Apesar de ser muito comum em pessoas com idade acima de 50 anos, a catarata não é uma doença que acomete apenas os adultos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a cada 3 mil crianças nascidas vivas, uma apresenta a doença. Para ter uma ideia, no Brasil, estima-se que cerca de 10 milhões de crianças tenham essa doença, conhecida como catarata infantil congênita.
De acordo com o oftalmologista Thiago Pacini, essa condição pode interferir no desenvolvimento visual da criança. “Ao nascer, o bebê não tem a visão desenvolvida como a de um adulto e isso pode causar danos futuros caso não seja identificada e tratada imediatamente”, enfatiza o médico, que tem mais de 15 anos de experiência no tratamento da doença. “Isso pode ocorrer em qualquer época da vida e, quando acontece na infância, é denominada catarata infantil.
Caso ela esteja presente desde o nascimento, chamamos de catarata congênita”, complementa.
O especialista explica que a catarata ocorre quando o cristalino perde sua transparência. Esse cristalino é como se fosse uma lente transparente localizada dentro do olho, responsável por dar foco às imagens.
Segundo Pacini, os fatores responsáveis são herança genética, infecção, problemas metabólicos, inflamações e até reações a medicamentos são alguns dos motivos que podem levar o recém-nascido a ter a patologia. “Existe a possibilidade de mãe desenvolver infecções como sarampo ou rubéola, por exemplo, durante a gravidez, e isso influenciar na catarata do bebê”, informa.
O diagnóstico é feito por meio de teste do reflexo vermelho por um oftalmologista. Quando há uma alteração no reflexo vermelho, há suspeita de catarata infantil. Porém, nem sempre há a necessidade de tratamento. No entanto, em alguns casos, quando atrapalha a visão, é necessária a cirurgia que consiste em retirar o cristalino opaco e substituir por outro.
De acordo com a idade e do caso, pode ser inserida uma lente intraocular na primeira cirurgia. Depois, são prescritos óculos para correção de grau elevado pela falta de cristalino.
Detecção precoce
Thiago Pacini recomenda exames anuais a partir dos sete anos. A detecção precoce é fundamental, pois a catarata infantil, se não tratada, pode levar à ambliopia (olho preguiçoso) e comprometer permanentemente a visão. Programas de triagem em escolas e unidades de saúde são essenciais para identificar casos precoces, permitindo uma intervenção rápida e adequada.
Apesar dos desafios, avanços médicos têm proporcionado tratamentos eficazes para a catarata infantil. Cirurgias pediátricas especializadas, muitas vezes realizadas com técnicas minimamente invasivas, oferecem uma perspectiva positiva para crianças diagnosticadas com essa condição.