Jornal Estado de Minas

Sérgio Sette Câmara: dos circuitos de kart para a Fórmula 1

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis




O mineiro Sérgio Sette Câmara foi contratado pela McLaren como piloto de testes da equipe inglesa na Fórmula 1. Uma conquista maravilhosa de um jovem obstinado, determinado, vencedor. Trocou os amigos, colegas, sua juventude pelo sonho de ser piloto da categoria mais importante do automobilismo mundial e está pertinho de realizar este sonho. Praticamente o vi nascer. Um garoto educado, muito bem formado, que estudou na Escola Americana de BH, sabedor de que deveria ter domínio do inglês se quisesse ter sucesso nas pistas do mundo. O começo foi no kart, em Betim, sob sol ou chuva. Ele sempre foi arrojado, sem medo de acelerar. Isso lhe custou um acidente, que deixou os pais muito preocupados.

Mas Deus sempre esteve no comando e o susto só deu mais forças ao garoto para seguir seu caminho. Depois de provas e mais provas no kart, quilômetros e mais quilômetros percorridos, chegou à Fórmula 2, onde começou a conquistar pontos, posições, ganhar corridas. Isso logo despertou o interesse dos donos do circo da F-1.
Em 2013, estive em Mônaco, convidado pelo amigo-irmão Galvão Bueno. Lá, conheci Nicolas Todt, filho do todo-poderoso Jean Todt, que comandou a Ferrari. Bati um papo com ele, pois Serginho já estava na sua equipe. Naquela oportunidade, Nicolas me dizia que Serginho tinha um potencial incrível e que não tardaria a chegar à F-1. Hoje, aos 20 anos, realiza o primeiro sonho, o de ser piloto de testes, de ajudar nos projetos da equipe, de estar integrado ao circo da F-1.
Não tenho dúvidas de que em breve estará guiando em Mônaco, Monza, Abu-Dahbi, Cingapura e outras pistas do circuito mundial, como piloto número 1 ou 2 da equipe inglesa. A porta não está aberta e, sim, escancarada para que Serginho se torne aquilo que sempre tivemos certeza de que se tornaria: um piloto de ponta da Fórmula 1. Claro que o caminho ainda é árduo e difícil, mas sua determinação e perseverança não deixam dúvidas de que vai atingir o objetivo.
O começo não foi fácil. Brinco com seu pai, Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético e advogado dos mais conceituados do país, sua mãe, Cintia, minha madrinha de casamento, e sua irmã, Helena, que trabalha na ONU, e também é uma menina muito bem preparada, que o começo foi com o “paitrocínio”, pois quem bancava o jovem no kart era a família. Depois que ele começou a mostrar talento, os patrocinadores vieram aos poucos e hoje, na F-2, ele consegue se manter. Uma conquista e tanto, que serve de exemplo para os jovens. Ter determinação, vontade e perseverança transformam o sonho em realidade. Serginho jamais deixou de sonhar, jamais pensou em desistir e hoje vê a recompensa de todo o seu esforço e trabalho.
Chegar à F-1 é para poucos e um caminho muito árduo e difícil. Serginho é mineiro e transforma-se na nossa maior esperança de termos alegrias aos domingos pela manhã. Foi assim com Emerson Fittipaldi, o saudoso José Carlos Pace, com Nelson Piquet e com Ayrton Senna. Não temos de comparar os pilotos e, sim, enaltecê-los pelas conquistas. Rubinho Barrichello e Felipe Massa também fazem parte desse time vencedor que chegou à F-1, com conquistas importantes. Não é fácil vencer um Grande Prêmio. Ali só tem ás do volante. Gente que corre sem medo, que mete o pé no acelerador nas curvas e retas, sem receio de errar.
Espero que aqueles que não deram a ele a devida importância e que duvidaram de sua capacidade reconheçam nele agora um grande piloto e ajudem a divulgar sua imagem. O Brasil está sem piloto na Fórmula 1 e isso é muito ruim para a imagem do esporte e para o nosso país.
Sérgio é a nossa grande esperança de acelerar pelos circuitos do mundo em busca de vitórias, pódios e títulos. Não tenho a menor dúvida de que vai brigar na ponta entre os melhores e, quem sabe, fazer uma história tão vencedora quanto a de Fangio, Schumacher, Hamilton e tantos outros que passaram ou estão na categoria. Sérgio Sette Câmara é uma realidade na F-1, um piloto pronto para aprender mais, se dedicar mais e chegar aos circuitos muito bem preparado. Estudioso que é, não vai perder um segundo de aprendizado, para quando for escolhido piloto número 1 ou número 2 de uma equipe estar preparado para vencer, para honrar o nome do Brasil. Fico muito feliz por vê-lo nessa condição. Uma criança que tinha um sonho, numa cidade que nem pista de automobilismo tem, e que hoje transforma esse sonho em realidade. “Os sonhos não envelhecem”, já diz a música do grande Lô Borges. Obrigado, Serginho. Você é um orgulho para todos nós. Acelera, meu garoto! As pistas do mundo estão à sua espera.
O Brasil precisa de você no lugar mais alto do pódio.

 

.