St. Albans – Ontem foi um dia especial para mim. Além de fazer uma entrevista exclusiva com o tenista mineiro Bruno Soares, que disputa torneio em Londres, fui ao CT do Watford, onde entrevistei, também com exclusividade para o Blog do Jaeci Carvalho, no Superersportes, o goleiro campeão da Tríplice Coroa, pelo Cruzeiro, Gomes. Radicado na Europa há 15 anos, ele, sua mulher, Flávia, e os filhos, Louis e Flávio, são cidadãos ingleses. Gomes atuou quatro anos no PSV, da Holanda, onde é ídolo máximo. Ficou um ano no Hoffenheim, da Alemanha, e está há 10 no futebol inglês. Defendeu o Tottenham por muito tempo, mas há quatro anos abraçou o projeto do Watford, que estava na Segunda Divisão, subiu com o clube e hoje é ídolo da torcida e amado pelo italiano Gino Pozzo, dono também da Udinese, da Itália. O astro da música pop Sir Elton John já foi dono do clube. Tive a honra de almoçar com Gomes e os jogadores antes da entrevista. Fui muito bem recebido por todos e depois partimos para dentro do campo, onde fizemos a entrevista. Não é comum aqui na Europa fazer esse tipo de entrevista nem tampouco almoçar com os jogadores, mas Gomes foi autorizado pelo clube.
Gravamos durante 22 minutos e Gomes contou sua trajetória na Europa, como um dos precursores entre os goleiros que abriram as portas para a nova geração. Claro que um dos temas foi o fato de o melhor goleiro do Brasil há pelo menos 12 anos, Fábio, não ter uma chance na Seleção Brasileira. Gomes também não entende isso, mas disse que se fosse ele o técnico do time canarinho, Fábio teria sido titular numa das três últimas Copas. “É estranho isso acontecer, mas Fábio sabe que Deus é quem está no comando. Se não aconteceu é porque ele está muito bem numa Seleção chamada Cruzeiro.” Gomes tem razão. É inacreditável que os técnicos da Seleção não tenham olhado para ele. Uma das maiores injustiças que já vi no futebol, semelhante ao que fizeram com Dirceu Lopes e Ademir da Guia.
O papo fluiu muito e vocês podem conferir a entrevista completa no Superesportes. Depois, voltamos para a sala de reuniões, quando o dono do clube chamou Gomes para conversa reservada. O assunto: Gomes resolveu pendurar as luvas no fim desta temporada, mas o dono tenta convencê-lo a continuar. Ele me garantiu que não quer mais, que sua hora chegou. Porém, Pozzo disse que “ele pode escolher um cargo no clube”. Gomes vai pensar no assunto. Não quer ser treinador, pois precisa dedicar mais tempo à família. Não vai voltar a morar no Brasil, mas pode mudar-se para outra capital europeia. Onde vive, nos arredores de St. Albans, não há muita coisa para fazer. Sua esposa tem uma loja de bijuterias em Mato Grosso do Sul, que está indo de vento em popa. Gomes tem muitos imóveis em BH e está construindo um prédio para os irmãos em Sete Lagoas. Olha que a família é grande: são 11 irmãos. Por ter uma vida tranquila, trabalha para dar conforto a todos. Uma atitude nobre desse cara simples, adorado por todos. Obrigado, Gomes. Uma pena que você vai parar aos 37 anos. Porém, se o momento é chegado, sorte na nova carreira. Boa sorte, amigo. O futebol agradece por tudo aquilo que você fez e faz por ele.
Dedé
Se Fábio continua esquecido por Tite e cia., Dedé vai se firmando e ganhando chance na Seleção Brasileira. No treino de ontem, esteve ao lado de Marquinhos – Miranda não apareceu no campo – e há possibilidade de que seja essa a zaga titular contra o Uruguai. Pesa contra Dedé o fato de não atuar na Europa, onde joga a dupla de ataque uruguaia Cavani-Suarez. Se não for titular, o motivo será esse. Contra Camarões, porém, é certa sua escalação. Tite não deve perder mais tempo com jogadores fracassados. É hora de renovação, mantendo apenas Neymar, Coutinho e mais alguns jogadores que estiveram no Mundial da Rússia. Chega de Thiago Silva, Daniel Alves, Marcelo, Paulinho, Fernandinho, Renato Augusto e outros menos votados. A hora é de Arthur (Barcelona), Paquetá (Fla), Rodrigo (Santos), Pedro (Fluminense), Paulinho (Bayer Leverkusen), Richarlyson (Everton), Vinícius Júnior (Real Madrid). Se Tite pensa em se firmar ganhando a Copa América, está enganado. Não adianta ganhar uma competição sem apelo e não apresentar futebol de qualidade. O Brasil precisa se reinventar, pois está atrás muitos degraus do futebol europeu, haja vista que nas últimas quatro Copas do Mundo fomos eliminados por seleções daqui, com direito a 7 a 1 numa semifinal de Copa no Brasil.