadro já é de obesidade grau II. Resultados iguais ou acima de 40kg/m², são tratados como obesidade grau III, também conhecida como obesidade mórbida”.
Paiva ressalta que o problema é multifatorial, o que inclui desde causas genéticas, como pacientes filhos de pais obesos, hábitos alimentares/ de vida ruins, a causas psíquicas, como desequilíbrio emocional e estresse. “Hoje, o problema é mais presente nas mulheres, principalmente por questões hormonais”, completa acrescentando que cerca de 60 a 70% dos pacientes são do sexo feminino.
Dyker também afirma que não há tratamento específico tampouco com prazo determinado, muito pelo contrário: trata-se de uma doença que demandará controle por toda a vida. Ele destaca ainda que por ser multifatorial, o acompanhamento é multidisciplinar. “Não há como o paciente ser acompanhado apenas por um clínico geral, por exemplo. Às vezes ele pode precisar do suporte de um psicólogo, do nutricionista, do cardiologista. Há casos mais severos, de obesidade grau III, onde é necessária, inclusive, a intervenção do cirurgião, quando todos os outros métodos já foram demandados”.
Quando buscar ajuda médica
O cirurgião bariátrico enfatiza que quanto mais cedo o paciente com sobrepeso buscar ajuda médica, melhores serão os efeitos positivos para a sua qualidade de vida. “O cenário ideal, porém, seria se tivéssemos um sistema público de saúde que oferecesse a possibilidade de controlarmos nossos níveis de gordura desde a infância. Assim seria possível identificar as crianças que estão acima do peso e tentar um tratamento junto à família, promovendo a mudança de hábitos”, pontua.
O profissional alerta também sobre a importância de não negligenciar o problema, principalmente na juventude. De acordo com o médico, quem ignora e só se atenta à questão quando envelhece, acaba chegando ao consultório com várias enfermidades atreladas ao excesso de peso, que só pioram o prognóstico. "Negligenciar, não aceitar [a obesidade] e tampouco ignorar que ela é uma doença não é o caminho. Estamos diante de um assunto grave, que infelizmente é a base para tantos outros males que afetam nossa saúde”, afirma o médico.
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