Testes rápidos para detectar sífilis, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), fica pronto em no máximo 30 minutos

Testes rápidos para detectar sífilis, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), fica pronto em no máximo 30 minutos

Fábio Marchetto / SES-MG

A sífilis é considerada um grave problema de saúde pública em Minas Gerais e em todo o país. A infecção sexualmente transmissível (IST), causada pela bactéria Treponema pallidum, pode ser silenciosa ou se manifestar com sintomas discretos, por isso, a importância de alertar a população quanto ao uso do preservativo como melhor forma de prevenção contra o agravo.

O teste rápido é oferecido de forma gratuita em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do estado e o resultado fica pronto em, no máximo, 30 minutos. A procura tardia por tratamento pode causar complicações graves e, em gestantes, há o risco da contaminação vertical, da mãe para o bebê, a chamada sífilis congênita.


A referência técnica de sífilis da Coordenação Estadual de IST/Aids e Hepatites Virais da SES-MG, Talane Alcântara, detalha como é feito o trabalho de modo a estimular a população a se proteger contra o agravo.

 


“Nós desenvolvemos algumas ações, orientadas pelo Ministério da Saúde, como a descentralização da testagem rápida para atenção primária, como forma de facilitar e agilizar o diagnóstico, disponibilizamos o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) e encaminhamos os insumos de prevenção, como os preservativos masculino e feminino, para todas as redes de atenção”, diz.

As 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) do estado são orientadas pela SES-MG a desenvolver ações de prevenção e sensibilização da população, junto aos municípios de sua jurisdição, durante todo o ano.

“Desenvolvemos o Plano de Enfrentamento à Sífilis, em que as ações são realizadas durante todo o ano pelos municípios. Essas ações são monitoradas a cada quadrimestre, tanto a nível estadual quanto regional e municipal, para que a gente consiga, por meio de dados epidemiológicos, verificar possíveis mudanças no perfil da doença”, explica Talane Alcântara.

 

A sífilis adquirida é transmitida de uma pessoa para a outra durante o ato sexual (anal, vaginal ou oral) sem preservativo, ou por transfusão de sangue. Na sífilis congênita, a mãe infectada transmite a doença para a criança durante a gestação ou no parto. Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior.

Aumento dos casos

De acordo com o levantamento feito pela SES-MG, nos últimos dois anos houve aumento no número de novos casos de sífilis no estado. Em 2022, por exemplo, a incidência da sífilis adquirida foi de 99,6 casos por 100 mil mineiros.

No caso da sífilis em gestantes, a incidência foi de 27,3 casos por mil nascidos vivos. Na sífilis congênita, são 9,5 casos por mil nascidos vivos. Segundo informações do Ministério da Saúde, entre janeiro e junho de 2022, o Brasil registrou mais de 122 mil novos casos da doença.  

Em Minas Gerais, em 2023, foram notificados, de janeiro a setembro, 17.168 casos de sífilis adquirida, 4.328 de sífilis em gestante e 1.545 de sífilis congênita. Em 2022, foram 21.413 de sífilis adquirida, 6.413 de sífilis em gestante e 2.233 de sífilis congênita, números acima dos observados em 2021, respectivamente, 16.192, 5.648 e 2.143.

Talane Alcântara ressalta que o aumento no número de casos pode ser explicado tanto pela ampliação de acesso ao teste rápido, quanto à redução do uso de preservativos pela população.

“A sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis podem ser prevenidas por meio do preservativo, mas é importante lembrar que o agravo também pode ser transmitido de forma vertical, da gestante para a criança. O diagnóstico é feito de forma simples e gratuita e o usuário deve buscar o resultado, sendo sintomático ou não. Caso sejam observados sintomas, o tratamento é oferecido na própria unidade de saúde”, pontua.

Sintomas


A sífilis é classificada em fases, que vão orientar o profissional em relação a conduta que deve ser adotada.

Sífilis latente: período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma. O diagnóstico faz-se exclusivamente pela reatividade dos testes de diagnóstico. A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio.

Fase primária: período de incubação de 10 a 90 dias. Ocorre o aparecimento de uma lesão única, na vulva, ânus, pênis ou mucosa oral, sendo denominada "cancro duro". É indolor, não provoca coceira e desaparece de forma espontânea, independente de tratamento. Pode não ser notada ou não ser valorizada pelo paciente.

Fase secundária: seis semanas até seis meses após a cicatrização do cancro. Nessa fase, são comuns as placas ou lesões acinzentadas e pouco visíveis nas mucosas. Habitualmente, acometem a região plantar e palmar, com um colarinho de escamação característico, em geral não provoca coceira. A sintomatologia desaparece em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.

Sífilis terciária: entre um e quarenta anos após o início da infecção. A inflamação causada pela sífilis nesse estágio provoca destruição do tecido, sendo comum o acometimento dos sistemas nervoso e cardiovascular. As lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até a morte.

Diagnóstico e tratamento


Qualquer cidadão que observar os sintomas pode procurar uma UBS e realizar o teste rápido, oferecido pelo SUS. Esse teste é realizado pelo profissional de saúde, que tira apenas uma gota de sangue da ponta do dedo do paciente para análise do material. Caso o usuário não apresente sintomas, é realizado um segundo teste, para confirmação do diagnóstico. Se gestante, um teste positivo é suficiente para início do tratamento.

O SUS disponibiliza a benzilpenicilina benzatina como tratamento de escolha, sendo o mais eficaz para a infecção, sobretudo para as gestantes. Para a população não gestante, há outros medicamentos que podem ser usados para esse tratamento, de acordo com a avaliação médica. (com informações da SES/MG)