Se tem uma coisa que brasileiro conhece muito bem é a dor de cabeça. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, o país tem mais de 140 milhões de brasileiros sofrendo com as mais diversas dores de cabeça. Se levar em conta os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, isso significa mais de 50% da população brasileira.
A grande questão é que, na maioria das vezes, as dores de cabeça parecem não ter uma causa certa e podem estar conectadas a muitos fatores, inclusive os emocionais, de acordo com a biodecodificação. Encontrar soluções que sejam parcerias dos tratamentos convencionais pode ajudar a eliminar as dores.
A biodecodificação é uma técnica descoberta pelo francês Christian Flèche, que investiga a função do órgão doente para encontrar o sentido ou código biológico de uma dor. O objetivo é encontrar o que os biodecodificadores chamam de ressentir, uma “pista” que pode levar em direção ao evento dramático que seria a causa daquela dor ou doença .
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Gavado no inconsciente: ressentir a dor
A biopsicoterapeuta Celia Fadul explica: “Tudo que vivemos é sentido, certo? Porém, quando algo transcende nossa compreensão e nos causa dor, muitas vezes fica gravado, mesmo que de forma inconsciente, em nossas células, causando o que chamamos de ressentir, ou seja, estamos sempre revivendo aquela situação em diferentes ocasiões da vida, ressentindo a mesma dor, mesmo que de maneira diferente”.
Descobrir o evento que causou o ressentir permite ganhar consciência e tratar a dor ou a doença para além do corpo e do sintoma. “Vamos direto na causa, o que elimina novas situações de ressentir a partir dali”, enfatiza Celia.
No caso das dores de cabeça, o código pode ser mais simples do que imaginamos: “Para que serve o cérebro? Pensar, encontrar soluções, controlar, tomar decisões. Durante a vida fazemos tudo isso constantemente. E está tudo bem”, lembra Celia, que continua: “mas, para algumas pessoas, não poder controlar ou não encontrar solução para algo com sua cabeça, com sua mente, é inaceitável e até mesmo insuportável”.
Ela dá o exemplo de uma paciente que sofria com enxaquecas horríveis: “Durante o tratamento, descobrimos que, quando ela tinha 6 anos, presenciou o pai sofrer um ato de extrema violência dentro da própria casa, com assaltantes. Na ocasião, ela se sentiu incapaz de poder defender seu pai, de encontrar uma solução e esse foi o estopim para o ressentir”.
Celia complementa: “Constantemente, ela repensava o que poderia ter feito para impedir o sofrimento do pai e isso ficou gravado em seu corpo, em seu inconsciente. A partir dali a sensação inconsciente era de ela tinha que encontrar solução para tudo e para todos. Esse ato de pensar, repensar, buscar uma solução para tudo, mesmo quando não existia, era o causador das dores de cabeça”.
Mudança de comportamento
Entender essa situação permitiu à paciente tomar atitudes diferentes em relação à vida, rumo a uma mudança de comportamento (desapegar das soluções) e a uma ressignificação do ocorrido (rejeitar o sentimento de culpa e a posterior impotência diante do fato), acabando com suas enxaquecas.
A terapeuta lembra: “É inegável a importância do autoconhecimento e do acompanhamento terapêutico quando temos uma dor ou doença, especialmente quando já tentamos de tudo e nada parece efetivamente surtir efeito. A terapia não substitui o tratamento médico, ela atua como uma coadjuvante que corta o mal pela raiz, impedindo que ele volte".
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