O conhecimento feito em Minas Gerais foi estrela na segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde, que aconteceu na noite desta quarta-feira (18/10), no Tokio Marine Hall, em São Paulo, reconhecendo os projetos mais inovadores escolhidos por médicos da América Latina ao longo de 2023. O principal momento da noite foi o anúncio da Iniciativa Destaque do Prêmio, o projeto Calixcoca - Vacina terapêutica para o tratamento da dependência em cocaína e crack, de autoria do médico Frederico Duarte Garcia, pesquisador responsável pelo desenvolvimento da vacina anticocaína e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).



Em maio, inclusive, o Estado de Minas divulgou a realização da pesquisa, em andamento desde 2015. Já foram feitos testes pré-clínicos em ratos, nos quais foi observada a produção de anticorpos anticocaína no organismo dos animais. Os cientistas, em busca de recursos para dar início aos estudos em humanos, com o prêmio agora são agraciados com € 500.000 (quinhentos mil euros). Aos demais 11 projetos vencedores foram distribuídos prêmios de € 50.000 (cinquenta mil euros).

No trabalho vencedor, os testes em ratos mostraram que os anticorpos produzidos pela Calixcoca impedem, por meio de uma molécula sintética, que a cocaína atravesse a barreira hematoencefálica dos pacientes, evitando assim que a substância atinja o sistema nervoso central e o cérebro. Frederico Garcia acredita que, em humanos, esse efeito possa impedir a percepção dos efeitos da droga e, consequentemente, a compulsão pelo seu consumo, assim como de derivados, como o crack.

A vacina também demonstrou eficácia na proteção de gestantes, reduzindo abortos espontâneos e possibilitando o ganho de peso dos fetos, além de protegê-los da dependência adquirida pela mãe. Frederico Garcia explica que os filhotes apresentavam anticorpos anticocaína no sangue, transmitidos pela placenta e pelo leite materno. "Eles não demonstraram sinais de abstinência e eram menos sensíveis à cocaína em comparação aos filhotes de animais não vacinados."



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Para a diretora comercial da Eurofarma, farmacêutica que promove o prêmio, Roberta Junqueira, essa foi uma noite especial. "Pudemos de fato celebrar a inovação médica no Brasil e, pela primeira vez, também nos demais 16 países da América Latina onde a Eurofarma está presente. Ficamos muito felizes de poder estar perto de uma comunidade científica tão engajada e em trazer para a sociedade inovações que realmente podem mudar a vida das pessoas", declarou.

Ao todo, 11 projetos do Brasil, de quatro estados diferentes, foram os ganhadores, além de um inédito reconhecimento para uma iniciativa uruguaia

(foto: Eurofarma/Divulgação)

Ao todo, 11 projetos do Brasil, de quatro estados diferentes, foram os ganhadores, além de um inédito reconhecimento para uma iniciativa uruguaia. Todos foram escolhidos via voto aberto por médicos da América Latina. O objetivo é reconhecer e incentivar a busca por soluções em produtos, serviços e ações inovadoras que melhoram a qualidade de vida e o bem-estar dos brasileiros e demais cidadãos latino-americanos.

Os autores dos demais projetos mais bem posicionados de outros países, que não foram vencedores, também prestigiaram o evento, como forma de incentivo à participação da América Latina, uma vez que foi a primeira edição contando com outros países além do Brasil.





 

TRÊS PERGUNTAS PARA:

 

Roberta Junqueira, diretora comercial da Eurofarma

 

1. Como surgiu a ideia de criar o prêmio?

 

A inovação faz parte do DNA da Eurofarma e nosso objetivo reside sempre em ações que expandam esse nosso pilar, tão importante para transformar a vida das pessoas por meio de produtos, ferramentas e modelos de negócio que sejam realmente inovadores. Por isso nos propusemos, ainda em 2020, a trazer um pouco do nosso incentivo para reconhecer também iniciativas vindas da comunidade médica, que, às vezes, não consegue escalar o negócio por falta de visibilidade. Queremos justamente estimular o desenvolvimento, apoiar a comunidade científica em projetos promissores que possam tornar a saúde cada vez mais acessível para que as pessoas possam viver mais e melhor.

 

 

2. Quantos inscritos vocês tiveram nessa edição?

 

Nesta edição tivemos 868 projetos inscritos do Brasil e de 16 outros países latino-americanos. Após avaliação de um comitê médico independente, foram escolhidos os 60 projetos finalistas, sendo 42 brasileiros e 18 hispano-americanos (Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Paraguai e Uruguai). 

No Brasil, 11 estados tiveram finalistas: Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

 

Considerando os vencedores, eleitos pela comunidade médica, foram 11 projetos brasileiros de São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Norte, além de um inédito ganhador do Uruguai.





 

 

3. Quando será a próxima edição? Algum tema específico?

 

Nosso objetivo é que o Prêmio Euro seja perene, ou seja, que possamos seguir incentivando médicos e médicas da América Latina a desenvolverem projetos inovadores que possam mudar a vida das pessoas. Nossa primeira edição em 2020 foi um sucesso e, para a segunda, já trouxemos a grande novidade de incluir a América Latina, seguindo nosso movimento de internacionalização.

 

O plano é que a próxima edição aconteça em um prazo de dois anos, como foi entre a primeira e a segunda. Ainda não temos desenhada toda a dinâmica, mas estamos certos de que queremos chegar ainda mais longe, impactando mais médicos e dando visibilidade a projetos inovadores em diferentes áreas de atuação. Assim que tivermos tudo definido, comunicaremos a todos os públicos. 

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